Cuidados redobrados com automedicação em tempos de pandemia

No caso do coronavírus, há uma profusão de informações com promessas milagrosas de prevenção e cura, o que gera mais riscos

Ri Butov/Pixabay
(foto: Ri Butov/Pixabay)

As incertezas que surgiram com a pandemia e o medo de se deslocarem aos centros de saúde têm feito com que a população busque formas de prevenção de doenças por conta própria, acreditando que assim estarão mais seguras.

No caso do coronavírus, há ainda uma profusão muito grande de informações, incluindo promessas milagrosas de prevenção e cura, o que também pode gerar o aumento da busca por determinadas substâncias. Os dois casos são cenários que oferecem riscos à população, especialmente neste momento tão delicado.

A vitamina C, por exemplo, é um nutriente popularmente conhecido por sua atuação no sistema imunológico e muito utilizada por quem receia gripes e resfriados. De fato, ela é necessária para manter a saúde geral do organismo, entretanto, ela não trata nem previne esses problemas, assim como não é eficaz para prevenir ou tratar a COVID-19.

No caso da vitamina D, também há estudos que avaliam a sua relação com a manutenção da atividade imune adequada no organismo. Ambas são vendidas sem necessidade de prescrição médica. Porém, o uso dessas vitaminas em doses acima das necessidades individuais pode provocar diarreia, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça e até ter consequências mais graves, como o comprometimento dos rins. Por isso toda suplementação deve ser acompanhada por um profissional de saúde, que vai indicar a dose correta para cada pessoa.

Já a dipirona e o paracetamol são alguns dos analgésicos e antitérmicos mais comuns, amplamente utilizados pelos brasileiros para aliviar sintomas como dor no corpo, dor de cabeça e febre. Esses sintomas são comuns na infecção por COVID-19, mas também em diversas outras doenças e mesmo em situações de tensão e ansiedade. Apesar de poderem ser comprados sem receita, não significa que eles devam ser usados livremente. O uso incorreto dessas substâncias pode representar riscos para o fígado e até causar a morte. Por isso, é fundamental conversar com o farmacêutico sobre o uso seguro de medicamentos.

 Não existe nenhum medicamento que seja reconhecido pela ciência até o momento com efeito de prevenir a infecção pelo coronavírus. No que diz respeito à imunidade, é importante entender que, qualquer que seja o estado de saúde da pessoa, ela tem as mesmas chances de contrair a COVID-19 (por isso é tão importante seguir as medidas de isolamento e de higiene, pois essas sim reduzem a probabilidade de contaminação). O que pode mudar é a capacidade de reação do organismo diante da doença. 

De forma geral, recomenda-se que as pessoas mantenham alimentação saudável e balanceada para manter o bom funcionamento do organismo. Para pessoas que estejam com deficiência de determinadas vitaminas e minerais, o médico ou nutricionista pode recomendar a suplementação de nutrientes relacionados à saúde do sistema imunológico de forma personalizada (ou seja, caso a caso). Há estudos que mostram o papel das vitaminas C e D na imunidade, mas é fundamental ressaltar, novamente, que elas não previnem a COVID-19.

O surgimento de qualquer sintoma, relacionado ou não ao coronavírus, deve ser compartilhado com um profissional da saúde. Esse profissional saberá a melhor forma de orientar o indivíduo. Antes de usar qualquer medicamento, é recomendável conversar com o farmacêutico, pois esse profissional está apto a esclarecer dúvidas sobre o uso seguro dessas substâncias. 

Além disso, é importante lembrar que cada pessoa é única e o mesmo medicamento que faz bem para alguém pode representar perigo para outro indivíduo. Por isso, não se deve recomendar nem aceitar medicamentos e outras substâncias de vizinhos, parentes, amigos. Apenas profissionais da saúde podem indicar o melhor uso. Por fim, é fundamental seguir a prescrição à risca (dose, quantidade, horários e duração do tratamento) e reportar qualquer reação inesperada ao profissional que receitou a substância.
 
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