Expedição catástrofe: artistas analisam fechamento de 60 mil escolas rurais brasileiras

Projeto percorreu centenas de quilômetros, em diferentes estados, para traçar uma espécie de 'arqueologia da ignorância. Participantes contaram suas experiências ao Pensar

por Pablo Pires Fernandes 27/04/2018 12:45

Tudo começou com um número: 60.065. Foi por acaso, ouvindo no rádio, que a artista Carolina Fonseca se deparou com a estatística impressionante. Aquele era o número de escolas rurais fechadas no país entre 1995 e 2016. “Passei a me perguntar como era possível terem fechado oito escolas rurais por dia ao longo de 10 anos. Não conseguia conceber, compreender isso. Daí em diante, comecei a pensar: quero ir ver como isso ocorreu”, conta a artista radicada em Goiás.

A sobreposição do rural ao urbano, os recortes da paisagem e seus contrastes a motivaram a refletir sobre a territorialização. A partir de vínculos pessoais e profissionais, Carolina reuniu um grupo de artistas e pesquisadores de diferentes áreas e assim surgiu o projeto Expedição catástrofe: por uma arqueologia da ignorância. O time heterogêneo foi, literalmente, a campo.

Laura Castro, Ícaro Lira e Yuri Firmeza (Bahia-Ceará), Carolina Fonseca, Filipe Britto, Glayson Arcanjo e Pedro Britto (Goiás), Alexandre Campos, Pablo Lobato e Renata Marquez (Minas Gerais) saíram em busca dessas escolas, cruzaram regiões remotas e registraram a triste realidade constatadas nas incursões aos cafundós esquecidos do Brasil. A proposta era refletir a respeito do que viram e registraram. “São diferentes artistas que experimentam processos criativos múltiplos e reconheço neles um interesse singular nas relações entre espaço, imagem, restos, algo que emerge das relações entre práticas de espaços, sujeitos, num tipo de documentação expressiva, que não pretende representar nada, mas achar nas latências indícios para instaurar sensações”, explica Carolina.

A imperativa e absurda estatística evidenciou uma política governamental de criação de escolas-polo para concentrar os alunos e reduzir custos. No entanto, ao alterar as estruturas territoriais das escolas, todo um – ou vários – universos são modificados: o tempo de deslocamento, as relações afetivas, com o espaço e com a própria aprendizagem. Para a artista, “são vínculos que se perdem, que vão para a categoria imobilizante dos óbitos, no sentido dos acontecimentos sem volta. A escola do campo condensa muitos sentidos e funções comunitárias e territoriais diferentes, é totalmente diferente da cidade”.

O número, porém, é demasiado assustador. Ao entrar em contato com as múltiplas realidades – mesmo que uma amostra ínfima – foi inevitável projetar a escala do impacto. O grupo, então, concebeu uma ação para alertar para o fato praticamente ignorado. Em setembro de 2017, realizaram Torre de transmissão, ação numa área rural de Goiás, onde os artistas e mais de 200 colaboradores leram os nomes das escolas fechadas. Com duração de 24 horas, a performance/instalação/ato foi transmitida ao vivo por streaming e outros meios. O evento foi registrado pelo artista mineiro Pablo Lobato e resultou em um documentário de 30 minutos. Com apoio do Itaú Cultural, lançaram a publicação Expedição catástrofe: por uma arqueologia da ignorância, livro-objeto que lista e nomeia cada uma das 60.055 escolas fechadas.

Pablo Lobato afirma se tratar de “um projeto que não resolve questões”. Entretanto, acredita em desdobramentos que possam “conceber um espaço e uma atmosfera para que mais e mais pessoas e instituições possam olhar para essa faceta da educação no Brasil”, acrescentando que exposições, publicações, leituras coletivas estão em vista. Para contribuir com a reflexão sobre o tema, o Pensar convidou o grupo para relatar experiências da expedição e da ação e publica, com exclusividade, depoimentos inéditos que jogam um pouco mais de luz sobre essa triste realidade.

