Ebola: quais os riscos de transmissão de animais para o homem?

Eutanásia do cão de Madri ocorreu no quadro do "princípio da prevenção"

por AFP - Agence France-Presse 10/10/2014 10:31

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
AFP PHOTO / PEDRO ARMESTRE
Excalibur, cão da enfermeira Teresa Romero, infectada pelo ebola. Autoridades de saúde da Espanha ordenaram que o cachorro fosse sacrificado (foto: AFP PHOTO / PEDRO ARMESTRE )
A eutanásia do cão da auxiliar de enfermagem espanhola infectada com o vírus ebola Teresa Romero levanta questões sobre o papel dos animais de estimação na transmissão da doença, enquanto a propagação do vírus por animais selvagens já é mais bem conhecida.

Os animais de estimação, como cães e gatos, podem transmitir o vírus a humanos?
No estado atual do conhecimento, "não há nenhuma prova científica de que os animais domésticos tenham um papel ativo na transmissão da doença aos humanos", garantiu o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat.

A afirmação foi corroborada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs, em inglês) americanos, que afirmam que nenhum caso de animal de estimação (cão, ou gato) doente foi registrado.

A eutanásia do cão de Madri ocorreu, portanto, no quadro do "princípio da prevenção", segundo a OIE.

Que suspeitas pesam sobre os cães?
Um estudo publicado em 2005 sugeriu um risco teórico de transmissão por cães em contato com o vírus durante uma epidemia no Gabão (2001-2002). Os cães poderiam infectar os humanos pela urina, por material fecal, ou pela saliva. Mas "são apenas hipóteses, já que se trata de um estudo retrospectivo", segundo o principal autor da investigação, Eric Leroy.

Daí uma "abordagem preventiva", que era desejável, segundo o professor Andrew Easton, da Warwick University, na Grã-Bretanha.

Uma oportunidade perdida?
O caso do cão Excalibur era uma oportunidade de estudo "única", declarou à AFP Eric Leroy, diretor-geral do Centro Internacional de Pesquisas Médicas de Franceville, no Gabão, condenando o sacrifício do animal.

"Um acompanhamento virológico, biológico e médico poderia ter sido feito para trazer um grande número de informações importantes", alegou o pesquisador, que há anos reivindica estudos complementares sobre os cães.
REUTERS/ Javier Limon
Excalibur, cachorro da enfermeira Teresa Romero (foto: REUTERS/ Javier Limon )

E os outros animais?
Os veterinários delegados da OIE instalados na África Ocidental mantêm um olhar "vigilante" sobre os animais de estimação nas regiões afetadas pela epidemia. Em relação aos porcos, que compartilham características comuns com os humanos na epidemiologia de Ebola, continua "indeterminado", segundo esse organismo internacional.

Na África, a infecção foi constatada após a manipulação de chimpanzés, gorilas, ou outros símios, doentes ou mortos, assim como a partir de antílopes e porcos-espinhos.

Além disso, a infecção pode se originar de morcegos, vistos como um "reservatório natural" provável do vírus Ebola. A transmissão do animal para um morador que viva perto da floresta constitui o ponto de partida de uma epidemia. Ela se propaga, então, na população, diante da falta de medidas preventivas, por meio de fluidos corporais, como sangue, material fecal e vômito, dos doentes, ou de seus cadáveres.

Mais de 22 milhões de pessoas vivem em regiões na África onde existe risco de transmissão do vírus Ebola do animal para o homem, por intermédio desses animais locais, de acordo com um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford. Nesse trabalho, eles descrevem um novo mapa dos riscos na África, que inclui cerca de 20 países, que devem estar atentos a esse perigo.