RODA VIVA: Gilberto Gil fala sobre impacto do governo Bolsonaro na Cultura

Cantor e compositor voltou ao programa na última segunda-feira (23/05), após hiato de 23 anos

Reprodução/YouTuber
Gilberto Gil no Roda Viva, da TV Cultura (foto: Reprodução/YouTuber)

Após um hiato de 23 anos, Gilberto Gil, de 79, participou do Roda viva, da TV Cultura, na noite da última segunda-feira (23/05) e falou sobre a importância da democracia, e analisou o impacto negativo do governo de Jair Bolsonaro (PL) na Cultura. O artista esteve no programa outras três vezes - em 1987, 1996 e 1999.

 

"Ficamos muito consternados. Não imaginávamos que essa fúria fosse prevalecer no caso das artes, do campo cultural. [...] Foram instituições fortalecidas em governos anteriores. Processos e projetos de fomento foram totalmente abandonados", lamentou o cantor e compositor. que reforçou que o voto é um importante instrumento para mudar a situação no país.

 

músico reforçou que o voto é um importante instrumento para mudar a situação do país, além da renovação dos governos.

 

"Boa parte do Brasil reivindica a substituição dos que estão aí. Ficamos consternados, mas é o suficiente? É preciso batalhar, lutar e insistir no fortalecimento dos mecanismos democráticos. São importantes a liberdade de expressão, a eleição, o associativismo contemporâneo com tantos coletivos. É a sociedade brasileira tomando em suas mãos as suas responsabilidades", destacou.

 

Na sequência, Gil também falou sobre a miscigenação e a igualdade cultural no Brasil após a abolição da escravatura. "É uma abolição em processo, em evolução. Isso está em movimento e estamos avançando", afirmou.

Imortal da ABL

Gilberto Gil assumiu recentemente a cadeira 20 na Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o jornalista e advogado Murilo Melo Filho. O cantor é o terceiro negro a ocupar uma cadeira na Academia. O artista lembrou que outros cantores também poderiam ter ocupado este posto no passado.

 

"Tom Jobim chegou a se inscrever e disputar uma vaga, mas ele desistiu em prol do Antônio Callado, que era muito amigo dele. Ele abriu mão da candidatura", afirmou. "Heitor Villa-Lobos também deveria estar lá, representando este lugar entre o erudito e o popular. Ari Barroso, Noel Rosa. Muitos poderiam estar lá representando a oralidade cantada brasileira", acrescentou.

 

Assim como a atriz Fernanda Montenegro, de 92, que também assumiu a cadeira 17, ele passará a receber o salário e os cachês semanais — caso compareçam aos compromissos da instituição. De acordo com as informações do portal UOL TAB, caso compareçam aos compromissos da ABL, os ganhos de Fernanda e Gilberto podem ultrapassar R$ 10 mil por mês.

"Resisti durante muito tempo, mas ao final aceitei e eles me aceitaram. Agora compartilham comigo a responsabilidade de insistir na popularização do acadêmico".

Gilberto Gil

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

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