Pablo Lobato/Divulgação
(foto: Pablo Lobato/Divulgação)



Territórios impossíveis

Carolina Fonseca
(Goiás)


“Os meninos foram acabando tudo.” “Não tem mais criança.”

Duas justificativas que escutamos de todos os sujeitos, de gestores do Estado a os moradores dos territórios remotos. Mesmo os que são hoje pais e mães de cinco crianças repetem essa máxima: “Os meninos foram acabando tudo. Não tem mais criança.”

E fui me perguntando e invertendo, os meninos acabaram tudo ou acabaram tudo com os meninos? Mas na insistência do entendimento, outras pistas apontavam para a insuficiência da justificativa. É de 1996 a lei federal que instituiu a obrigatoriedade do transporte escolar quando a distância entre aluno e escola ultrapassa 2 quilômetros, o que deforma as operações de gestão pública da educação brasileira: política educacional vira política de transporte. E transporte escolar rural ainda é pau-de-arara.
 
Zona Rural, Cavalcante – Vão das Almas, 19 de janeiro de 2017 
Depois de mais de 200 quilômetros em território quilombola e uma sucessão de quatro escolas fechadas, paramos em frente a uma das derradeiras em funcionamento, com regime multisseriado. Espaço abrigado sob dignidade cabocla, numa construção de tijolão de adobe, cobertura de palha, portas de madeira, cerca de gravetos, esteios de forquilhas de pau torto. Só o mobiliário da escola era industrializado, carteiras e mesas de plástico. Tudo compunha um adensamento de vitalidade, as paredes comunicavam frutas em vogais, uma tabela atrás da porta exibia o cardápio, o esqueleto e o globo inteiravam uma representação reconhecível de mundo e corpo para aquele grupo remoto.
Mesmo vazia, foi alentador percorrê-la. Foi pura esperança encontrá-la depois de uma peregrinação pelo território do Vão das Almas e as tantas escolas em ruínas, demolições, escombros, restos. O lampejo foi interrompido pelo motoqueiro de uns 50 anos, quilombola, negro. Parou e inquietou: “Oi, menina, o que cê tá fazendo aí? A professora, só mês que vem”.

Falei da pesquisa pelas escolas rurais fechadas e da minha alegria de encontrar aquela escola viva Ele disse que era a última sobra do Vão. “Mataram a minha escola. Mataram a minha Jurema. Vou te levar lá.”
 
Era à tarde, a sala de espera da secretária de Educação lotada. Quase não nos atendeu, um tipo de fala de chefia com expertise na burocracia de prefeitura municipal de uma cidade do interior do Goiás de lastro coronelista e latifundiário. Interrompeu-nos de imediato na explicação do projeto: “Aqui, não fechamos nenhuma escola. E você sabe, professor de escola rural recebe muito melhor que o da cidade. Nos últimos 50 anos, não fechamos nada”, sepultou.

Encaminhou-nos a uma secretária, que nos levou a outro e outra, até que nos encontramos diante de uma idealista. A coordenadora, com sorriso no rosto, foi professora em uma escola rural por mais de 10 anos e nos relatou a situação. Quase 60 tinham sido desativadas e o fechamento de mais uma, na qual seis crianças estudavam em regime multisseriado, era iminente.

Nesse tipo de escola, uma professora assume todas as séries do ensino fundamental. O regime, rotulado como atrasado, é justificativa para a extinção de muitas escolas. Mas se tratava de uma militante e ela contestou: “Sou umas das poucas defensoras da multisseriada. Já vi professoras contando dos alunos de 5ª série tomando a tabuada dos alunos de 3ª série. Os pequenos veem os grandes e vão atrás, e os grandes aprendem a esperar os pequenos. Que escola ensina os meninos esperarem hoje? Nenhuma”.
 
