Café Benzadeus é espaço diferenciado no Centro

03/10/2008 07:00
Pedro David/Esp. eM/D.A Pres
O Café Benzadeus, instalado no Centro, oferece oito sabores de pastéis (foto: Pedro David/Esp. eM/D.A Pres)
Ainda muito longe de competir com regiões como Savassi, Lourdes, Anchieta e Santa Teresa, pouco a pouco o Centro está se tornando região atraente para quem aprecia os prazeres da gastronomia. É verdade que a oferta de restaurantes se limita quase que exclusivamente a casas de self-service acima da média, mas a recente inauguração de estabelecimentos como o Bar Butecando, ao lado do Maletta, e o Café Kahlúa, no Museu Inimá de Paula, são provas de que muita gente que passa por ali quer mais do que um mero cafezinho e está “mal acostumada” à variedade de petiscos que os botequins da cidade costumam oferecer. O Café Benzadeus, aberto semana passada, acaba de entrar para esse time.

Instalado na esquina da Rua da Bahia com Avenida Augusto de Lima, o café está onde antes funcionaram banco, loja de roupas, de eletrodomésticos e, por fim, de móveis. As obras levaram oito meses – projeto e decoração têm assinatura de Irma Lara. Com capacidade para 72 pessoas, a casa conta com dois ambientes distintos: mais simples e informal, à esquerda; e mais charmoso, que convida a maior permanência, à direita. Entre os dois, balcão em U com vitrine de docinhos e salgados, ideal para lanches apressados, daqueles feito em pé. Outra vitrine, logo na entrada, expõe doces variados, em fatia, taça ou miniatura. Pastéis (oito sabores; entre R$ 1 e R$ 1,25) e crepes (17 sabores; entre R$ 8,80 e R$ 15,90) são preparados na frente do cliente.

“No início, queria uma pastelaria fina, o que não existe aqui no Centro. Como o imóvel é grande, vi que dava para conciliar mais coisas no mesmo ambiente”, conta a proprietária Shirley Barroso, que também é dona do Vatel, restaurante que fica próximo, na Rua Goitacazes. É difícil precisar se esse processo de valorização está ligado somente a clientela que trabalha no Centro e está se tornando mais exigente ou se existe uma freguesia crescente – quantitativa e qualitativamente – que visita e estimula o desenvolvimento da região. “No Centro há uma população de bom poder aquisitivo e bom gosto. As pessoas sentem necessidade de bons lugares para lanchar e sentar por aqui”, completa.

O objetivo, afirma, é servir café e lanche “padrão gourmet”. É por isso que tudo – à exceção do pão de queijo – é feito na própria cozinha do local. Quem comanda essa parte é a gerente Alda Barroso, que acumulou experiência em governança e culinária durante os sete anos em que morou nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, graduou-se em administração e, recentemente, fez curso de barista. Algumas receitas, como a do bolo de cenoura com nozes, avelãs e passas (R$ 3,60, fatia), aprendeu no exterior. Outras, tem sotaque tipicamente mineiro, a exemplo da broa de fubá (que aprendeu com a família de Shirley; R$ 2,50) e do pastel, cujo queijo vem da cidade mineira de Coluna (onde as duas nasceram).

ESTÔMAGO A carta de bebidas inclui vinhos (10 rótulos; entre R$ 32 e R$ 270), cervejas (4 tipos; entre R$ 4 e R$ 6,60), coquetéis (12 variedades; entre R$ 5,60 e R$ 18,60) e grande variedade de sucos naturais (13 sabores; R$ 3, em média). Já o café é comprado da Fazenda Pessegueiro (interior de São Paulo), uma das principais referências do país em grãos especiais. É servido como expresso (R$ 2,20), cappuccino (R$ 2,50) e outras pedidas clássicas, como macchiato (R$ 2,50) e moccha (R$ 7,80), além de coado e acompanhado por broa de fubá (servido em bule e xícaras de ágata; R$ 6,80, para duas pessoas). Em breve, haverá cafés de outras regiões produtoras.

Ainda este mês, a casa receberá pacote de um dos cafés mais raros do mundo, o kopi luwak, importado da Indonésia. A produção é limitadíssima e o preço, claro, muito alto: cerca de US$ 700 (400g). O produto é, no mínimo, curioso: os grãos são recolhidos não no cafezal, mas no chão, depois de passarem pelo sistema digestivo da civeta, mamífero semelhante ao gato e que come apenas os frutos mais doces e maduros – os grãos, obviamente, são higienizados. O sabor, devido a ação das bactérias e enzimas do estômago do animal, é classificado como inigualável. Já existe lista de interessados em provar a iguaria.

BENZADEUS
Rua da Bahia, 1.071, Centro, (31) 3214-3234. Aberto de segunda a sábado, das 8h às 22h.

MAIS SOBRE GASTRONOMIA