Futuro é agora: impressora 3D revoluciona o mundo fashion

Minas Trend apresenta máquinas de impressão 3D para o público e expõe roupas e acessórios produzidos com a nova tecnologia, que deram tom futurista ao desfile da mineira Plural

por Celina Aquino 11/04/2017 16:01

Ramon Lisboa/EM/D. A Press
Feliz com o resultado das impressões 3D, a estilista Gláucia Fróes entende que é preciso se aliar às tecnologias para sobreviver no concorrido mercado (foto: Ramon Lisboa/EM/D. A Press)
A tecnologia parece estar muito distante, tanto no tempo quanto no espaço. Mas o desfile da Plural na Minas Trend mostrou exatamente o contrário. A marca que trabalha com o conforto das malhas, em especial o moletom, levou para a passarela saia, top e dois vestidos produzidos em impressora 3D, máquinas que são fabricadas por empresa de Belo Horizonte. A iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com o objetivo de aproximar novas tecnologias ao mercado de moda, aponta que o futuro está mais próximo do que se imagina.


A estilista da Plural Gláucia Fróes nunca tinha trabalhado com impressora 3D até ser convidada para participar do projeto. Como a marca levaria para a passarela uma coleção com elementos de casa, ela decidiu criar padrões de cobogós, tijolos vazados que costumam ser instalados em áreas externas. Gláucia ainda desafiou a empresa de impressão 3D a trocar o plástico rígido por um flexível, para que as peças tivessem movimento e ganhassem leveza, e não ficassem com cara de robô. A equipe, formada também pela estilista Letícia Leão e pelo designer Thiago Fróes, teve que colar a mão as partes da roupa, já que a máquina não consegue imprimir peças grandes. “É alta tecnologia, mas o processo de montagem ainda é muito artesanal. Acredito que no futuro a roupa vai sair da impressora pronta”, diz.


Além das roupas inteiras de impressão 3D, que deram um ar futurista ao desfile, a Plural desenvolveu acessórios que podem compor bases de tecido. Algumas propostas, que ficaram expostas na entrada da Minas Trend, são punhos, que também podem ser usados como bracelete, golas, mangas, cintos, bolsos e aplicações que criam o efeito de bordado tecnológico.


Segundo Gláucia, o trabalho com a impressão 3D a fez repensar a moda “Para sobreviver no mundo da moda, temos que nos aliar à tecnologia. Quem imaginava imprimir roupa? Só consegue isso quem tem sede de pesquisa, que não tem medo do novo”, opina. A estilista acrescenta que seria muito útil ter uma impressora 3D na fábrica para fazer padrões de bordados, botões e outros itens. Assim, a marca produziria apenas o necessário, em vez de comprar uma lista extensa de materiais, que muitas vezes nem são utilizados. Fora isso, a tecnologia permite que sejam desenvolvidos trabalhos completamente exclusivos. Em cinco anos, Gláucia acredita que isso será realidade para as grandes empresas brasileiras.

INICIATIVA LOCAL

 

Ze Takahashi / FOTOSITE
(foto: Ze Takahashi / FOTOSITE)

 

A Fiemg aproveitou a oportunidade para mostrar que a tecnologia é desenvolvida em Belo Horizonte. Quem a importou foi o engenheiro Daniel Lopes, que estudou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Fascinado pela possibilidade de transformar projetos virtuais em realidade, o jovem voltou ao Brasil disposto a criar um modelo próprio de impressora 3D. A tecnologia tem sido utilizada na fabricação de próteses, hoje o principal mercado, além de brinquedos, protótipos para a indústria automobilística e objetos de decoração.


Moda era um segmento inexplorado. Mesmo assim, o diretor da 3D Lopes encarou o desafio de desenvolver o material flexível e imprimir as peças da Plural em 15 dias. No total, foram mais de 1000 horas de impressão, com várias máquinas funcionando o dia inteiro. “A impressão 3D potencializa a moda. As empresas normalmente querem produtos únicos, com geometria complexa, mas não conseguem com as ferramentas tradicionais. A máquina dá a elas esse poder”, destaca Daniel. Indo além, o engenheiro enxerga que, no futuro, os consumidores comprarão desenhos 3D de designers e poderão fabricar suas roupas em casa. Em uma visão ainda mais futurista, não será nem preciso levar mala nas viagens, pois será possível imprimir os looks em qualquer lugar.


Há três anos no mercado, a 3D Lopes fez parte do Laboratório Aberto da Fiemg e hoje participa de uma incubadora do Cefet. A equipe se prepara para lançar oficialmente as impressoras 3D em agosto. A estimativa é de que as máquinas custem R$ 12 mil.

 

 

 

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