Festival Botecar homenageia cidades mineiras em busca de tradição

Segunda edição do evento traz o encontro das raízes gastronômicas de Minas, com o melhor que a amizade, o bom papo e o boteco têm para receber o outro

por Rodrigo Melo 08/04/2015 22:05
Túlio Santos/EM/D A Press
Pessoas de diferentes regiões do Brasil aproveitam o festival para celebrar a amizade (foto: Túlio Santos/EM/D A Press)
Foi dada a largada para todos aqueles que, como bons mineiros, não dispensam algumas das principais características do estado. A tradição da gastronomia, a amizade e a boa e velha conversa de boteco em BH são celebradas desde esta quarta-feira, nos 55 bares participantes da edição deste ano do Festival Botecar, que homenageia 45 cidades.

E é aliando-se a essa tradição que o festival busca resgatar as raízes dos botecos, com referências à história de várias cidades mineiras para oferecer ao público tira-gostos criados especialmente para a temporada. Em várias regiões da capital, até 9 de maio, os botequeiros de plantão poderão lembrar de casa, da família, de um amigo, de uma ocasião especial ou apenas da própria arte de botecar.

É o caso do economista Luiz Roberto Vasconcellos, de 54 anos, e do engenheiro Fausto Barros, de 47. Amigos há 25 anos, os cariocas aproveitaram o festival tomando um chope e degustando o “Lombo Catiguá”, do Bar do Antônio (Pé de Cana), no Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para relembrar os dias de amizade em bares do Rio de Janeiro. “Disse que ia levá-lo a um bar muito parecido com um que frequentávamos no Rio. Chegando aqui, vi que os bolinhos do prato lembravam os que a cozinheira de lá costumava fazer”, disse Luiz Roberto, referindo-se ao tira-gosto com rolinhos de lombo recheados com queijo canastra e bolinhos de milho verde com queijo minas, que homenageia Patrocínio.

Em uma das mesas vizinhas, a turma de seis amigos retratava o espírito do festival: três mineiros recebiam um baiano, um maranhense e um potiguar. Após saborearem o petisco, cada um celebrava a amizade entre gargalhadas e copos de cerveja.

A expectativa dos organizadores do evento é de que o festival tenha um aumento de público de cerca de 25% nesta edição. Em 2014, mais de 400 mil pessoas passaram pelos bares participantes. Os clientes podem avaliar o bar segundo a consistência do prato, atendimento e serviço de bebidas, além de ajudar a eleger o melhor garçom do festival, pela página do evento na internet.

Vencedor da primeira edição do festival, Olívio Cardoso Filho, do Bar Estabelecimento, na Serra, também na Região Centro-Sul, está confiante na busca do bi-campeonato. “A recepção dos primeiros clientes foi boa”, conta. O chef revela que a inspiração para o prato veio da cidade homenageada, Campos Altos. “Minha família é toda de lá. Procurei usar ingredientes que são comuns na região, mas atraentes em qualquer lugar”, completa. O estabelecimento compete com o “Pique-Esconde”, um escondidinho de frango, queimado no angu de milho verde e manjericão.

O casal Pablo e Erilaine Cautiero, ambos de 33, foi o primeiro a provar o petisco. “Já somos clientes. Quando o garçom nos ofereceu, não tivemos dúvidas”, conta o empresário. “O tempero e a apresentação estavam excelentes. Nos próximos dias, vamos a outros bares”, completa a advogada. Outro cliente de longa, o representante João Carvalho, de 50, comenta a oportunidade que o evento proporciona para os botequeiros. “Neste ano a programação está maior e mais bem preparada. Ir a outros bares também serve para conhecer outros lugares, de diferentes regiões”, comentou.


CARONA

Para a edição deste ano, o festival criou o “Carona Botecar”, em que nove ônibus fazem o circuito gratuito pelos botecos. O transporte passa pelos bares oferecendo carona aos interessados que estiverem com o mini-guia do evento em mãos e quiserem visitar outros locais participantes. Os ônibus vão transitar todos os sábados, das 15h às 23h, em rotas por região ou conjunto de bairros dos concorrentes.

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