Petição quer impedir entrada no Brasil de norte-americano que 'ensina' técnicas para 'pegar mulheres'

Especialista brasileiro em relacionamentos amorosos diz que Julien Blanc usa técnicas militares para imobilização de mulheres e Polícia Federal afirma que a petição digital não é suficiente para que a corporação impeça a entrada do estrangeiro no Brasil

por Valéria Mendes 12/11/2014 11:14

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Reprodução Instagram
A agenda oficial de Julien Blanc diz que ele virá ao Rio de Janeiro e Florianópolis em janeiro de 2015 (foto: Reprodução Instagram)
Ele já foi deportado da Austrália e teve eventos cancelados em outros países mundo afora. Agora, o consultor norte-americano Julien Blanc, 25 anos, quer vir ao Brasil ensinar técnicas controversas de “como pegar mulheres” aos brasileiros. No entanto, mais de 140 mil pessoas já assinaram, até o fechamento da reportagem, uma petição pública criada no 'avaaz.org' e direcionada à Delegacia de Imigração Nacional que pede que a Polícia Federal impeça a entrada dele no país. O objetivo é alcançar a marca de 1 milhão. Um evento no Facebook também foi criado para divulgar a mobilização e já tem 6 mil pessoas confirmadas. "Faça ela gostar de você mesmo que você seja um mala", é uma das frases atribuída a Blanc, conhecido por propagar táticas como: ignorar o não, atacar a autoestima e chegar sufocando mulheres em bares até a forçar os rostos delas em direção à virilha do homem. Blanc é um dos instrutores da empresa Real Social Dynamics (RSD) e já esteve no Brasil em 2012.

Em entrevista ao Correio Braziliense, a produtora de cinema e ativista feminista Jazz Mota, uma das idealizadoras da petição brasileira, diz que o objetivo da campanha não é apenas impedir que Julien entre no país. "Gira em torno da causa maior: o combate à violencia contra a mulher, pois não podemos suportar mais e é uma prova de que estamos juntos para combater isso", defende. O texto da petição diz que, na agenda oficial de Julien Blanc, ele virá ao Rio de Janeiro e Florianópolis em janeiro de 2015.

O auxílio na conquista e paquera é um serviço que existe em forma de palestras motivacionais, livros de autoajuda, cursos ou workshops. Mesmo que fundamentados na cultura machista, os paradigmas são outros. Autor do conhecido Sedução Revelada e de outros dez livros sobre relacionamento, o consultor brasileiro e especialista em relacionamentos amorosos, Alexandre Voger afirma que o norte-americano utiliza técnicas militares para imobilização. “A mulher pode até perder um pouco os sentidos, o que ele faz está dentro de um contexto de agressão e não, de sedução”, diz.



Voger explica que a forma como os consultores de relacionamento geralmente trabalham foca em auxiliar homens ou mulheres a vencer a ansiedade ou a timidez para se aproximar da pessoa que lhe desperta interesse. Segundo ele, o grande problema da aproximação é a pessoa projetar que ela será rejeitada. “É preciso iniciar a conversa sem mentalizar o contexto da conquista. O homem, por exemplo, pode pensar que está ali para conhecer melhor aquela mulher que o interessa ou pelo simples prazer de conversar”, pondera.

Para ele, tanto timidez quanto ansiedade são estados de humor e não um traço da personalidade. “Um homem jamais precisa se utilizar de técnicas manipulativas e agressivas em relação a uma mulher”, reforça. Voger estará em Belo Horizonte em dezembro para ministrar o Workshop ‘Sedução e Relacionamentos’.

Na Austrália, a petição organizada pela ativista Jennifer Li reuniu 41 mil assinaturas e, segundo texto divulgado no abaixo-assinado brasileiro, resultou na deportação de Julien Blanc. Por aqui, a Polícia Federal ressalta que uma petição digital não é um instrumento capaz de inviabilizar a entrada de um estrangeiro ao país. Segundo a assessoria de imprensa da PF, seria necessário judicializar essa demanda.

A PUA Training Brasil nega que esteja trazendo Blanc ao país.