Cabelos com cores berrantes ficam cada vez mais populares

Em celebridades e em pessoas comuns, na novela e na vida real, entre adolescentes e adultos, um arco-íris na cabeça

por Renata Rusky 12/04/2014 08:01

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Quem nunca pintou o cabelo com papel crepom colorido? Tudo bem, você provavelmente era pré-adolescente. Agora, porém, esse é um recurso fashionista. A lista de celebridades que estão adotando a moda só aumenta. Nicki Minaj foi uma das precursoras da tendência. Também aderiram Ke$ha, Katy Perry, Lady Gaga e Avril Lavigne. As quatro já são conhecidas por não ter medo de inovar, mas, recentemente, até as classudas Sienna Miller, Kate Bosworth e Alexa Chung exibiram madeixas coloridas. A marca de calçados Melissa também comprou a ideia, escalando a norte-americana Chloe Norgaard (e sua cabeleira arco-íris) para sua campanha. E tem mais: os personagens da novela Meu pedacinho de chão, que estreia amanhã na Globo, usam perucas coloridas.

Janine Moraes/CB/D.A Press
Para Virgínia Marques, o tom roxo reafirma a sua personalidade (foto: Janine Moraes/CB/D.A Press)
Vírginia Marques, 55 anos, publicitária, fez sua primeira mecha roxa em fevereiro passado. Adorou. Para ela, tem a ver com estado de espírito e com não se importar com o que os outros pensam. Ciente do preconceito alheio, Virgínia se surpreendeu com a quantidade de pessoas que vieram elogiar honestamente. “Eu acho que tem uma idade em que a gente já não deve mais nada a ninguém. Além disso, eu estou bem mais segura do que eu quero”, desabafa. Seus dois filhos gostaram e isso mais do que basta. “Eu acho que alegrou meu visual. A cor é só mais um adereço possível, como se fosse um colar. É uma forma também de se diferenciar dos outros. Ninguém quer ser igual a todo mundo”, define. Ousar no visual do cabelo fez com que ela também ousasse mais na maquiagem, nas roupas. O próximo passo é fazer a tatuagem que deseja há anos.

O cabelereiro Felipe Schuman acredita que é preciso certa personalidade e pose pra segurar o estilo das chamadas cores fantasia — não importa se aplicadas em apenas algumas mechas ou no cabelo todo, com um ou vários tons. De fato, a aparência não pode destoar muito daquilo que a pessoa é. O que importa não é a idade, mas a presença. Ele garante que, no salão dele, meninos, meninas, adultos e até idosos procuram cabelos verdes, rosas, azuis e roxos.

A estudante Camila Marques, 18 anos, começou a tingir os cabelos aos 15. Ela havia pintado de vermelho-fogo durante as férias, mas, quando as aulas voltaram, tinha muita gente com a cabeça igual à dela. Foi então que resolveu radicalizar e usar matizes menos tradicionais. “No início, eram as cores mais frias, roxo, verde”, conta. Apesar do atual cabelo rosa, a turqueza até hoje é sua preferida. Os pais de Camila não gostam muito. A mãe, por ter dó do cabelo da filha, e o pai, por preferir um visual mais natural. “Ele não curte muito nem quando minha mãe faz luzes”, confessa.

O dó da mãe de Camila faz sentido. Para colorir os fios com cores fantasias, deve-se, primeiro, descolori-los com água oxigenada, processo que maltrata o cabelo. Em compensação, esse tipo de tintura não contém amônia. A substância agressiva é responsável por fixar a cor — por isso, as tintas fantasias só duram até 20 lavagens.

Gustavo Moreno/CB/D.A Press
Camila passou pela azul, pela verde, pela roxa, mas sua cor favorita continua sendo a turqueza (foto: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
A hidratação de cabelos coloridos tem dupla função: deixar o fio saudável e manter a cor. “As cutículas dos fios ficam abertas por causa da descoloração e isso faz com que a cor vá embora rapidamente. A hidratação fecha e prende a cor”, explica a cabelereira Sefhora Rocha. Outra forma de manter a cor por mais tempo é provocando a saturação dela: “A cor dura cerca de 20 dias para quem lava o cabelo diariamente. Se for feita uma manutenção a cada 15 dias, é como se o fio adquirisse memória daquela cor”.

Como diversas outras técnicas, muita gente descolore e tinge os cabelos com cores fantasias em casa, o que abre a possibilidade de um desastre. O cabeleireiro Felipe Schuman alerta para o perigo. “É complicado saber o quanto descolorir. Quem quiser um resultado azul, tem que descolorir mais, pois o cabelo não pode ter nada de amarelo. Se tiver, vai ficar verde”, exemplifica. O mesmo risco é possível com a cor vermelha. Se as madeixas não estiverem descoloridas o suficiente, podem ficar alaranjadas.

O retoque exige habilidade. O segredo está em manter o tom das pontas à raiz. “Na hora de retocar, a pessoa já esqueceu o quanto descoloriu a raiz na primeira vez, daí as cores não ficam harmônicas”, explica Sefhora Rocha. Camila passou por uma situação extrema fazendo o processo sozinha. Em vez de descolorir apenas a raiz, descoloriu todo o cabelo. “Parecia que meu cabelo ia cair”, conta. Ela garante que aprendeu com a situação. Continua fazendo em casa, mas com todo cuidado.

Rainbow hair
Se está na moda cabelos rosa, roxo, verde, azul, por que não unir todas essas cores?
Essa é outra tendência bastante difundida por celebridades — cada mecha de uma cor.
A cabeleireira Sefhora Rocha explica que, por mais bonito que seja, o estilo é muito artístico e não funciona para as pessoas da vida real. Ela apresenta dois argumentos. Primeiro, a cada lavagem, sai um pouco de tinta colorida. Se houver várias cores misturadas, uma vai manchar a outra. Segundo, a manutenção fica muito mais complicada, já que se deve pegar as mechas de cada cor perfeitamente.

Técnicas alternativas
Antigamente, era o papel crepom o mais usado para tingir cabelos. Com criatividade, as opções aumentaram. Atualmente, usa-se anilina ou até giz pastel. Uma rápida pesquisa em um site de buscas entrega os depoimentos e os tutoriais de meninas que já usaram esses produtos com a finalidade de pintar os cabelos. Nenhum profissional, no entanto, recomenda.