Zona rural, cidade de Goiás, 3 de fevereiro de 2017
Havia algo tenebroso ali, tudo amontoado num estado de abandono povoado por traços de um único habitante. Pequenas coleções indiciavam o sujeito: muitos bonés, um fogão ocupado por continentes apodrecidos, colagens com a imagem folclórica de índio brasileiro, um quadro-negro, foices, ancinhos, facas, cobertores, tênis, estilhaços de tecnologia, um celular e um rádio fraturados. Destas coleções precárias e lacunares, uma se anunciava por todos os cantos dos restos de um quarto sobre os restos de uma escola: dezenas de isqueiros e cachimbos de diferentes tamanhos, cores, peças. Era tudo obtuso. Revirar-lhes parecia invadir a biografia de alguém, não mais da escola.

Ao abrir a porta da minúscula cozinha, foi a primeira vez, de todas as nossas entradas nesses labirintos temporais, em que a morte me afligiu. Senti medo. E se eu encontrasse um cadáver?, pensei. Pressagiei uma morte, não a morte literal da Escola Cristal. Um medo inesperado me impediu de entrar.

Foi nesse momento que o relato chegou, de um velho de guarda-chuva, andarilho daquele ermo Ele se assustou conosco: “Quê que tá procurando menina?”. “Vim ver a escola que tinha aqui.” “Isso acabou tem muito tempo, minhas meninas tudo aprenderam a ler aí.”

Depois, enrugou o sentimento, olhou cabisbaixo e falou do menino de 8 anos, fugido da cidade, desses êxodos tardios e insistentes. “Ficou aí até ser encontrado morto.” Ali, a escola sepultava a si mesma, a criança e uma constelação maior de escolas e crianças.
 
O trajeto da zona rural à cidade como travessia metonímica entre os dois polos fundantes da própria noção de território brasileiro. O rural como pecha de subdesenvolvimento, do atraso, do Jeca, inviabilizado tanto quanto usurpado pelas forças da modernização tardia e conservadora. O urbano como promessa e redenção, única e fatal alternativa. E o que parece ficar nesse meio, nessa terceira margem, é a própria infância, ela mesma à deriva de um êxodo desatinado, entre campo e cidade, ambos como territórios impossíveis para a educação.

Pablo Lobato/Divulgação
Projeto Expedição Catástrofe: grupo de artistas percorreu 60 mil escolas rurais fechadas no Brasil nos últimos 23 anos (foto: Pablo Lobato/Divulgação)

 


Quando a escola vira casa


Renata Marquez 
(Minas Gerais)


Em 23 de agosto de 2016, saímos rumo à Sabará. Quatro escolas rurais haviam sido fechadas ali entre 1995 e 2016. Na fronteira entre o urbano e o rural, sem direção, um homem nos apontou um caminho. Estávamos na divisa de Sabará com Nova Lima.

Num vilarejo de poucas casas, surgiu Tânia de Sousa, filha de Sá Onça, personagem de resistência daquela periferia da periferia. Orgulhosa, nos apontou a escola no alto do morro. Era uma construção pequena, um muro, um portão e um telhado de duas águas e a entrada era emoldurada por um azul desbotado. Acima da porta, vestígios de uma.

Outra mulher, mais velha, apareceu à porta. Sorriu e perguntou: “Vocês vieram me tirar daqui?” Nossa presença estrangeira tinha o significado de uma reintegração de posse. “Não, desculpe! Estamos apenas procurando escolas rurais fechadas.”

Rosângela nos convidou para tomar café. A antiga escola havia sido ocupada por sua família, que, cansados das enchentes onde moravam, se estabeleceram na construção abandonada.

As salas de aula vazias foram transformadas em salas de visitas e quartos. Nos quadros verdes de lições remotas, ainda havia faixas, abecedários, desenhos infantis. O cenário era um palimpsesto.

Rosângela saiu do quarto com a antiga placa: “Grupo Escolar Triângulo construído em julho de 1969 na administração do prefeito Marcelo Dias”. Nesse momento, ouvimos um motor de motocicleta. Livre de enchentes, a casa estava ilhada por caminhões de minério e uma pista de motocross. Quase 30 anos nos separavam daquela inauguração. Um vácuo feito de negligências públicas em confronto com táticas de vida. O escândalo das escolas rurais era apenas o início do encadeamento de uma malha de graves abandonos.

