Chuva pode transmitir doenças? Entenda os riscos para a saúde

Como as águas da chuva podem trazer outros problemas, além das catástrofes

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(foto: Pexels/Pixabay )

“Quero aproveitar e nadar na chuva!” Negativo! As águas das chuvas podem causar doenças, algumas tão sérias que dentro de duas semanas podem até mesmo levar ao óbito. Belo Horizonte tem vivido dias de desespero, notícias desagradáveis e tristeza generalizada. 

Os desastres observados na última semana chocaram tanto os que viveram como os que acompanharam pelas redes sociais. A chuva deu uma trégua, mas os danos permaneceram. Devemos ficar atentos, porque além das tragédias como soterramentos e afogamentos, ainda há doenças que são transportadas pelas águas da chuva e muitas delas irão se manifestar até 15 dias após o contato. Vamos exemplificar algumas delas na coluna desta semana. 

A Leptospirose é transmitida pela urina do rato (e de outros animais roedores e mamíferos) que, quando em contato com o solo urbano e carregada pelas chuvas, pode entrar em contato com a pele, mucosas e pequenos ferimentos que a pessoa tiver. Os sintomas mais comuns são febre, fadiga, dor muscular, olhos vermelhos, tosse, vômitos, diarreia, problemas neurológicos e na pele. É uma doença autolimitada que cessa sozinha, porém alguns casos podem ser graves, sendo necessário o tratamento hospitalar.

Desses casos graves, 2 a cada 10 evoluem para óbito. Um sinal bem comum é a dor no corpo e, especialmente, nas panturrilhas. Fique atento! O diagnóstico pode ser confundido com dengue, gripe, malária e até hepatite e deve ser esclarecido o quanto antes para que seja realizado o melhor tratamento.

Sabemos que as inundações causam imensa dor e perda e é natural a tentativa de salvar nossos pertences, mas utilizar itens que tiveram contato com as chuvas pode trazer alguns problemas de saúde. Nunca reaproveite medicamentos e alimentos que entraram em contato com as chuvas. Febre tifoide, hepatite A e E são exemplos de doenças transmitidas pelo contato com águas contaminadas. Os sintomas mais comuns são diarreia, vômitos, dores musculares, febre e prostração.

Importante dizer que o comprometimento de órgãos como fígado não é incomum. Um bom diagnóstico se faz necessário para que o tratamento seja o mais adequado. Claro que doenças como diarreia, viroses e outras mais comuns e simples também podem ocorrer, mas o melhor é precaver das doenças mais graves e não perder a oportunidade de um ótimo tratamento. 

A manutenção do ambiente pós-chuvas também é muito importante e vale a regra de observar os criadouros de mosquitos, vetores de algumas doenças como Dengue e Malária, que podem se tornar epidemia no período pós-chuvas. 

Se acontecer o contato com as chuvas é importante realizar uma boa higiene com água e sabão e também não podemos esquecer de secar todo o corpo,  porque as micoses – as famosas frieiras – são doenças causadas por fungos que surgem pelo microambiente encontrado em regiões do corpo como dobras, entre os dedos, locais de luva e calçados. Manter essas partes do corpo sempre seca e limpa é fundamental.

As dicas de saúde são simples e ajudam bastante. Sempre que possível, evite o contato com as chuvas, utilize calçados adequados como botas, elimine todos os medicamentos e alimentos que possam estar contaminados. Os utensílios devem ser lavados com água e sabão e, em seguida, devem ser deixados de molho, durante 1 hora, em uma mistura de água com solução de hipoclorito 2,5% (água sanitária) –para cada 4 copos de água, usar um copo de água sanitária.

Belo Horizonte vivenciou em duas horas a intensidade de água que seria esperada para quase o mês de janeiro inteiro, algumas previsões afirmam que em fevereiro irá chover ainda mais. Todo o cuidado é pouco. Siga as orientações da Defesa Civil e das mídias confiáveis. Se houver dúvida procure o atendimento médico mais próximo e lembre-se e tenha a certeza que nenhum bem é maior que a sua própria vida.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: ericksongontijo@gmail.com