Dapaglifozina: um antidiabético oral com mais uma nova indicação

Medicação inaugura uma era completamente nova no tratamento da doença renal crônica

Robina Weermeijer/Unsplash
(foto: Robina Weermeijer/Unsplash)

Esse estudo foi publicado recentemente, denominado DAPA-CKD (daplaglifozina em pacientes com doença renal crônica). Como já é do conhecimento de todos, a doença renal crônica é um fator de risco cardiovascular independente e, como tal, devemos usar de todos os meios possíveis para retardar a progressão da doença, dessa maneira diminuindo o risco cardiovascular de nossos pacientes.

O estudo em questão DAPA-CKD, foi um estudo muito bem delineado, em que foram investigados aleatoriamente 4.304 participantes de 21 países, que tinham uma redução na taxa de filtração dos rins na faixa de 25 a 75 ml por minuto e todos esses pacientes já com uma perda urinária, de uma proteína importante, chamada de albumina que é eliminada pelo rim, quando ele está doente. Os participantes do estudo ou recebiam dapaglifozina na dose de 10 mg ou recebiam uma substância inerte, denominada placebo. O objetivo final do estudo, chamado de desfecho primário, foi um composto de um declínio na taxa de filtração dos rins, estimada de pelo menos 50%, doença renal em estágio terminal ou morte por causas renais ou cardiovasculares.

Curiosamente, o comitê de monitoramento de dados recomendou a interrupção do estudo, precocemente, em decorrência do grande benefício que os pacientes que estavam utilizando a dapaglifozina tiveram. No intervalo de 2,4 anos, um evento de desfecho primário ocorreu em 9,2% no grupo que utilizou a dapaglifozina (2.152 pacientes) e 14,5% no grupo que utilizou o placebo, também com os mesmos 2.152 pacientes. A dapaglifozina reduziu substancialmente a incidência de piora da doença renal crônica em 39% em média, quando comparado com o placebo. A morte ocorreu em 101 participantes no grupo dapaglifozina (4,7%) enquanto no grupo placebo ocorreram 146 mortes (6,8%). Os efeitos da dapaglifozina foram semelhantes em participantes com diabetes tipo 2, e naqueles sem diabetes tipo 2.

Os autores chegaram a conclusão que, em pacientes com doença renal crônica, independente da presença ou ausência de diabetes, o risco de um composto de declínio sustentado na taxa de filtração nos rins de pelo menos 50%, doença renal em estágio terminal ou morte por causa renais ou cardiovasculares foi significativamente menor com dapaglifozina do que com placebo.

Podemos com certeza admitir que essa medicação, agora liberada pelos órgãos de controle de saúde, para ser utilizada em pacientes renais crônicos que tenham ou não diabetes, inclusive já constando em bula, inaugura uma era completamente nova no tratamento da doença renal crônica.