Pães de fermentação natural são a atração de bagueteria no Baixo Centro

Processo natural de produção dos alimentos ainda é pouco difundido em Belo Horizonte

por Eduardo Tristão Girão 31/07/2015 08:45
Fotos: Euler Júnior/EM/D.A Press
Fotos: Euler Júnior/EM/D.A Press (foto: Fotos: Euler Júnior/EM/D.A Press)
É um tanto inesperado encontrar a Bagueteria Francesa: aberta no fim do ano passado, a casa especializada em pães de fermentação natural – vertente ainda pouco difundida em BH – fica no início da Avenida Santos Dumont, em pleno Baixo Centro, região da cidade em processo de revitalização. Completa o quadro curioso o fato de que um dos sócios é proprietário da Belo Pães, padaria de modelo tradicional que funciona ao lado há cerca de 40 anos.


A baguete da primeira tem o mesmo preço do pão francês da segunda (R$ 11,60, o quilo), pois o objetivo da casa é oferecer produtos de maior qualidade ao público mais amplo. Não são produtos artesanais, uma vez que todas as etapas são realizadas por máquinas, mas o uso do fermento natural (ou levain, obtido a partir de mistura de água e farinha) melhora textura, aroma e sabor. Completa a proposta o uso do forno de lastro (pedra refratária).

O pai da ideia é Edson de Sales, um dos sócios da casa, fundador da Belo Pães e ex-presidente de associações do setor de panificação. Foi numa feira do ramo, nos Estados Unidos, que Edson conheceu a máquina francesa que encurta o tempo de preparo e barateia o custo de produção da baguete. Contratou o técnico responsável da fabricante, comprou o restante do maquinário e iniciou as obras do imóvel, mantendo o estacionamento que já existia ali.

Basicamente, um único funcionário é capaz de fazer a baguete do início ao fim. O forno fica de frente para o salão, totalmente à vista do freguês. No início, eram três fornadas por dia, mas a frequência vem aumentando e pode chegar a 10 – a primeira sai às 6h. A receita veio do técnico da marca francesa. “O uso do levain dá leve acidez, deixa o pão mais suculento e a casca crocante, sem ser dura demais. A pedra refratária contribui para essa crocância”, explica Aldrin Gandra, o outro sócio da casa.

Euler Junior/EM/D.A Press
'O uso do levain dá leve acidez, deixa o pão mais suculento e a casca crocante, sem ser dura demais' Aldrin Gandra, sócio da Bagueteria Francesa (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
VITRINE Além da baguete, são produzidas derivações da mesma massa, como pães nos sabores gorgonzola e nozes, linguiça artesanal, pesto, azeitonas, torresmo e tomate seco, além de brioche e variações doces, caso do vienense (com açúcar e canela). São cerca de 20 receitas (o preço médio é R$ 20, o quilo), disponibilizadas alternadamente a cada dia e exibidas na vitrine. É possível ligar e encomendar pães em maior quantidade, desde que o pedido seja feito com pelo menos um dia de antecedência.

Inicialmente, a intenção era vender apenas baguetes, conta Gandra. Entretanto, o cardápio foi aumentando e os proprietários perceberam que a freguesia já chegava esperando encontrar outros produtos. Isso motivou a montagem de um empório ainda tímido, com vinhos (quase todos da Wine), cervejas (da mineira Bäcker), doces (como o caramelo artesanal de Itabirito), conservas, molhos e, entre os importados, queijos, manteigas e frios.

Amanhã, a casa vai promover degustação de pães para crianças, às 10h30, permitindo que elas modelem a massa com as próprias mãos e conheçam a produção. A entrada é franca e não requer inscrição prévia, mas está sujeita à lotação do local.

BAGUETERIA FRANCESA
Avenida Santos Dumont, 211, Centro. (31) 3023-0023. Aberto de segunda a sexta-feira, das 6h às 19h; sábado, das 6h às 14h.

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