Trilhas sonoras de grandes clássicos do cinema embalam concerto da Orquestra Ouro Preto, em BH

Entre as faixas estão os temas de O carteiro e o poeta, Cinema Paradiso; The sound of music, de A noviça rebelde; além de Smile, de Tempos modernos

por Ana Clara Brant 11/11/2017 10:08
Iris Zanetti/Divulgação
(foto: Iris Zanetti/Divulgação)

O que seria do clássico Casablanca (1942) sem As times goes by; de Tempos modernos (1936) sem Smile ou de Orfeu Negro (1959) sem Manhã de carnaval? “Todo mundo tem uma ligação especial com essas músicas. Sempre tem aquele filme, aquela trilha que marca a vida de uma pessoa. Não dá nem para imaginar o que seriam dessas produções sem a música”, afirma Rodrigo Toffolo, regente titular e diretor artístico da Orquestra Ouro Preto, que faz, amanhã, no Grande Teatro do Sesc Palladium, concerto de lançamento do álbum Música para cinema.

Esse sétimo disco do grupo traz um repertório de composições que imortalizaram longas nacionais e estrangeiros. Gravado em Belo Horizonte, no Estúdio Solo, o CD contou o trabalho do engenheiro de som alemão Ulrich Schnneider (USC Brasil), com passagens pela Filarmônica de Berlim e Osesp, nas etapas de gravação, edição, masterização e mixagem.

Entre as faixas estão os temas de O carteiro e o poeta (1994) e Cinema Paradiso (1988); The sound of music, de A noviça rebelde (1965); além de Smile, de Tempos modernos, e Eternarlly, de Luzes da ribalta (1952), esses dois últimos estrelados por Charles Chaplin. Canção que embalou o romance de Ilsa (Ingrid Bergman) e Rick (Humphrey) em Casablanca, As times goes by também faz parte do projeto, assim como The typewriter, de Who’s mind the store? (1963), com Jerry Lewis, que ganhou no Brasil o título de Errado pra cachorro.

Toffolo fez questão de incluir músicas que estão em longas brasileiros, como Manhã de carnaval, obra de Luiz Bonfá, com arranjo de Pedro Milmam, que fez parte de Orfeu Negro, dirigido por Marcel Camus. Outra produção nacional lembrada é o documentário Três irmãos de sangue (2006), que retrata a vida de Betinho, Henfil e Chico Mário. A faixa que está em Música para cinema é Ressurreição, composta por Chico Mário e que ganhou novos arranjos de Tim Rescala.

Como convidado especial, o produtor musical, arranjador, instrumentista e compositor Nelson Ayres deu um toque especial à Chora coração, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes que integrou a trilha de A casa assassinada (1971), de Paulo César Saraceni. “Contar com o Nelson neste trabalho é uma honra. Ele é um patrimônio brasileiro. A gente quis dar destaque também aos compositores nacionais e ao nosso cinema para não ficar naquela coisa só hollywoodiana”, explica Rodrigo Toffolo.

VILLA-LOBOS
Nelson Ayres também assina os arranjos de Melodia sentimental, obra-prima de Heitor Villa-Lobos e Dora Vasconcelos. Em meados da década de 1950, o estúdio norte-americano MGM encomendou ao autor das Bachianas a trilha do filme Green mansions (A flor que não morreu), estrelado por Anthony Perkins e Audrey Hepburn. Villa-Lobos criou uma cantata batizada de Floresta do Amazonas, que incluía quatro canções, entre elas Melodia sentimental. “Por desentendimentos com o estúdio, as músicas acabaram não entrando no filme. E Villa-Lobos ficou com essas quatro canções que são obras-primas. A gente encerra o dico com uma delas – fechamos com chave de ouro.”

O disco teve um concerto de lançamento em São Paulo, e a reação do público impressionou o maestro da Orquestra Ouro Preto. “Tem gente que chora, que ri, que lembra do pai, da família, da própria história. As sensações são múltiplas. Essa é a magia do cinema. Certamente, este é mais um projeto da nossa orquestra que vai entrar em turnê e tenho certeza de que vai tocar muito o público.”


Música para cinema
• Orquestra Ouro Preto
• R$ 30, à venda em www.tratore.com.br
• Disponível também em serviços de streaming

ORQUESTRA OURO PRETO
Concerto de lançamento do álbum Música para cinema. Domingo (12/11), às 11h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. (31) 3270-8100). Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia).

MAIS SOBRE MUSICA