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Estado de Minas

Peça 'Lifting, uma comédia cirúrgica' traz reflexão sobre os padrões de beleza

Espetáculo mostra até onde estão dispostas a ir e o que motiva as mulheres que recorrem a procedimentos para manter a beleza e a juventude


25/05/2018 09:21 - atualizado 25/05/2018 09:32

Drica Moraes, Ângela Rebello, Lorena da Silva e Luísa Pitta formam o elenco de 'Lifting, uma comédia cirúrgica'. (foto: Gabi Castro/Divulgação)
Drica Moraes, Ângela Rebello, Lorena da Silva e Luísa Pitta formam o elenco de 'Lifting, uma comédia cirúrgica'. (foto: Gabi Castro/Divulgação)

Em tempos de hipervalorização das curtidas em fotos nas redes sociais, parece evidente a pressão que as mulheres sofrem para se manter jovens e belas. Uma correção no nariz aqui. A busca pela magreza ali. Acolá, truques para a pele perfeita. Mas nem tudo são likes. A ditadura estética destrói a autoestima, limita oportunidades profissionais e rende tensões das mais variadas. Esse quadro é apresentado, de forma leve, no espetáculo Lifting, uma comédia cirúrgica, que tem sessões nesta sexta (25) e no sábado (26) em BH, no Teatro Sesiminas.

Com texto original do espanhol Félix Sabroso e direção de Cesar Augusto, Drica Moraes, Ângela Rebello, Lorena da Silva e Luísa Pitta assumem personagens femininas de diferentes idades e que, embora passem por situações distintas, confrontam-se com padrões impostos. “É um espetáculo lúdico, imprevisível. Cada quadro apresenta, de forma original, as questões em torna da beleza e eterna juventude, o que é imposto pela sociedade”, afirma o diretor.

A comédia se estrutura a partir de esquetes em que as atrizes colocam lentes de aumento em situações corriqueiras vividas na esfera pública e privada, nas quais a cobrança aparece de maneira sutil ou não. “As personagens exacerbam essas questões, levemente bizarras, quando levam a situação ao ponto limite”, afirma Drica.

Ela adianta histórias que encenam: “Faço a mãe da personagem da Luísa. As duas competem entre si, e a filha negocia ganhar peitos de presente se passar na universidade. A mãe é uma mulher altamente siliconada, que se pretende adolescente para o resto da vida. Em outra esquete, faço uma advogada que defende a mulher de um prefeito, acusada de desvio de recurso público para colocar botox. Ainda tem a cena da mulher que mutila a orelha para agradar o marido, que a ridicularizava por esse traço. Ela corta e mistura com ovos mexidos, serve ao marido que nem percebe.” Sobre o spoiler, brinca: “É bizarro. A parte canibalista”.

O elenco se quintuplica pelas possibilidades de as atrizes viverem diferentes personagens. Cada uma interpreta cinco em quadros “curtos, leves e irônicos”. Usam como recursos cênicos a música, a dança e o humor. Drica tem se defrontado com a reflexão sobre apressão de padrões de beleza sobre as mulheres em trabalhos recentes. “Foi um chamamento da Ângela Rebello. Por coincidência, estava gravando a série A fórmula, que tinha essa mesma temática”, afirma.

A peça não pretende ditar regras do que pode ou não quando o assunto é beleza. “Não temos nada contra cirurgia e as opções que as mulheres têm para ficarem melhor e bem consigo mesmas. Nós quatro mesmas fazemos limpeza, clareamento de pele, preenchimento, mas algo leve”, diz. A peça coloca em análise a medida desses procedimentos e as razões pelas quais as pessoas se submetem a eles. “Fazem para si ou para agradar o outro. Segurar casamento, agradar o patrão?”, questiona.

O texto original foi escrito no final da década de 1980. De lá para cá, Drica vê avanços na liberdade da mulher para ser o que quiser, inclusive em termos de aparência. Ela pondera que aumentaram as cobranças estéticas para os homens, mas que eles podem envelhecer melhor sem cobranças. Podem assumir os cabelos grisalhos e a barriga. Mas o mesmo não é tolerado para as mulheres.

LIVRO DE OURO Embora a amizade entre o quarteto tenha nascido no teatro, elas ainda não haviam atuado juntas. Inicialmente, a atriz Solange Badim (1964 -2017) integrava o elenco, mas se afastou por problemas de saúde. Solange assistiu à estreia em junho do ano passado, mas faleceu pouco tempo depois, em novembro. “O espetáculo resulta de processo de cura e homenagem a ela, uma atriz muito forte e de temperamento cômico”, diz Drica. Outro aspecto que a atriz destaca sobre a montagem é a forma de financiamento.

Ela pontua que a crise financeira do Estado do Rio de Janeiro resultou em limitações no fomento à cultura. “A competição para as leis de incentivo à cultura é muito grande”, diz. Para tirar o projeto do papel, as atrizes colocaram a mão no bolso, aportando recursos próprios. Também passaram um “livro de ouro” para contar com a colaboração dos amigos. “Está dando supercerto. Na propaganda boca a boca, a plateia faz o teatro encher. O espetáculo rodou seis capitais e cinco cidades do interior de São Paulo e Rio de Janeiro. Estamos encerrando essa fase aqui em BH.”

Em paralelo ao trabalho do teatro, Drica se dedica à TV e ao cinema. Na próxima semana, estará em episódio da quarta temporada de Mister Brau. “A série é sensacional. Fala, com muita liberdade, de família negra bem-sucedida. Como mãe de filho negro, fico exultante”, diz, sobre o filho Mateus, de 9. Ela ainda grava adaptação para o cinema da peça Pérola, escrita por Mauro Rasi, e está escalada para a próxima novela das 21h da Globo, que começará a ser gravada em dezembro.

Lifting – Uma comédia cirúrgica
Sexta (25), às 21h, e sábado (26), às 20h. Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Vendas na bilheteria do teatro e no site www.tudus.com.br. Mais informações: (31) 3241-7181.


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