Desde o início do século XXI, houve um grande aumento nas pesquisas sobre os efeitos da artes na saúde e no bem-estar.
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Grande parte desse relatório se concentrou no papel das artes no apoio ao manejo ou tratamento de doenças. Estudos feitos em pacientes de doença mental mostraram melhorias nos sintomas de doença leve a moderada e alguns sugerindo melhorias na doença mental grave quando usados como adjuvantes de outros tratamentos.
Verificou-se que as artes também reduziram marcadores psicológicos e biológicos do estresse e melhoram a resposta imune, inclusive em contextos clínicos, como antes da cirurgia e em terapia intensiva neonatal.
Estudos mostraram benefícios específicos do uso da música em ambientes cirúrgicos levando à redução da frequência cardíaca e pressão arterial no pré-operatório e com possibilidade de maior eficácia do que medicação para ansiedade.
No pós-operatório, a música mostrou também diminuir a ansiedade, dor e uso de analgésicos. Pessoas com distúrbios neurológicos (incluindo distúrbios do espectro autista, paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, distúrbios neurológicos degenerativos e demências) e doenças não transmissíveis (incluindo câncer, doenças respiratórias e condições cardiovasculares) que se envolvem com a arte melhoraram a saúde mental, resiliência, apoio social, comunicação e função física.
O papel das artes na melhoria da experiência do paciente e no apoio emocional nos cuidados e luto paliativos e no final da vida também está bem documentado. Além disso, o envolvimento com as artes pode trazer benefícios preventivos, incluindo o aumento do bem-estar e da saúde mental, reduzindo o impacto do trauma e o risco de declínio cognitivo e da fragilidade na terceira idade.
Estudos têm apontado que a música ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue e hemoglobina glicada durante situações comuns e estressantes em pacientes com diabetes. A hipertensão aumenta o risco de sérios problemas de saúde e vários estudos já mostraram melhora nos níveis de pressão arterial e glicemia através de atividades artísticas como em sessões de musicoterapia reduzindo a pressão arterial e estudos com dança melhorando controle da glicemia e níveis de pressão arterial.
Mostrou-se ainda que atividades de artes criativas foram capazes de ajudar na regulação emocional e na criação de significado em indivíduos com diabetes.
A%u0300 luz dessas descobertas, o relatório da OMS faz várias recomendações, entre as quais:
- promover ativamente a conscientização pública sobre os possíveis benefícios do engajamento artístico para saúde e
- desenvolver intervenções que incentivem o engajamento artístico para apoiar estilos de vida saudáveis.
Certamente, as artes não são capazes de ajudar a resolver todos os problemas e ainda temos um longo caminho a percorrer para demonstrar os benefícios potenciais das artes ao apoiar a saúde individual e coletivo. Mas dada a crescente base de evidências e a necessidade reconhecida de adotar novas abordagens na área da saúde, parece oportuno explorar maneiras de incorporar as artes mais firmemente aos esquemas de prevenção de saúde pública e aos cuidados clínicos.
Pois, como disse Leonardo da Vinci, “A arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível."
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