Obesidade e câncer de mama

Por ser um problema crônico, o combate à obesidade como forma de prevenir outras doenças deve receber a atenção das autoridades de saúde nacionais

Tania Dimas/Pixabay
(foto: Tania Dimas/Pixabay)

Além de ser o mês dedicado à conscientização da prevenção do câncer de mama, em outubro celebra-se o Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade (11/10), que por si só é considerada uma doença crônica, progressiva, recidivante e também uma epidemia global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A obesidade deve ser amplamente combatida para evitar uma série de comorbidades, como hipertensão arterial, aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, acúmulo de gordura no fígado, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e de vários tipos de câncer, entre eles: esôfago (adenocarcinoma), estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, ovário, endométrio, meningioma, tireoide, mieloma múltiplo e mama (principalmente para as mulheres na pós-menopausa). Segundo a OMS, 13 em cada 100 casos de câncer no nosso Brasil são atribuídos ao sobrepeso e à obesidade.

As pesquisas buscam ainda explicar de forma mais direta como a obesidade influencia no processo de carcinogênese, sendo possível estabelecer, até então, três fatores principais: o fator de crescimento semelhante à insulina 1 (insulina IGF-1), os hormônios sexuais e as adipocinas, conforme aponta um artigo de revisão da literatura produzida entre 2000 a 2020 e publicada nas bases de dados SCIELO, LILACS e PUBMED. A obesidade seria responsável por alterar esses fatores, provocando a desregulação das funções endócrinas e parácrinas que ocorrem no tecido adiposo e promovendo mudanças metabólicas.

As principais conclusões do estudo são: a obesidade está associada a um maior risco de desenvolvimento de câncer mamário e do pior prognóstico dessa doença em mulheres de todas as idades. Esse fato está relacionado às alterações moleculares que ocorrem no tecido adiposo de mulheres obesas. Além disso, os resultados também demonstraram que essa associação está relacionada a alguns subtipos da doença, bem como seu estágio de evolução, principalmente para mulheres na pós menopausa. Segundo esse estudo, o risco de desenvolvimento de câncer em mulheres obesas seria maior no pós-menopausa do que no período pré-menopausa.

A preocupação é que, ao passo que as evidências demonstraram essa associação, a obesidade tem aumentado cada vez mais. Segundo dados reunidos em levantamento da Abeso, no Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos 13 anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019 da nossa população. Além disso, aproximadamente 55% da população têm excesso de peso (IMC igual ou maior do que 25), enquanto 19,8% podem ser considerados obesos (IMC igual ou maior do que 30).

Por ser um problema crônico, o combate à obesidade como forma de prevenir outras doenças deve receber a atenção das autoridades de saúde nacionais, com a elaboração de políticas públicas eficientes. Isso poderia se dar pela exigência de produção de alimentos mais saudáveis pela indústria, como também por campanhas de reeducação da nossa população. Contudo, como médico, ressalto também a importância da proatividade de cada indivíduo em estar atento à busca diária do controle de peso.