Novo paradigma na insuficiência cardíaca. A droga sacubitril/valsartan

Com mecanismo de ação diferente de todas as drogas já conhecidas, estudos mostram excelente tolerabilidade, com índice muito baixo de efeitos colaterais

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A insuficiência cardíaca é a via final comum da maioria das doenças cardíacas, sendo hoje um dos mais importantes desafios clínicos na área de saúde e um problema em progressão.

Conceitualmente, a insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica caracterizada por qualquer desordem cardíaca estrutural e ou funcional que comprometa a capacidade dos ventrículos de receber ou ejetar sangue, ocasionando inadequado suprimento sanguíneo para atender às demandas metabólicas teciduais. Seu sintoma mais característico é a falta de ar.

No Brasil, dados recentes mostram-na como uma das principais causas de hospitalizações, responsável por mais de 30% das internações por doença cardiovascular

Apesar do tratamento padrão, a mortalidade ainda é alta sendo que 50% dos pacientes diagnosticados com insuficiência cardíaca irão morrer no período de cinco anos.

Até 25% dos pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca serão re-hospitalizados em um período de até 30 dias após a alta. O risco de mortalidade é duas vezes maior nos primeiros 30 dias pós-alta hospitalar.

Uma nova droga lançada no Brasil em 2017, a sacubitril/valsartan(ENTRESTO), está conseguindo modificar o curso natural dessa grave doença com uma melhora na qualidade de vida, melhora dos sintomas e redução de mortalidade. Com um mecanismo de ação diferente de todas as drogas já conhecidas, apresenta nos vários estudos clínicos excelente tolerabilidade, com índice muito baixo de efeitos colaterais.
 
Alguns estudos têrm mostrado uma significante redução de morte súbita, em até 20% quando se compara a uma droga padrão chamada enalapril. Quando comparado com essa mesma droga, houve redução de 20% de risco de morte cardiovascular, o que a torna diferente de qualquer outra droga até então prescrita para insuficiência cardíaca.

Houve também 21% de redução de hospitalização e 38% de redução nas reinternações por essa doença. Curiosamente, a insuficiência cardíaca tem um prognóstico muito ruim a cada internação, ou seja, a mortalidade é proporcional, quanto mais vezes ocorrem internações, maior é o risco de morte, denotando uma doença que está em progressão e em estágio final. 

Com certeza, o conhecimento e a experiência no manuseio clínico dessa medicação traz grande esperança para os pacientes portadores dessa doença, que causa tanta incapacidade e mortalidade elevada.

Mc murray, JJ;Packer ,M;Desai,A.S. et al. Angiotensin-neprilysin inhibition versus enalapril in heart failure .(PARADIGM –HF) .N Engl J Med . 2014 Sep 11;371 (11):993 -1004