Novos sabores da cerveja

Rótulos importados e nacionais fazem a festa de quem aprecia geladas de diferentes sabores

06/02/2009 07:00
Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press
Marcelo Haddad, do Paladino, mostra opções de cervejas que caem bem com picanha suína ou com truta frita (foto: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)

Você chega ao restaurante, folheia o cardápio, escolhe o prato e na hora de decidir o que beber... surpresa! Além de vinhos tintos, brancos, rosês e de espumantes, o que se vê são cervejas – e de várias partes do mundo, incluindo Brasil. Pilsen, bock, dunkel, stout, porter, pale ale, trapista, belgian ale, trigo e bitter são alguns dos estilos mais comuns nas cartas que começam a se espalhar por Belo Horizonte, presentes em casas que antes não dispunham de mais do que dois ou três rótulos importados, um ou outro chope artesanal ou apenas as grandes marcas nacionais.

A tendência não se refere a casas especializadas, como Haus München, Frei Tuck e Café Viena, cuja oferta pode chegar a 300 variedades. De fato, são locais cujo estoque anterior era irrisório se comparado ao número de vinhos – mesmo nas cartas mais modestas. Exemplo recente é o do Restaurante Paladino, que tem carta com 52 rótulos. Os preços variam entre R$ 4 e R$ 49 (garrafa), porém, a maioria custa entre R$ 14 e R$ 18. “As pessoas vinham para cá para tomar uma cerveja alemã e um chope artesanal que tínhamos. Percebi que elas estavam começando a ficar com poucas opções”, afirma Marcelo Haddad, proprietário da casa.

Além de nome, origem, família, estilo e graduação alcóolica, a carta conta com descrição detalhada, o que inclui informações sobre aroma, sabor e corpo da bebida e sugestões de harmonização com pratos da casa. A alemã de trigo Justus (R$ 13, 500ml), por exemplo, pode acompanhar a truta com vinagrete quente e risoto de cúrcuma com queijo do Serro (R$ 54, para duas pessoas). Já a india pale ale Falke Bier (R$ 18, 600ml), feita em Minas, é recomendada para a picanha suína com cuscuz, feijão-de-corda, almeirão e arroz (R$ 48, para duas pessoas). Também é possível seguir roteiros de degustação de quatro a seis cervejas diferentes, agrupadas por região ou estilo – cada roteiro consumido dá direito a um copo especial de brinde.

Quem elaborou a carta foi Felipe Viegas, proprietário da Bier Gourmet, distribuidora de cervejas nacionais e importadas na cidade. Foi a primeira que fez nesse modelo e, em breve, implantará semelhantes em casas como Haus München, Obar, Social e Aurus. “O universo da cerveja é bem maior que o do vinho. As possibilidades de variar uma receita da bebida são infinitas. Uma simples alteração de temperatura num determinado momento da produção altera completamente o produto final”, explica ele.

PIONEIRA

Outra carta de cerveja relativamente recente é a do Restaurante La Pasta Gialla, franquia do chef paulistano Sergio Arno aberta no final de novembro passado. É a 14ª unidade aberta no país e a primeira a ter todo o cardápio harmonizado com cerveja. O proprietário João Bosco Fernandes optou por trabalhar exclusivamente com os rótulos da cervejaria mineira Backer: trigo, pilsen, pale ale e brown (porter estilo inglês) – R$ 5,90 (330ml). “Os restaurantes merecem esse tratamento, atendendo não apenas o público cervejeiro, mas o gourmet que aprecia cerveja”, afirma João Bosco.

“Há quem escolha o prato e, depois, a cerveja, mas a maioria escolhe primeiro a cerveja. Também tenho visto, em mesa de casal, um pedir cerveja e outro, vinho”, conta. A bruschetta pizzaiola (molho de tomate com manjericão, alho, orégano, muçarela e azeite; R$ 18, unidade) é recomendada quando a escolha é a cerveja de trigo; já o strozzapretti ao molho de linguiça defumada com pimenta dedo-de-moça (R$ 26, individual) é sugerido quando o freguês pede a brown.

