Argentino e mineira comandam o Arcângelo, no Edifício Maletta

por Eduardo Tristão Girão 16/04/2010 07:00
Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press
A Rua da Bahia pode ser vista de camarote do Arcângelo, novo café bar do Centro da cidade (foto: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)

Quem subiria a escada rolante (que não funciona) do Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte, em busca de um bar alternativo para jogar conversa fora ou de uma varanda para tomar um café? Recentemente passou a funcionar ali, com a Rua da Bahia vista de camarote, diminuto misto de café e bar, justamente com essa dupla proposta. Comandado pelo escultor argentino Santiago Calonga e a namorada, a atriz belo-horizontina Daniela Papini, o Arcângelo atrai por especialidades preparadas no local (alfajores, pão de queijo, cafés) e pela soberba vista dos prédios do quarteirão – Centro de Cultura Belo Horizonte e Museu Inimá de Paula incluídos.

O casal chegou ao Maletta por meio de amigos da galeria Quina, que fica no mesmo andar. O imóvel escolhido por eles fica quase no fim da varanda, onde funcionou um restaurante mineiro e, até pouco tempo, servia de depósito para o condomínio. Depois da reforma, o espaço foi preenchido com mesas e cadeiras, todas diferentes, compradas em lojas topa-tudo da cidade. Nas paredes, peças (todas à venda) de estilos variados assinadas por eles (estêncil, na maior parte) e amigos artistas gráficos – nem o banheiro escapa. A luz é indireta. Do lado de fora, onde são colocadas poucas mesas, o clima é menos intimista. No total, são apenas 35 lugares.

“A Dani é mais antenada no que é o Maletta. Eu o conhecia como lugar de livros e para comer bem e barato. Ela é que me alertou para o lado cultural do prédio”, confessa Santiago, que nasceu em Ushuaya, na região da Patagônia, extremo sul da Argentina. Lá passou a infância, tendo morado em praticamente todas as províncias do país, incluindo a capital, Buenos Aires, onde foi guitarrista de uma banda de ska. Chegou ao Brasil em 2000: esta é sua segunda temporada na capital mineira, depois de ter passado ainda por Tiradentes, Porto Alegre e cidades do Nordeste. Filho e neto de escultores, tem nas miniaturas feitas a partir de palitos de fósforos seu objeto de trabalho, mas na nova casa assume o papel de barista.

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Os alfajores argentinos estão entre os destaques do lugar (foto: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)
ELAS NA COZINHA

Mas é só. Como o próprio Santiago gosta de dizer, ele cuida das bebidas e a namorada, das comidas. A família de Daniela sempre teve maior ligação com comida (o restaurante Mi Luccia é de parentes) e foi por esse caminho que ela seguiu quando abriu com ele a casa. No Senac, ele fez curso de barista e ela, de pães, roscas e biscoitos. A produção de croissants está parada, mas a de pães de queijo (R$ 1,50, simples, e R$ 3, recheado; unidade), continua a todo vapor, inspirada na receita de um tio, com parmesão e provolone no lugar do queijo de minas. Há também sanduíches (entre R$ 4,50 e R$ 5,80) e porções de esfirra, quibe e bruschetta (R$ 13,50, cada). Mas nada que lembre, nem de longe, petiscos “di buteco.”

Porém, o que mais chama a atenção são os alfajores. São feitos por Solange, mãe de Daniela, que recebeu e modificou receita dada por Santiago. “Ela é muito boa doceira. O alfajor está num ponto inacreditável. Hoje nem sei ao certo quais são os ingredientes”, elogia ele. Estão disponíveis nos sabores amêndoa, damasco, trufa, chocolate, maracujá, goiabada e doce de leite (R$ 3,50, cada). Para beber, cervejas long neck (entre R$ 2 e R$ 5), drinques (entre R$ 5,90 e R$ 10) e doses (entre R$ 3,50 e R$ 10), além de expresso (Braúna; R$ 2,20), cappuccino (R$ 3,50) e macchiato (R$ 2,80). Ocasionalmente, há taças de vinho.

ARCÂNGELO
Rua da Bahia, 1.148, 2º andar, Centro. (31) 8823-5115. Aberto de terça a sexta, das 17h à 0h; sábado, das 14h às 20h.

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