

A pesquisa, realizada pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB-UFRJ), foi publicada esta semana na revista especializada Peer J.
Na experiência, os pesquisadores expuseram células com capacidade de se transformarem em estruturas neurais humanas à substância. "Nós criamos (em laboratório) progenitores neurais, ou seja, células humanas que vão dar origem a neurônios. Esse é o grande diferencial do nosso trabalho”, diz Stevens Rehens, um dos autores do projeto e pesquisador do Idor.
Proliferação
Depois de quatro dias, foi descoberto que a substância aumentou a proliferação de progenitores neurais humanos em 71%. “Colocamos uma quantidade de células em cultura, em uma placa, e expusemos essas células à harmina. Quando realizamos essa exposição, vimos que o nível dessas células aumentou de forma significativa”, explica o cientista.
O resultado instigou a equipe a descobrir como a substância age sobre as células progenitoras. “Nós usamos uma série de ferramentas bioquímicas e concluímos que ela inibe uma enzima chamada DYRK1A. E o interessante é que essa enzima está extremamente ativada ao mal de Alzheimer e à síndrome de Down.”
Segundo Stevens, o resultado tem grande relevância. “Temos o diferencial de que foi feito com células humanas, e o estudo abre a perspectiva de se estudar a harmina com uma possibilidade de aplicação terapêutica”, considerou.
Para o cientista, isso abre precedentes para que o tema seja mais explorado na comunidade científica.
“Precisamos fazer muito mais estudos nesse sentido. Nós temos uma primeira evidência. É o primeiro tijolinho de um trabalho que busca evidenciar substâncias que, muitas vezes, são proibidas, mas têm um potencial terapêutico que precisa ser estudado" - Stevens Rehens, pesquisador do Idor
"Precisamos aumentar esse tipo de pesquisa no país”, completa Stevens. O grupo de pesquisa contou com o apoio financeiro das agências brasileiras de fomento Faperj, CNPq, Capes, Finep, BNDES e Fapesp.