Pablo Lobato/Divulgação
(foto: Pablo Lobato/Divulgação)


Abandono tempestuoso

Filipe Britto 
(Goiás)


A chuva começou a nos encurralar. O céu relampeja em todas as direções. Aproximei-me da cena com binóculo. Uma movimentação tempestuosa, que deveria se manter escondida. Adentramos um território não permitido.

 

Durante a viagem, o boi e a monocultura extensiva: percorremos centenas de quilômetros e a monocromia contínua verde-soja do solo não variou. Buscávamos ruínas e vestígios pontuais. Histórias, relatos, “ex-colas”. Encontramos uma mistura anacrônica de objetos e funções. Uma escola-depósito, uma escola-motel, uma escola-processadora-de-leite, duas escolas-casa, uma escola-fuga-de-casa.

 

Um rádio de pilha mudo jogado na grama alta a cinco metros da sala de aula. Uma coleção de relógios de pulso em um pote de plástico sujo de graxa. Uma pilha de cadernos usados sobre um fogão à lenha. Um freezer cheio de livros didáticos. Latas de alumínio queimadas pelo crack. Carteiras-patrimônio marcadas e enumeraras como o gado com que hoje dividem território. Uma aranha estirada entre dois meridianos de uma seção de globo terrestre. Peças de xadrez espalhadas sobre o fogão de barro e pelo chão. A cama da professora coberta por letrinhas de borracha. Desenhos eróticos na parede.

 

Dois irmãos de 8 e 9 anos sentados com a avó no ponto de ônibus escolar já atrasado. Conversamos por meia hora. Não vimos o ônibus. As prefeituras de Cavalcante e Formosa confirmaram: uma única linha de ônibus de uma escola-polo custa mais do que todo o montante envolvido na manutenção de uma escola rural padrão, somando todas as folhas de pagamentos, as contas de água e luz, o material didático, duas merendas diárias e, não raro, o aluguel do espaço.
Política de ensino substituída por política de transporte.

Ruínas e tecnologia

Glayson Arcanjo 
(Goiás)

Cercado por mapas, dados estatísticos, roteiros de viagem, anotações prévias dos trajetos, nomes de escolas e indicações de contatos locais, nossa expedição saiu de Goiânia, com destino a Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros, Goiás.
A primeira escola visitada foi a Escola Municipal de Vaz Antão, na região quilombola de Vão das Almas. Como outras escolas da região, Vaz Antão foi construída por famílias quilombolas com técnicas tradicionais do adobe e cobertura de palha de palmeira coletada no entorno.

 

Da construção, bem conservada, restam indícios do que foi a sala de aula, a cozinha, a cantina, o quarto da professora. Acessamos quantidades absurdas de livros, cadernos, globos, giz e outros materiais largados ou jogados pelo chão. Entre ruínas, registramos cenas, reinventamos modos de uso e produzimos outras narrativas, agora imbricadas às nossas memórias e às memórias, temporalidades e espacialidades suscitadas pelo lugar.
Estas “ex-colas” abandonadas, reocupadas, tomadas pela natureza ou demolidas são desacreditadas do conhecimento das tradições, culturas e saberes. Nelas, não se vê uma “choupana de palha e barro” atual, eficaz e tecnológica, alternativa às escolas polo convencionais.

 

Paramos na casa de dona Maria, também de adobe e cobertura de palha, confeccionada por Lúcio, seu companheiro. Dona Maria vende peixe, frango, linguiça e ofereceu café, suco de mangaba, bolinho de arroz e pão de queijo. Por lá, sua casa/cantina é um servidor. Com a tecnologia, que lenta e gradativamente avança quilombo adentro, nada mais singular e surpreendente do que ver nomeações contemporâneas: Facebook é o nome de um dos cachorros, o outro é o Whatsapp, e o gato atende por Wi-fi, que, às vezes, parece viver com sinal fraco.

