Coronavírus: "É como uma terceira guerra mundial na microbiologia"

O que preocupa autoridades é a velocidade de disseminação e o número de doentes graves, expondo a fragilidade dos sistemas de saúde públicos e privados

Alexandre Rattes 12/03/2020 07:46

Michal Cizek / AFP
(foto: Michal Cizek / AFP)

Na medida em que o vírus se espalha pelo mundo e é considerado uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as dúvidas sobre a doença se multiplicam e a reação das autoridades e do mercado financeiro global gera mais consequências.


A infecção pelo coronavírus denominada COVID-19 (''coronavirus disease 2019'', do inglês doença coronavírus 2019), apresenta-se, para a maioria das pessoas, como um resfriado ou gripe. Assim sendo, espera-se que uma pessoa doente  sinta-se indisposta, com leves dores no corpo, nariz congestionado, tosse e dor de garganta, febre baixa ou ausente. As estatísticas até o momento apontam para sintomas leves em aproximadamente 80,9% dos casos.


Entretanto, os sintomas são severos em 13,8% e críticos em 4,4% dos pacientes. Esses 4% de pacientes que podem evoluir rapidamente para quadros respiratórios graves, denominados Síndrome Respiratória Aguda Severa, e que exige internação em CTI e utilização de equipamentos para manutenção da respiração, é a que está gerando enorme preocupação. Os idosos e portadores de doenças crônicas são os estatisticamente mais frágeis.


E o que preocupa as autoridades sanitárias é a combinação da velocidade de disseminação, que pode estar relacionada ao número de partículas expelidas nas secreções,  e o número potencial de doentes que podem complicar, expondo a fragilidade do sistemas de saúde públicos e privados aqui e mundo afora, que não estão preparados para receber tantos doentes graves ao mesmo tempo.

 

É como se estivéssemos vivendo uma terceira guerra mundial na microbiologia.


Este vírus se propaga através de secreções, especialmente as nasais ou perdigotos, pequenas gotículas que expelimos ao tossir e simplesmente se sentar em um local por onde alguém contaminado possa ter passado anteriormente não representa um perigo, exceto se você tiver o hábito de coçar o nariz ou rosto – hábito frequente entre alérgicos. Isso porque as mãos contaminadas pelas secreções facilmente conduzem o micro-organismo às nossas vias aéreas.

None
Romeo GACAD / AFP


Ainda que o vírus sobreviva pouco tempo fora do corpo, e os filtros e fluxo de ar dentro de aeronaves evite a propagação, algumas companhias aéreas estão adotando técnicas de desinfeção através de nebulização de seus aviões com produtos químicos. Os aviões são motivo de preocupação pela velocidade de transporte, mas uma vez instalada a epidemia em uma cidade, as preocupações se voltam para os transportes de massa como trens, metrôs e ônibus urbano. Medidas higiênicas precisam ser adotadas rapidamente em casas de idosos e creches e na nossa rotina pessoal.


Na verdade o que se busca neste momento é diminuir a velocidade com que a doença se espalha, ganhado tempo para os cientistas descubram testes diagnósticos mais rápidos, medicamentos e vacinas possam ser utilizados com sucesso.


Até lá, procure os serviços médicos de urgência se apresentar alguns dos sintomas mencionados. Os sinais de alerta que apontam para complicações são a dificuldade para respirar, febre persistente ou que deixou de existir e retornou, piora do estado geral. Ainda há muito o que aprender sobre mais esta pandemia que certamente não será a última da humanidade.

 

Se você tem dúvidas ou sugestão de temas, mande para alexandrerattes@gmail.com

 

Meu nome é Alexandre Rattes e sou Otorrinolaringologista