Morre Givenchy, lenda da alta-costura

Estilista francês reconhecido pela maison de mesmo nome e pela parceria com a atriz Audrey Hepburn tinha 91 anos

por Estado de Minas 12/03/2018 10:53
Bart Maat/ANP/AFP
Nos últimos anos, Givenchy vivia recluso (foto: Bart Maat/ANP/AFP)
O estilista francês Hubert de Givenchy, lenda da alta-costura e conhecido por sua colaboração com a atriz Audrey Hepburn, morreu, aos 91 anos, anunciou nesta segunda-feira à AFP seu companheiro em um comunicado. “O senhor Givenchy faleceu enquanto dormia, no sábado, 10 de março de 2018”, informou o também estilista Philippe Venet.

Givenchy foi mais do que um estilista, mas se tornou uma lenda. Seu nome será ligado eternamente a sofisticação, requinte, corte perfeito e ao luxo acima de tudo. Seus modelos se tornaram icônicos. Hubert-James Marcel-Taffin Givenchy nasceu em 21 de fevereiro de 1927 na cidade francesa de Bauvais. Filho do marquês Lucien Taffin de Givenchy e de Béatrice de Givenchy, seu avô dirigia uma oficina de tapetes na cidade. Muito cedo ele já demonstrava seu interesse pela moda.

Aos 10 anos, ao visitar uma exposição de figurinos dos mais famosos estilistas franceses, ele se identificou com o universo luxuoso da alta-costura, contrariando o sonho de seus pais, que sonhavam com um advogado. Aos 17, ele entrou para Escola de Belas Artes de Paris e trabalhou com grandes nomes da moda: Jacques Fath, Robert Piguet, Lucien Lelong, Pierre Balmain, Christian Dior e Elsa Schiaparelli.

Em fevereiro de 1952, abriu sua maison, no número 8 da rue Alfred de Vigny, na Monceau Plain, em Paris, e teve reconhecimento quase imediato. Ele era a novidade, depois de anos de monopólio de Dior e seu New Look.

Entre tantas criações magníficas e que entraram para a história, Givenchy foi marcado pela criação da camisaria. Em sua primeira coleção apresentou a blusa Bettina, uma homenagem a modelo Bettina Graziani, nome da sua principal modelo e relações-públicas. A blusa tinha a gola larga e aberta, e mangas que terminavam em babados de bordado inglês.

BONEQUINHA DE LUXO

Outro grande marco do estilista foi o encontro, em 1953, de Hubert de Givenchy com sua musa inspiradora, a atriz Audrey Hepburn. Ele passou a criar modelos para seus filmes, como Sabrina e Cinderela em Paris. Sabrina, alías, ganhou o Oscar de melhor figurino, assinado por Edith Head – a designer mais requisitada de Hollywood na época –, a qual não deu o devido crédito a Givenchy pelo famoso vestido de baile, usado por Audrey no filme. Em resposta, a atriz exigiu que, em seus próximos filmes todo seu guarda-roupa fosse todo feito pelo estilista francês. Mas a imagem mais inesquecível da atriz é sem dúvida a do filme Bonequinha de luxo: o vestido preto longo, piteira e colar de pérolas.


Durante os anos 1950, Givenchy criou vários modelos de vestidos “chemisier”, na forma saco, largos na parte superior e afunilando-se em direção à bainha. Também se destacou pela criação de peças independentes e coordenáveis (até então, blusas e saias ou calças só podiam ser usadas como um conjunto).

Givenchy foi o primeiro estilista de alta-costura a apresentar uma coleção de prêt-à-porter feminino, em 1954. Em 1957, lançou o seu primeiro perfume feminino, Le De. Em seguida criou a fragrância, L’Interdit, em homenagem a Audrey Hepburn. Em 1959, o Monsieur Givenchy foi seu primeiro perfume masculino.

O estilista também criou para a moda masculina, mundo que estreou em 1973 com a linha “Gentleman Givenchy”. Visionário e empreendedor, ele criou um império com a diversificação de produtos, de perfumes a óculos, de móveis a toalhas de mesa, sapatos e joias.

Na moda, um marco do francês na década de 1980 foi o uso de estampas inspiradas em Miró, Matisse e Bérard. Hurbert de Givenchy recebeu a “Medal of Arts et des Lettres”, foi “Chevalier de la Légion d’Honneur” e foi nomeado para o “International Best Dressed List Hall of Fame in 1970". 

Givenchy esteve no Brasil duas vezes. A primeira na década de 1950, para o lançamento de uma coleção de algodão que havia sido encomendada pela fábrica de tecidos Bangu e a outra, em 1995, para abrir o Primeiro Congresso Brasileiro de Moda, promovido pelo Instituto Zuzu Angel e pela Faculdade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.

Hoje, a marca faz parte do grupo de luxo LVMH, dono de dezenas de marcas sofisticadas e reconhecidas mundialmente, incluindo Christian Dior, Louis Vuitton, Bulgari, Fendi e Givenchy. A grife foi vendida para o conglomerado em 1998 por U$ 45 milhões (R$ 306 milhões, em valores atuais).  Em fevereiro de 2017, o mundo da moda foi pego de surpresa quando o estilista Riccardo Tisci anunciou que deixaria a direção criativa da Givenchy depois de 12 anos. Ele foi o quinto estilista a assumir a casa, seguindo nomes como John Galliano e Alexander McQueen. Quem assumiu o cargo foi Clare Waight Keller, ex-designer da Chloé. Ela entra no cargo como a primeira mulher na história da Givenchy.
 
As causas da morte não foram divulgadas.