Indícios não se apagam

Pedro Britto 
(Goiás)


Em 2017, visitei dezenas de escolas rurais fechadas em Goiás, a maioria em lugares de difícil localização. Uma delas foi puro acaso: estávamos num restaurante rural e chegou uma van escolar, utilizada nos finais de semana para transporte de turistas.

 

Perguntamos ao motorista se ele fazia o transporte de estudantes e se conhecia alguma escola rural fechada. Ele não só fazia precisamente isso – diariamente percorria uma centena de quilômetros levando crianças do campo para a cidade – como também havia ele próprio, assim como seus pais, estudado numa certa escola fechada há muitos anos, diante da qual passava diariamente.

 

Mas, geralmente, para chegar às escolas, eu percorria estradas de terra desertas, com referências e distâncias imprecisas e não sabia se teria acesso até a escola, se estaria trancada, se teria gente, bicho ou qualquer coisa. Uma escola abandonada pode ser desde um montinho de terra (como o que sobrou de uma escola feita de adobe) até uma edificação em perfeito estado de conservação (como a escola pertencente a uma fazenda particular, intacta e com zelador, mesmo sem funcionar há anos.

 

Uma escola fechada nem sempre é um abandono – vi espaços escolares convertidos em habitação, depósito para máquinas agrícolas, esconderijo para consumo de drogas, pornografia e suicídio. Apesar de vazias, eram plenas de indícios do ocorrido ali, antes e depois do funcionamento ser interrompido.

 

Num caso, acompanhado de um guia que estudou há mais de 25 anos numa escola em uma casa bem isolada. Conversávamos na sala. Repentinamente, ele se lembra do hábito da antiga professora de esconder o apagador no alto, sobre a viga do telhado, longe do alcance dos alunos. Então, se levanta, levando a mão aonde nunca pôde alcançar, e encontra, com surpresa, o apagador empoeirado.

Igreja no deserto verde

Laura Castro 
(Bahia)     


Era no extremo Sul da Bahia, uma zona remota. Helvécia, distrito de Nova Viçosa, Colônia Leopodina, um antigo reduto de alemães e suíços. Agora, era uma comunidade quilombola.   

 

Chegamos à velha estação da extinta linha férrea Bahia-Minas. A antiga professora do grupo escolar justifica as escolas fechadas: feriado do Dia do Evangélico. N. mencionou o Córrego do Bacalhau. Tinha lá uma escola que fechou. Disse que, sozinhos, não acharíamos a escola no deserto verde. Helvécia é cercada por grandes plantações de eucalipto, exploradas por uma grande empresa de celulose. Deserto verde.  

 

Com um guia, mergulhamos no labiríntico deserto verde, enquanto guio o carro, a palavra “terra arrasada” fica dilatando na cabeça. Seu Z. sorri da porta de uma casa. Moram ali desde sempre, os filhos criados. “A escola fechou, sim, não tem mais criança.”
Dona B. desconfia. “Projeto? Mas que pesquisa é essa? “A escola fechou porque não tem mais criança, mas eu queria estudar.” Ela sorri para a foto e, logo depois, nos interdita. “Não quero foto, quero ir na escola. Pode ir na igreja, mas eu não vou abrir. Escola não, igreja; igreja não, escola.” A escola tinha se tornado uma igreja. Igreja fechada, fachada de escola, igreja é só uma escola fechada.

 

Dia do Evangélico, quilombo, caboclo, deserto verde, igreja não é escola, escola não é igreja, escola fechada igreja aberta. “Não, não vou abrir a escola não, igreja, não, não vou abrir, não tire essa foto”. O labirinto verde deserto, a celulose, a casa, eucalipto-catástrofe. “Lagoa aqui, minha filha, só encantada”. Deserto e terra arrasada. Quem queria estudar era eu.