COM PETISCOS

No Santafé, a carta de cervejas também é novidade. Foi desenvolvida para projeto de verão da casa e, pelo jeito, veio para ficar. Um armário de 3m de altura foi colocado no entrada da casa para mostrar os rótulos disponíveis. São 30 (entre R$ 3,80 e R$ 22,80, garrafa), todos com ao menos um petisco. “O que mais me chama a atenção é o fato de que há pouco tempo ninguém falava de cerveja artesanal e hoje existem mais de 250 microcervejarias no Brasil, oito delas no entorno de Belo Horizonte”, conta Agilberto Martins, um dos proprietários. Algumas das opções de harmonização são o joelho de porco com batata creme e molho de mostarda (R$ 23) com a cerveja alemã de trigo Franziskaner (R$ 13, 500ml); e a porção de camarões empanados com chutney de manga (R$ 29,80) com a pilsen tcheca 1795 (R$ 12,90, 500ml).

QUEM É QUEM

Pilsen

Estilo mais popular na Brasil, é clara e leve, com sabor e aroma mais simples. O teor alcólico fica entre 4% e 6%. A tcheca Urquell é a referência.

Bock
Cor entre cobre e marrom, teor alcóolico pouco maior que o da pilsen e notas doces mais presentes que as amargas.

Dunkel
Escura, tem teor alcoólico semelhante ao da pilsen. Na boca, apresenta corpo médio e notas moderadas de torrefação.

Stout
Cremosa, encorpada e negra, tem na irlandesa Guinness o exemplo mais conhecido. O sabor remete a café, cacau e notas de torrefação.

Porter
A cor varia entre diversas gradações de marrom. Notas de torrefação e caramelo variam em função da torra do malte. Corpo médio.

India pale ale
Aroma frutado e corpo médio, com sabor complexo e amargor pronunciado. O lúpulo intenso é uma das principais características, no aroma e paladar.

Trapista
Feita originalmente por monges belgas e holandeses. Alto teor alcóolico, encorpada, sabor complexo e aroma de frutas.

Bitter
Amargor de médio a alto, com corpo entre leve e médio. Cor clara, podendo ir até cobre. A presença do lúpulo, varia bastante de um rótulo para o outro.

Fonte: BJCP

Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press
Joelho de porco harmonizado com a cerveja alemã de trigo Franziskaner (foto: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)
ONDE IR

Café Viena

Avenida do Contorno, 3.968, Funcionários. (31) 3221-9555. Aberto de segunda a sexta, das 8h à 1h; sábado, das 8h ao último cliente.

Frei Tuck
Avenida do Contorno, 5.757, Savassi. (31) 3285-3694. Aberto de segunda a sexta, das 11h20 à 1h; sábado, das 12h à 1h.

Haus München
Rua Juiz de Fora, 1.257, Santo Agostinho. (31) 3291-6900. Aberto de segunda a sexta, das 12h às 15h e das 18h à 0h; sábado, das 12h à 0h; domingo, das 12h às 17h.

La Pasta Gialla
Rua Levindo Lopes, 96, Savassi. (31) 2515-9696. Aberto segunda, das 12h às 14h30; terça a sexta, das 12h às 14h30 e das 19h à meia-noite; sábado, das 12h30 às 17h e das 19h à 1h; domingo, das 12h30 às 17h.

Paladino
Avenida Gildo Macedo Lacerda, 300, Braúnas (Pampulha). (31) 3447-6604. Aberto terça, 11h às 16h; quarta e quinta, das 11h à meia-noite; sexta e sábado, das 11h à 1h; domingo e feriado, das 11h às 18h.

Santafé
Rua Pernambuco, 800, Savassi. (31) 3261-6446. Aberto de segunda a sexta, das 12h às 15h e das 18h ao último cliente; sábado, das 12h ao último cliente; domingo, das 12h às 17h.

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