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Estado de Minas

Clarissa Kahane estreia curta temporada do monólogo 'Meu saba' em BH

Texto foi baseado em livro da neta de Ytzhak Rabin sobre o assassinato do avô, em 1995, durante negociações de acordo de paz entre Israel e Palestina


24/05/2018 09:17 - atualizado 24/05/2018 09:26

Atriz Clarissa Kahane se move por uma estrada interrompida em Meu saba. Cenário e iluminação do espetáculo foram premiados. (foto: Pedro Fulgêncio/Divulgação)
Atriz Clarissa Kahane se move por uma estrada interrompida em Meu saba. Cenário e iluminação do espetáculo foram premiados. (foto: Pedro Fulgêncio/Divulgação)

Saba significa avô em hebraico. No caso de Noa Rabin, seu amado ‘saba’ era também uma figura decisiva nas negociações de paz no conflito israelo-palestino, que foi assassinado quando a neta tinha 19 anos. No funeral do premiê israelense Ytzhak Rabin, em 1995, Noa Rabin discursou diante de autoridades políticas e emissoras de TV de vários países. O ponto de vista da jovem no momento trágico da perda do avô foi relatado no livro Em nome da dor e da esperança. O texto é a base do monólogo Meu saba, que a atriz brasileira Clarissa Kahane estreia nesta quinta-feira (24) em BH. O espetáculo fica em cartaz até domingo (3/6), no CCBB.

Vencedor do prêmio Nobel da Paz um ano antes de seu assassinato – ao lado dos líderes Yasser Arafat (Palestina) e Shimon Peres (Israel), em reconhecimento ao seu esforço para chegar a um acordo de paz – Rabin foi assassinado por um judeu israelense de extrema direita, contrário às negociações. Noa foi a escolhida pela família de Rabin para fazer o pronunciamento.

Na adolescência, Clarissa Kahane ganhou de sua avó um exemplar de Em nome da dor e da esperança. Daí surgiu a inspiração para a peça dirigida por Daniel Herz, que está em cartaz desde 2015. “Acho que fazer o espetáculo há três anos aproximou cada vez mais a personagem de mim. É como se fosse uma relação mesmo. Fui conhecendo melhor, me apropriando mais do gesto, das falas, tornando tudo mais orgânico. Israel vive muita tensão, um dado muito triste, espero que a gente consiga vencer essa barreira”, afirma a atriz.

Ao longo de 60 minutos no palco, ela encarna Noa e expõe o que pode ter se passado na cabeça da garota, nos 30 segundos entre se levantar da cadeira em que estava sentada e caminhar até o púlpito de onde fez  o discurso em homenagem ao avô recém-assassinado.

TOLERÂNCIA O texto mistura uma história de afeto pessoal com um tema de interesse mundial. “O tempo inteiro a peça traz a relação de amor de uma neta por um homem que sempre acreditou na paz como única solução possível. Ele acreditava muito na possibilidade e na necessidade de uma negociação. Então, é um espetáculo que também fala muito sobre tolerância, respeito, diversidade, coexistir nas diferenças, amor e com um conteúdo político e ideológico muito forte a favor da paz”, explica Clarissa.

O cenário de Meu saba desenha uma estrada de tijolos, que se interrompe. Tanto a cenografia (de Bia Junqueira) quanto a iluminação (de Aurélio Di Simoni) receberam em 2015 no Prêmio Cesgranrio de Teatro. Sobre a temática do monólogo, o diretor Daniel Herz afirma: “Infelizmente, é superatual. É a agonia da iminência de israelenses e palestinos encontrarem um status político de convivência, para depois haver uma guinada de 180 graus para o outro lado, após esse assassinato. Ao mesmo tempo, há a dimensão humana de uma moça eleita para representar a família em meio a lideranças políticas de forma muito individualizada”.

Em sua passagem pela capital mineira Herz ministrará a oficina Dirigindo Monólogos, uma especialidade sua. “É a chance de treinar e debater sobre como preencher a cena com um ator só. Com muitos atores, há uma série de dinâmicas possíveis. Mas, com um só, temos que completar com outras reflexões sobre o que é capturar a atenção e manter vivo o interesse do público com apenas uma pessoa em cena. É sobre isso a oficina.”

Em tempos de crise econômica, ele diz que o monólogo ganha forças por “viabilizar a produção em um momento de precariedade complicado”, mas alerta: “Tem que ser uma experiência artística maravilhosa por suas possibilidades, não pela crise”. As aulas serão no sábado (26) e no domingo (27), das 14h às 18h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui 3613, Horto). As inscrições podem ser feitas pelo telefone (31) 99480-0848 e custam R$ 200.

Meu saba
Direção: Daniel Herz. Com Clarissa Kahane. Baseado no livro de Noa Rabin Em nome da dor e da esperança. Quinta-feira (24) a domingo (3/6), às 20h, no CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Haverá debates após as sessões de 26/5, 27/5 e 2/6. Duração: 60 min. Classificação: 12 anos.


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