Lar novo lar: conheça o bairro BH que abriga as melhores casas de repouso de luxo

Cresce o número de idosos que buscam residências sênior como moradia ou só para passar algumas horas do dia. Além do bate-papo descontraído, aproveitam para se exercitar

por Carlos Altman 04/09/2017 11:33

Carlos Altman/EM
Abílio Cézar de Lima, de 83 anos, e José Mário Almeida, de 79, frequentam o Integridade duas vezes por semana para se exercitar na academia de pilates (foto: Carlos Altman/EM)
Duas vezes por semana, os aposentados Abílio Cézar de Lima, de 83 anos, e José Mário Almeida, de 79, têm um encontro marcado. Engana-se quem pensa que é para jogar baralho, xadrez ou somente para relembrar o passado. Não, eles frequentam uma residência sênior na Região Sul de Belo Horizonte, onde se exercitam na academia de pilates e fazem sessões de fisioterapia. Com uma vida ativa, eles moram com seus familiares e executam atividades rotineiras do dia a dia, como fazer compras, dirigir, andar pela cidade e realizar pequenos reparos em casa. O prazer desses encontros, entre um exercício com halteres e outro, é poder se sentir vivos e ter a oportunidade de reviver os momentos alegres e divertidos de outrora. No bate-papo descontraído não faltam histórias de partidas de futebol, das mudanças que o tempo tem provocado na capital mineira e das viagens. Brincalhão, o senhor Abílio foi enfático: “Tenho muito o que fazer no futuro”. Tanto que ele planeja, para breve, uma pescaria com amigos ou familiares. E avisou: “Vou voltar de lá com boas histórias de pescador de água doce”.

Carlos Altman/EM
Maria José de Souza Santos, de 82 anos, considera a calma da residência sênior um convite aos trabalhos manuais (foto: Carlos Altman/EM)
Enquanto os amigos passam apenas algumas horas na casa, Maria José de Souza Santos, de 82, é uma das cinco residentes do lugar. Sentada na varanda da mansão, ela tricota um casaquinho de bebê. A calma do lugar é um convite aos trabalhos manuais. “Acho aqui um lugar maravilhoso, tranquilo e agradável. Sinto-me em casa”, comenta a aposentada, que durante a vida inteira foi voluntária em creches e residências de idosos. “Sempre gostei de ajudar as pessoas e fazer algo por alguém. Uma mania antiga que não sai de mim”, emociona-se.

Nas últimas décadas, o aprazível Bairro Cidade Jardim, entre Lourdes, Gutierrez, Santo Antônio e Luxemburgo, passou por uma grande transformação – de antigo refúgio de moradores ricos da capital mineira, hoje a região é conhecida como polo das casas de repouso de luxo. O bairro, que, no passado, era tido como um dos melhores lugares para se viver por conta da topografia e do clima agradável, atualmente serve de moradia para dezenas de idosos, abrigados em mansões com imensos jardins, piscinas e área de lazer e recreação que foram adaptados para recebê-los. Ao todo, 10 instituições especializadas em cuidar do público sênior estão no bairro.

No ano passado, Adriana Leão e o marido, Hudson Félix Almeida abriram o Integridade – Espaço de Atividades e Residencial Sênior, na Rua Sinval de Sá, no coração do Bairro Cidade Jardim. Em uma mansão dos anos 1960, com conceito de espaço aberto com grandes salões, um imenso jardim na entrada e uma academia de pilates instalada na garagem, os residentes e frequentadores do local são tratados com se fossem hóspedes de um hotel 5 estrelas. Lá eles recebem alimentação balanceada com sete refeições diárias, atendimento médico com geriatra, além de acompanhamento com profissionais especializados, como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e fisioterapeuta. “Hoje, a casa abriga cinco residentes, mas tem estrutura para abrigar até 17 idosos com atendimento personalizado. Abrimos o espaço também para quem quer passar o dia, frequentar as aulas ou simplesmente usar a academia”, observa Hudson.

O atendimento diferenciado aos residentes também se comprova na série de atividades, como alongamento e ginástica, além das oficinas de informática, música, trabalhos manuais e memória. Todos os dias, a casa proporciona, sempre no fim do dia, um momento de religiosidade. O local trabalha com duas vertentes: a prevenção e a reabilitação. “Nossa equipe, formada por profissionais especializados em lidar com esse público, está preparada para identificar as necessidades de cada hóspede. Além do acolhimento, queremos proporcionar aos residentes o bem-estar, o acolhimento necessário nesta fase da vida. Os familiares deles são sempre bem-vindos. Manter o vínculo é fundamental. Ajuda na adaptação dos idosos na casa”, analisa Adriana.

Dentro da proposta de promover a interação com a comunidade, a Integridade quer desenvolver trabalhos intergeracionais, onde o idoso, crianças e adolescentes podem trocar experiências e conhecimentos. Com isso, aprendem uns com os outros. Em breve a casa vai fazer uma parceria com uma escola próxima na região e promover esse encontro de gerações

VÍNCULOS SOCIAIS 

Carlos Eduardo/Exclusive Idade/Divulgação
Na Exclusive Idade, os idosos podem se hospedar ou passar o dia e participar de várias atividades (foto: Carlos Eduardo/Exclusive Idade/Divulgação)
Instalada há dois anos e meio também no Bairro Cidade Jardim, a Exclusive Idade abriga hoje 15 residentes. Nesta casa de idosos, totalmente adaptada ao público da maturidade, eles podem se hospedar ou passar o dia com todo o conforto e segurança. Com isso, melhoram a qualidade de vida, valorizam a autoestima e fortalecem os vínculos sociais. De acordo com a sócia-diretora Sirlene Josefa da Silva Arantes, a escolha pela região foi por conta da localização e da amplitude da casa e do terreno. “Os hóspedes fazem caminhadas em volta dos jardins, temos aulas de hidroginástica e uma academia com aparelhos de pilates bem montada”, observa. A Exclusive Idade foi uma das primeiras a introduzir em Belo Horizonte o conceito de espaço preventivo e não apenas de reabilitação.  Diariamente, atividades cognitivas e físicas, como oficina da memória e fisioterapia, são desenvolvidas com os idosos. Mas para Sirlene, as outras opções lúdicas, como aulas de dança sênior e música três vezes por semana, geram a socialização e eles se sentem dispostos e têm alegria de viver. De acordo com a sócia-diretora, na casa vive uma residente, Maria Gallinari, de 95 anos, que é a primeira a pegar o microfone para cantar. Animada e lúcida, essa senhorinha sempre comenta: “Se querem ser felizes, venham morar aqui”. Na casa, os horários de visitação são livres. Os familiares podem ter contato com os parentes hospedados em qualquer hora do dia. “Como nosso restaurante oferece comida balanceada e variada, é muito comum ter um parente vindo almoçar e passar uma tarde com eles”, Observa Sirlene.