Você já ouviu falar em Canelite e fratura por estresse?

Temos que tomar cuidado nestes tempos de pandemia, com academias fechadas

Carlos Chagas Medicina Laboratorial
(foto: Carlos Chagas Medicina Laboratorial)

Com o fechamento das academias e escolas de spinning, muitas pessoas iniciaram atividades com as quais não estavam acostumadas e não se preparam para exercer.

AÍ que mora o perigo! Estas são as formas mais comuns de aumentar o risco de lesão por sobrecarga ou “overuse”.

Entre estas lesões, as mais comuns são a canelite e a fratura por estresse, que apesar de estarem relacionadas com a mesma causa e apresentarem sintomas semelhantes, têm um aparecimento temporal diferente. 

A canelite, também é conhecida como sobrecarga da tíbia, o osso mais robusto da nossa “canela”. Ela é decorrente de  uma sobrecarga em exercícios, principalmente corridas, que levam a fadiga e excesso de carga na musculatura que se insere na região posteromedial da tíbia. 

Já a fratura por estresse é uma fratura por sobrecarga e insuficiência óssea local, ou seja, o osso não consegue dar conta do remodelamento necessário que a carga colocada impõe. Funciona como se fosse uma evolução da canelite, sendo mais grave e com tratamento mais demorado. Ocorrem micro fraturas na região óssea que podem evoluir para uma fratura completa.

Erros de treinamento, corridas em pisos muito rígidos, uso de calçados errados, falta de preparo físico, excesso de carga sem preparo adequado da musculatura são as principais causas destas duas doenças. 

Os sintomas mais comuns da canelite e fratura por estresse são dores localizadas na tíbia, na região posteromedial. Comumente há melhora com repouso, piora com atividade, piora com a pressão manual local e a palpação. Pode ou não haver inchaço. A principal forma de diagnóstico destas doenças é o exame clinico direcionado e exames de imagem por ressonância magnética, nela podemis fazer a identificação precoce da doença, evitando sua progressão.

O tratamento da fratura por estresse da tibia e canelite é, na maioria das vezes, não cirúrgico, com:
- interrupção dos treinos;
- correção dos fatores mecânicos;
- analgesia e anti-inflamatórios; imobilização;
- fisioterapia;
- botas de compressão;
- ondas de choque;
- regularização hormonal;
- e reabilitação.

Para aqueles que não gostam de ficar parado durante o tratamento, é possível trocar um exercício de impacto por outro, de baixo impacto, como natação, até que a musculatura seja fortalecida e o osso cicatrize. Em algumas situações onde há  fatores de risco locais com mau prognóstico de consolidação, doenças de base importantes, presença de fratura de estress em osso sensíveis ( navicular, maléolo medial, sesamoides) , pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.

O ideal é sempre estar preparado para realizar as atividades esportivas, sem sobrecarga e de forma progressiva. Não devemos exagerar, senão as consequências podem ser mais desgastantes que ficarmos parados.
 
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