Matroginástica busca aliar atividade física e interação lúdica entre pais e filhos

A prática de esportes entre pais e filhos é um momento a mais de interação da família e promove benefícios físicos e sociais

por Revista do CB 13/07/2013 08:00

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Viola Junior/Esp. CB/D.A Press
Amanda tem orgulho de dividir as aulas de jazz com a mãe, Marineis Curione (foto: Viola Junior/Esp. CB/D.A Press)
A prática de esportes entre pais e filhos é um momento a mais de interação da família e promove benefícios físicos e sociais. O conjunto de atividades físicas que visa estreitar esses laços recebe o nome de matroginástica. A bancária Marineis Curione de Castro, 40 anos, é uma entusiasta da ideia e adora “compartilhar” a aula de dança com a filha Amanda, 10. Para a mãezona, o tempo com os filhos é extremamente valioso, já que a profissão a absorve bastante. “A gente passa muito tempo fora de casa trabalhando. Não acho que seria bom ficar mais uma hora longe deles, na academia”, diz.

A solução estava nas sapatilhas. “Eu sempre gostei de dança. A minha filha já participava das aulas na escola. Foi quando, ano passado, surgiu esse espaço para as mães”, lembra. Desde 2012, a bancária participa não apenas das aulas, mas também das exibições eventuais. “No começo, eu perguntei: ‘Filha, você quer que a mamãe participe da apresentação com você?’ Então ela respondeu que não tinha problema algum”, garante.

Quando questionada pela reportagem sobre o assunto, Amanda foi enfática: “Eu gosto muito de ter ela aqui, do meu lado, me motiva mais”. A estudante conta que as amigas dela curtiram a ideia e até insistiram para as próprias mães comparecessem, mas a maioria acaba participando só esporadicamente. Ambas concordam que, mais do que o trabalho com o corpo, o maior benefício da atividade é mesmo de ordem afetiva. A relação das duas saiu fortalecida. “Eu sei que posso contar com a minha mãe. Agora, ela é muito mais minha amiga”, reflete a estudante, que, além da dança, gosta muito de voleibol, esporte que pratica com o pai nos fins de semana.

Coordenadora de eventos desportivos do colégio em que Amanda estuda, Aline Protta afirma que a matroginástica une o útil ao agradável. “É ótimo, realiza uma atividade física e melhora a relação familiar.” Aline conta que o colégio oferece vários eventos, como competições, que contam com o apoio dos pais. Para ela, o apoio familiar e a participação em atividades lúdicas ajudam no progresso das crianças. “É notável o maior esforço da criança quando o pai está assistindo a uma gincana, por exemplo. Eles querem mostrar do que são capazes”, ressalta. E, se os responsáveis embarcam nas práticas, melhor ainda. “Quando os pais entram da gincana, os filhos ajudam muito, dizendo: ‘Não é assim, é desse jeito.’ Eu acho que é bom para todo mundo”, conclui Aline.

Para o professor de educação física Marco Rodrigues Vieira, fazer atividades com o filho Heitor Sanchez, 8 anos, é algo natural. Heitor acompanha Marco durante as aulas numa grande academia da cidade e, quando há um tempo livre, o professor brinca com o filho. “A gente faz atividades que eu sei que são boas para ele, como a imitação de animais, atividades lúdicas que ajudam no desenvolvimento dele”, conta o educador. Além disso, Heitor pratica com outras crianças judô, natação e capoeira, mas é com o pai o momento mais divertido. “Fazemos várias brincadeiras, como pique-pega e pique-esconde. Andamos de skate e praticamos slackline no Parque da Cidade. A gente se diverte e acaba treinando”, reforça Marco.

“A matroginástica elimina o sedentarismo e melhora a relação familiar — coisa que a academia não necessariamente proporciona”, confirma Waldir Assad, especialista em educação física infantil. Ele explica que a prática não é sistematizada. “Não há um programa: são apenas atividades lúdicas que você participa com seu filho”, explica. Nessa perspectiva, o desenvolvimento da criança ganha relevo. “Torna-se um grande incentivo para uma vida mais saudável no futuro”, enfatiza.

Saiba mais
Brincadeiras sempre existiram, mas o conceito de matroginástica foi popularizado nos anos 1970 pelo professor alemão Helmut Shulz. Ele valorizava a atividade física entre pais e filhos em nome de uma melhor saúde física e piscológica das crianças. Shulz desembarcou no Brasil em 1975 para ministrar palestras e, assim, a prática se difundiu no país. Curiosamente, no mesmo período, o regime militar tentou implantar um programa com princípios muito próximos ao da matroginástica — o Esporte para Todos. “Vivíamos em uma ditadura. Como era algo imposto, a população não aceitou bem o programa, mas houve o boom da ginástica e todos começaram a praticar”, recorda o professor Waldir Assad.