Cosméticos podem conter substâncias cancerígenas?

Quanto realmente sabemos sobre os produtos que usamos diariamente, em contato com a nossa pele?

Carolina Vieira 10/12/2021 09:25
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Contato com a pele de certos cosméticos pode aumentar risco de câncer (foto: PxHere)


Qualquer um que já olhou para um frasco de shampoo ou vidro de perfume provavelmente ficou confuso com a quantidade de substâncias químicas presentes na fórmula desses produtos. A despeito disso, acreditamos que eles sejam seguros para entrarem em contato com a nossa pele. Mas quanto realmente sabemos sobre os produtos que usamos diariamente? Para conversar a respeito, convidei a dermatologista Mariana Picoli Diniz ( @maripicolidiniz ).

Para a comercialização desses produtos é necessária uma regulamentação e análise criteriosa das substâncias utilizadas. A fiscalização teve início em 1930 pelo FDA, órgão Americano semelhante à ANVISA no Brasil. Desde então, existem apenas nove substâncias proibidas para uso e, em contrapartida, mais de doze mil já estão aprovadas e em uso no mercado mundial. 

É crescente o consumo de cosméticos, produtos de higiene pessoal, filtros solares e tinturas de cabelos. Um estudo de 2004 avaliou que diariamente mulheres americanas usam em média 12 produtos diferentes o que gera uma exposição a aproximadamente duzentas substâncias químicas. Em contato com a pele e mucosas podem acarretar efeitos locais, como irritações e alergias, e também efeitos sistêmicos, como intoxicações e aumento do risco de câncer.

Existem algumas substâncias com potencial carcinogênico, entre elas estão o formaldeído presente em produtos para alisamento do cabelo (também apresentado com outros nomes), sabonetes e esmaltes; Alcatrão presente em tintas para cabelo e shampoos; Metais pesados como chumbo presente em batons e maquiagens. Produtos com parabenos e ftalatos, comuns em vários cosméticos, podem alterar o sistema endócrino. Embora o uso esporádico de produtos contendo estas substâncias pode ser menos preocupante, temos que lembrar dos cuidados adicionais para os profissionais que os manipulam com frequência, incluindo avaliação quanto ao uso de luvas, máscaras, entre outros.

Os efeitos nocivos dessas substâncias segundo os órgãos reguladores de saúde não são conclusivos e por isso algumas continuam sendo usadas, porém em doses baixas. Definir uma relação de causa e consequência de uma substância com determinada doença não é uma tarefa simples. Apesar de a maioria dos produtos que utilizamos no nosso dia a dia serem seguros devemos sempre ficar atentos ao que consumimos, a frequência de uso e sua procedência. Uma boa opção é a utilização de produtos hipoalergênicos e certificados por dermatologistas.