Tiro, porrada e bomba: nova temporada da série 3% traz embates

Trailer mostra cenas gravadas no Inhotim, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte

por Mariana Peixoto 27/04/2018 07:00

PEDRO SAAD/DIVULGAÇÃO
Bianca Comparato no pavilhão de Adriana Varejão, no Inhotim (foto: PEDRO SAAD/DIVULGAÇÃO )
Terrorismo e militarismo são duas questões centrais da segunda temporada de 3%, que entra no ar nesta sexta-feira (27) na Netflix. Primeira série brasileira da plataforma de streaming, a atração estreou em 2016 como um Jogos vorazes tupiniquim, pois basicamente tratava de meritocracia e desigualdade social, premissas do blockbuster. A série ganhou mais personagens, cenários, narrativas e episódios (são 10, contra os oito do primeiro ano).


“3% é uma metáfora da vida. No caso da segregação social, tem quem se contente com isso e tem quem ache que pode se resolver sozinho, por seus méritos ou privilégios. Há os privilegiados que resolvem compartilhar o que têm e fazer do mundo um lugar melhor. Há o rico dizendo que acha que está tudo bem. E tem a oposição, que busca uma forma mais radical de reagir ao sistema”, comenta a atriz Laila Garin, uma das aquisições da nova temporada.

Laila interpreta Marcela, a chefe da divisão militar do Maralto, lugar privilegiado onde, no mundo distópico da série, só 3% da população tem direito a viver. O primeiro ano mostrou como se dá esse processo de entrada – aos 20 anos, jovens que vivem no Continente têm de passar por provas para chegar ao Maralto.



A segunda temporada mostra a tentativa de realização do Processo 105, com embates nos dois mundos: Maralto e Continente. Já no início, assistimos a um plano geral do instituto mineiro Inhotim, cenário escolhido para o Maralto. “As gravações foram intensas, tivemos que fazer muitas cenas de vários capítulos durante três dias. A apresentação do Maralto foi muito especial, pois a primeira temporada termina com a ideia do que seria o lugar. Foi um plano ensaiado, com todo o elenco aguardando”, comenta Bianca Comparato, que vive Michele, a protagonista.

Na segunda temporada, Michele, hoje vivendo no Maralto, vai finalmente se reencontrar com o irmão, André (Bruno Fagundes). No Continente, os revoltosos que fazem parte da chamada Causa vão tentar impedir o Processo 105. E há um terceiro núcleo, que só entrará em cena no primeiro e no último episódio. Maria Flor, Fernanda Vasconcellos e Silvio Guindane serão os cientistas idealizadores do Maralto.

Atriz global, Maria Flor comenta que a experiência é diferente em relação à TV. “A engenharia é outra. 3% é uma série de uma produtora independente paulista que vendeu o projeto para a Netflix. A Globo é uma grande produtora que exibe o que produz, algo que só existe no Brasil e no México. Na TV, às vezes temos tem frentes de gravação: dois estúdios, uma externa e uma equipe para cada lugar. Numa série você trabalha com a mesma equipe todos os dias.”

3% é apontada pelos executivos da Netflix como exemplo de sucesso de uma produção internacional. “Nunca passou pela minha cabeça pensar que assistiriam a essa série na Coreia do Sul, como ocorreu. Agora, os números de exibição nem a gente sabe”, comenta Pedro Aguilera, criador da atração.

Seja como for, tanto Aguilera quanto Bianca já vão se preparando para novos voos – os dois contam com agentes nos EUA. “Ainda não tenho nada (de efetivo), mas já é um início”, conclui a atriz.

*A repórter viajou a convite da Netflix

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