Dieta com pouco nutriente e muita caloria aumenta risco de câncer

Constatação pode ajudar a convencer as mulheres que vivem a fase pós-menopáusica a fazerem melhores escolhas alimentares

por Correio Braziliense 13/11/2017 13:25
Reprodução/Internet/consulfarma.com
(foto: Reprodução/Internet/consulfarma.com)

Apesar de diversas pesquisas terem comprovado a ligação entre obesidade e cânceres, os cientistas sabem pouco sobre como a proporção de energia para o peso do alimento, conhecida como densidade de energia dietética (DED), pode contribuir para o risco de tumores. Em busca de dados nesse sentido, pesquisadores norte-americanos analisaram a quantidade de DED presente na dieta de mulheres que estão no período pós-menopáusico e descobriram que o consumo de alimentos com taxas elevadas desse parâmetro, como os fast foods, está ligado a um aumento de 10% no risco de surgimento de carcinomas relacionados à obesidade em mulheres com peso normal.

Os autores do artigo, publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, explicam que o DED é uma medida da qualidade de um alimento que mostra a relação entre calorias e nutrientes presentes nele. Quanto mais calorias por grama de peso um alimento tem, maior a DED dele. São considerados alimentos de DED baixo os vegetais, frutas, proteínas magras e feijões, porque fornecem muitos nutrientes usando poucas calorias. Já alguns alimentos processados, como hambúrgueres e pizza, são considerados fontes de alto teor de DED porque é necessário consumir uma quantidade maior deles para obter os nutrientes necessários ao corpo.

Na análise, os pesquisadores usaram dados de 90 mil mulheres pós-menopáusicas participantes do estudo chamado Iniciativa de Saúde da Mulher, que tem informações sobre a alimentação e diagnóstico de câncer de voluntárias. A equipe descobriu que aquelas que seguiam uma dieta maior em DED eram 10% mais propensas a desenvolver um câncer relacionado à obesidade, independentemente do índice de massa corporal (IMC) que tinham. “Esse achado sugere que, sozinho, o controle de peso pode não proteger contra cânceres relacionados à obesidade se as mulheres preferirem um padrão de dieta indicativo de alta densidade de energia”, explicou, em comunicado, Cynthia A. Thomson, professora da Universidade do Arizona e uma das autoras do estudo.

Para a equipe, a constatação pode ajudar a convencer as mulheres que vivem a fase pós-menopáusica a fazerem melhores escolhas alimentares, mesmo não tendo problemas de excesso de peso. “Entre as mulheres de peso normal, o maior DED pode ser um fator contribuinte para cânceres relacionados à obesidade”, frisou Thomson. Os pesquisadores ressaltaram a necessidade de um estudo mais aprofundado para entender, por exemplo, como a DED pode potencializar o risco de ocorrência de tumores em outros grupos da população, como jovens e homens.