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O ortopedista Wagner Vieira da Fonseca explica que há três tipos de pisadas: neutra, supinada e pronada. “A pisada neutra é a ideal, na qual não há nenhum desvio excessivo para dentro ou para fora do apoio do pé. Normalmente, o arco (a curva da planta do pé) é de altura dentro de um padrão normal, nem muito elevada e nem muito baixa. Quando olhamos por trás, o calcanhar (osso calcâneo), o eixo do calcâneo e da perna são bem alinhados e o eixo mecânico (linha imaginária de distribuição de peso ou carga que deve passar no centro da cabeça do fêmur, no quadril, no centro do joelho, no centro do tornozelo e se alinha com o segundo dedo – aquele ao lado do hálux ou dedão do pé –, quando visto de frente é correto.”

Wagner salienta que, na pisada pronada, normalmente, o pé é sem curva ou com curva baixa e, frequentemente, o calcâneo ou o calcanhar, quando visto por trás, cai para dentro (valgo do calcâneo). “Nem sempre há o desgaste interno do sapato. Pode até ocorrer o desgaste na parte lateral do calçado pelo hábito de as pessoas baterem o calcanhar na face lateral ao dar o passo na fase que chamamos de choque do calcâneo. O eixo mecânico se desvia para fora. Muitas vezes, os joelhos são valgos (arqueados para dentro).”
Para corrigir, o ideal é, inicialmente, identificar o tipo de pisada. “Existem tênis para corridas que vêm específicos para os tipos de pisadas. Um profissional da área de saúde, como um educador físico, fisioterapeuta ou ortopedista, pode orientar sobre o tipo de pisada. Mas, grosseiramente, avaliando-se o eixo mecânico e as variações da pisada, olhando-se de frente, com apoio, e por trás, pode-se identificar se os joelhos são valgos ou varos, se o quadril está desnivelado, se os calcâneos são para fora (varo) ou para dentro (valgo) e a altura do arco plantar. Baseado nisso, o ideal seria usar alguma palmilha se houver desvios, para prevenir dores nas caminhadas e esportes. Outro item a avaliar é se há encurtamento dos membros inferiores (discrepância no comprimento). Logicamente que alguns milímetros não são de se preocupar. O organismo adapta-se muito bem com pequenos desvios e é muito raro haver simetria exata no corpo humano”, ressalta Wagner.
TORÇÕES
Wagner explica que crianças abaixo de 5 anos normalmente têm pés chatos e os fatores genéticos são os maiores predisponentes para que evoluam com estes. “Muitas vezes, as crianças têm pés sem curvas e valgos até os 5 ou até por volta dos 10 anos. Então, se não há desvios importantes, essa faixa é uma boa idade para se fazer a avaliação. Se há alguma assimetria ou deformidade muito acentuada, pode-se avaliar antes, em qualquer idade. À medida que vão crescendo é que a curva do pé vai se definindo, bem como o eixo mecânico. Não há indicação para utilizar palmilhas em crianças muito novas”, esclarece o especialista.
“À medida que a criança cresce e vai se aproximando dos 10 anos, se tem pés pronados ou bastantes chatos é preciso avaliar se tem boa mobilidade ou se há alguma restrição de movimentos. Se houver restrição, pode ser alguma fusão parcial entre alguns ossos e que é cirúrgica. Frequentemente, essas crianças torcem o tornozelo, pois o pé é mais rígido e causa instabilidade. O pé flexível, se não deformado excessivamente, é passível de ser tratado só com o alinhamento do eixo mecânico. A dificuldade é para as meninas, que, quando crescem, não querem o pé todo desabado e sem curva. Com os meninos não há problema, pois homens só usam calçados fechados”, ressalta Wagner.