Unidos do Samba Queixinho se une ao grupo Corpo e mostra verdadeira arte do carnaval

Sob sol quente e com muita empolgação da bateria com 150 integrantes de camisa listrada vermelho e preto, a turma esbanjou harmonia e contagiou durante todo o cortejo, que parou na porta da sede do Corpo, na Avenida Bandeirantes

por Gustavo Werneck 03/03/2019 18:39
Sidney Lopes/ EM/ D.A Press
(foto: Sidney Lopes/ EM/ D.A Press)
“Sonhei que estava em Moscou, dançando um pagode...” A música-tema não poderia ser mais adequada ao bloco Unidos do Samba do Queixinho, que arrastou uma multidão, na tarde de ontem, na Avenida Bandeirantes, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Desta vez, a agremiação que comemora 10 anos de folia teve o auxílio luxuoso de 30 pessoas do Grupo Corpo, sendo 30 bailarinos e o coreógrafo Rodrigo Pederneiras.

Ver galeria . 10 Fotos Bloco Queixinho se apresentou no segundo dia de carnavalSidney Lopes/EM/DA Press
Bloco Queixinho se apresentou no segundo dia de carnaval (foto: Sidney Lopes/EM/DA Press )


Longe dos movimentos que encantam o mundo em vários espetáculos, os bailarinos esbanjaram simpatia, a exemplo da paulista Rafaela Fernandes, que passa o carnaval pela primeira vez em BH. “Está uma delícia. É tudo bem diferente do palco”, disse Rafaela sobre o desfile que trazia, à frente, o estandarte com a caveira mexicana.

Sob sol quente e com muita empolgação da bateria com 150 integrantes de camisa listrada vermelho e preto, a turma esbanjou harmonia e contagiou durante todo o cortejo, que parou na porta da sede do Corpo, na Bandeirantes. “Carnaval empolga demais, ainda mais trazendo essa turma do balé para ao asfalto”, comentou uma mulher que aplaudia e rebolava ao som da bateria.

O Queixinho se confunde com a retomada da folia de rua em Belo Horizonte, na última década. Em entrevista ao Estado de Minas, o mestre de bateria e um dos fundadores do bloco, Gustavo Caetano, ressaltou a importância da interação. “Gostamos de promover o diálogo entre as culturas da cidade”, disse Gustavo, lembrando que o “Corpo na rua”, se inspirou na trajetória da companhia belo-horizontina de dança contemporânea, fundada em 1975 e internacionalmente premiada. A conexão do bloco com outros grupos artísticos da cidade também se deu em desfiles anteriores: em 2016, o homenageado foi o Galpão e, ano passado, o bloco levou os bonecos do Giramundo para a folia.

MOVIMENTOS Se o Corpo encanta o público com as coreografias de Rodrigo Pederneiras, no carnaval o movimento é livre. Como os foliões viram ontem, os bailarinos estavam no meio da bateria, alguns de preto, com o símbolo do bloco nas costas. “Não temos uma performance combinada, mas vamos mostrar que os bailarinos são pessoas comuns, curtindo carnaval de rua e muito felizes de estar ali”, disse Gustavo. E todo mundo estava bem animado cantando vários ritmos. Uma que impressionou pela cadência foi a canção praieira de Dorival Caymmi: Minha jangada vai sair pro mar...

Gustavo reforçou a ideia de que a folia do Queixinho, além de reconhecer o trabalho da companhia de dança mineira, é conceitual. “Nas décadas anteriores, chegava esta época e as pessoas viajavam. As ruas de cidade ficavam vazias de corpos. O novo carnaval trouxe nova autoestima para BH e para as pessoas. É uma nova relação dos corpos com as ruas”, defende. “Desde o primeiro ano do Queixinho, fico muito feliz em dar esse presente para cidade. De pensar que há 10 anos não tinha ninguém na rua e hoje você pode pôr o bloco na avenida, com vários ritmistas que se dedicam o ano todo. Queremos promover BH, mostrar para o Brasil que amamos a nossa cidade e gostamos de estar aqui no carnaval”, afirmou Gustavo.

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