Pesquisador musical analisa comportamento político de sertanejos

Andre Piunti conversou com a VEJA sobre o apoio dos artistas do ritmo ao governo atual

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Pesquisador musical analisa comportamento político de sertanejos (foto: Reprodução/Internet)
 

Embora muitos artistas venham se posicionando contrários à atitudes do governo atual, principalmente desde que a pandemia começou, alguns cantores sertanejos seguem apoiando com veemência o Presidente Bolsonaro.

 

 

Agora, com a nova polêmica dos cachês milionários pagos a artistas do ritmo com dinheiro público, que foram descobertos após um discurso pró bolsonarista de Zé Neto, a Revista VEJA foi atrás do pesquisador musical André Piunti para saber melhor da relação entre esses artistas com o chefe do Executivo.



Vale lembrar que o parceiro de Cristiano deu início a crise no sertanejo, mandando uma indireta para a funkeira Anitta e ridicularizando a por uma tatuagem íntima. A principal declaração que fez surgir curiosidade de internautas, no entanto, foi o fato dele afirmar que "não precisa da Lei Rouanet", que incentiva a Cultura no país. Agora, em um bate-papo, o pesquisador ouvido pela VEJA foi certeiro ao responder sobre diversos questionamentos que pairam sobre o assunto. Confira alguns trechos!

"Por que os sertanejos pensam tão à direita?", questionou o veículo. "Eles são bastante conservadores, principalmente quanto a costumes. São, em maioria absoluta, pró-Bolsonaro e vão se manter assim até as eleições. Não acredito numa reviravolta. Eles pensam como a direita no que se refere à ideologia de gênero, não têm cabeça aberta como o pessoal da esquerda, e isso os incomoda.", respondeu o pesquisador.

Além disso, ele foi perguntado se isso tem relação com preconceitos mais específicos como machismo e homofobia. "A questão comportamental pesa mais do que teoria econômica ou ideologia no sentido mais amplo. É uma galera criada no interior do país, que gosta das coisas no sentido “isso não entra na minha casa”. Eu até pensava que alguns mudariam de lado. Mas depois das polêmicas envolvendo Zé Neto e Gusttavo Lima, acho que ninguém mais vai mudar.", opinou Piunti.

Devido a grande rejeição ao PT por parte de alguns sertanejos por exemplo, o pesquisador tentou explicar de que forma essa onda surgiu. "Sertanejo universitário surge no governo Lula, por causa do aumento do poder de compra das classes mais baixas. Não havia esse ódio. Mas a ascensão das redes sociais te faz ter que pensar em que lado está e se posicionar de acordo com o que o povo demanda. Isso nem me parece moda, é reflexo da internet. Ou se está de um lado ou de outro. “Então vou estar junto com o que o meu público”, que é conservador!", contou.

Devido ao fato dos artistas masculinos se expressarem mais sobre o assunto como Sérgio Reis, Amado Batista, Zé Neto e Gusttavo Lima, Piunti foi questionado sobre o posicionamento das mulheres do chamado 'feminejo' mas não soube cravar quais suas opiniões. "É difícil lembrar de alguém que não vota de jeito nenhum no Bolsonaro entre eles. Talvez a Lauana Prado, apenas. Isso porque ela falou de um relacionamento com outra mulher. Mas são casos tão isolados... Maiara e Maraísa, eu não sei, elas nunca falam…", concluiu ele.

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