Para beliscar e conversar

Restaurante Apotheca, no Bairro Carmo, traz para BH a maneira árabe de comer bem

por Thaís Pacheco 27/05/2011 07:00
Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press
Tomate recheado, receita caseira, e escabeche de peixe namorado: opções do cardápio do Apotheca (foto: Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press)

Belo Horizonte acaba de ganhar o Restaurante Apotheca, que traz uma novidade para a cidade: tapas mediterrâneos. Embora algumas casas sirvam tapas em BH, nesta a lógica é invertida. Com apenas seis pratos principais no cardápio, o forte são os aperitivos, servidos em pequenas porções. “A proposta é de que venham, por exemplo, três amigas e, em vez de cada uma pedir um prato ou tapa individual, peçam quatro ou cinco e dividam”, conta o proprietário, Sandro Fariello. “É uma maneira muito árabe de comer: beliscando e conversando”, completa.

Embora essa denominação para aperitivos, tapas, seja espanhola, Sandro mistura tudo o que vem do Mediterrâneo. O pão que aprendeu com um chef francês, as italianíssimas bruschetas, o kibe árabe e até um salmão de receita grega. E ainda o tomate que sua mãe mandou colocar no cardápio.

Toda essa mistura cultural na comida é resultado também da vida nômade de Fariello. Nascido em BH, mudou-se para a Itália ainda criança. Morou no Reino Unido e trabalhou em restaurantes com chefs estrelados pelo Michelin, fez cursos e aprendeu a ser chef.

Voltou para BH no começo da década de 1990 e abriu o italiano La Trattoria di Sandro, que ficou 11 anos no Bairro da Serra. Ao fechar as portas, decidiu passar uns meses na Europa – ficou por lá durante quase 10 anos.

Apaixonado pela cidade escocesa de Edimburgo, onde morou, aprendeu a apreciar o uísque puro malte, que agora serve aos clientes com uma pequena aula de degustação. “Se o cliente pedir puro malte, vai aprender as técnicas para perceber os aromas. Uma dose custa mais de R$ 30. Não vou apenas mandar o garçom entregar ou deixar colocar gelo”, brinca Fariello. “Você não pode simplesmente vender uma coisa para arrecadar fundos. Tem de fazer valer a pena. Não apenas pelo preço, mas para que a pessoa possa apreciar”, justifica.

Além do uísque puro malte, a casa serve cachaça mineira gelada, de marca pouco conhecida, feita na fazenda de uma amiga. Os vinhos são quase todos importados da Enoteca Fasano, a loja de vinhos do premiado Fasano, de São Paulo. Quem preferir a bebida mais em conta pode optar pela taça do nacional, caso do Miolo Terranova Shiraz. A casa oferece ainda cervejas artesanais.

Para a harmonização não faltam opções. Os pães – também servidos como tortas salgadas – têm no momento dois sabores: um com recheio de escarola, azeitonas pretas e anchova; outro com toucinho, queijo e ovo, que é colocado inteiro, com casca, no pão. Além de serem provados na hora, podem ser levados para casa.

Entre os tapas, ele não elege um favorito, mas cita alguns. O salmão à maneira grega é feito com iscas empanadas e maionese de alho. O tomate recheado – receita da mãe – é cortado na metade, limpo por dentro e recheado com catupiry, creme de leite e um creme de cebola, tudo gratinado. O escabeche de namorado é feito com pequenos cubinhos do peixe de água salgada, servido com torradas, marinado e temperado com azeite e alho.

O Apotheca ainda não teve sua festa de inauguração, que será na próxima semana. Até lá, alguns ajustes serão feitos na carta de vinhos, nos valores do cardápio e até em alguns detalhes de iluminação. Mas quem quiser estrear já pode. Nas últimas três semanas, Sandro tem recebido amigos e eventuais curiosos que passam por lá e entram. “Quero deixar tudo nos trinques, para fazer a inauguração oficial no princípio de junho”.

O preço médio dos tapas, por enquanto, é de R$ 6,50. O local é pequeno, para cerca de 40 pessoas na parte interna e 10 na externa. Por isso, é necessário fazer reservas. A decoração, de bom gosto, mantém clima aconchegante e intimista. Sandro Fariello fica constantemente na casa e, se o papo engatar, é capaz de sentar na sua mesa para discutir aromas, sabores e até um pouco de história.

Apotheca
Rua Passatempo, 14, Bairro Carmo (esquina com Rua Montes Claros). Aberto de terça a sexta-feira, a partir das 17h; sábado, a partir das 13h. A casa fica aberta até o último cliente, mas a cozinha fecha por volta de meia-noite. Informações e reservas: (31) 3287-1100.

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