Sucesso na internet, filme indiano revela as faces do assédio contra as mulheres

Lançado em 16 de dezembro de 2013, o vídeo já tem mais de 2 milhões de visualizações. 'Dekh Le' mostra a face do assédio sexual se voltando para o homem

por Valéria Mendes 06/01/2014 12:09

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Reprodução Dekh Le
Como o homem reagiria se o olhar do assédio fosse voltado para ele? (foto: Reprodução Dekh Le)
Em 16 de dezembro de 2012, um estupro coletivo de uma jovem em Nova Délhi, na Índia, tomou as manchetes mundo afora pela brutalidade e crueldade do ataque. A estudante de fisioterapia, de 23 anos, morreu 13 dias depois de ser atacada por seis homens em um ônibus quando voltava do cinema com o namorado, que assistiu a tudo. Quatro dos acusados foram condenados à morte após um julgamento acelerado. Um menor de idade foi condenado à prisão (leia mais).

O crime provocou uma onda de manifestações em massa em todo o país e incitou um debate sobre a maneira como as mulheres são tratadas na Índia. Em luto, as comemorações de ano novo foram canceladas no país naquele ano. As Forças Armadas, clubes sofisticados, políticos e indianos comuns cancelaram as festas em respeito à mulher vítima do ataque brutal.

Exatamente um ano depois, o Whistling Woods International Institute, uma escola de artes localizada em Mumbai, lançou uma campanha para promover o debate sobre o assédio às mulheres na Índia. Já visto por quase 2,5 milhões de pessoas, o vídeo ‘Dekh Le’ mostra a face do assédio sexual voltada para o homem. Como esse homem reagiria se o olhar do assédio fosse voltado para ele? Assista:



A história se repete
O país viu a cena se repetir em outubro de 2013. Uma menina de 16 anos foi atacada em 26 de outubro e novamente no dia seguinte por um grupo de mais de seis homens perto da casa de sua família na cidade de Madhyagram, 25 km ao norte de Calcutá. O segundo estupro coletivo aconteceu quando ela estava voltando para casa depois de ter ido prestar queixa do primeiro ataque numa delegacia de polícia. Em 23 de dezembro, atearam fogo na adolescente e ela morreu no hospital, na noite de Ano Novo (leia mais).

Novamente, ativistas foram às ruas em Calcutá no primeiro dia de 2014 denunciar os crimes e as brutalidades cometidas contra as mulheres indianas.

No Brasil
Por aqui, os estupros também são um problema de segurança grave. Na última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que contém dados sobre todas os boletins de ocorrência registrados em 2012, o número desses crimes no país superou os de homicídios dolosos (aqueles em que não há a intenção de matar). No ano, foram registrados 50.617 casos de estupro, o que equivale a 26,1 estupros por grupo de 100 mil habitantes. A marca representa um aumento de 18,17% em relação a 2011, quando a taxa foi de 22,1 por grupo de 100 mil.

Leia também: Empresa cria cinto de castidade moderno e levanta polêmica sobre formas de prevenir o estupro

No ano passado, o blog thinkolga.com lançou a campanha ‘Chega de Fiu Fiu’ para levantar a discussão sobre assédio nas ruas. Na época, o Saúde Plena, ouviu especialistas da sociologia, da ciência política e do direito - além dos homens, é claro - sobre a situação enfrentada por mulheres no mundo inteiro, todos os dias, com menor ou maior gravidade.

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