Apenas 40% das crianças são amamentadas exclusivamente até os seis meses

Semana Mundial de Amamentação busca valorizar a importância do aleitamento

por Agência Brasil 03/08/2017 16:54
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(foto: Reprodução/Internet/24 Horas News)

A Semana Mundial de Amamentação começou nesta terça-feira (1º) e vai até o dia 7 de agosto com o objetivo de incentivar o aleitamento materno e, com isso, melhorar a saúde dos bebês. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a amamentação é uma das formas mais eficazes de garantir a saúde e a sobrevivência dos recém-nascidos. Se toda criança fosse amamentada desde o nascimento até os dois anos, mais de 800 mil vidas seriam salvas anualmente, estimam as entidades.

A OMS e a Unicef recomendam a amamentação imediata após o nascimento e o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê. Após o primeiro semestre, deve-se incluir alimentos nutritivos como complementação ao leite. Posterirormente, até os dois anos de vida da criança, o leite materno deverá servir como complemento à alimentação.

O levantamento global de amamentação, que avaliou 194 nações, descobriu que apenas 40% das crianças menores de seis meses são amamentadas exclusivamente (sem nada além de leite materno) e apenas 23 países têm taxas de amamentação exclusiva acima de 60%. No Brasil, 39% das mães amamentam seus filhos exclusivamente até os seis meses de vida, segundo o estudo da Unicef e OMS.

Mais de 120 países participam dos eventos e celebrações que neste ano têm como tema "trabalhando juntos para o bem comum". O objetivo é mostrar a importância da sociedade, em especial dos médicos e outros profissionais da saúde, de trabalhar juntos para identificar os métodos eficazes e superar os desafios comuns na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.

Investimento

O levantamento foi lançado nesta terça juntamente com uma nova análise que demonstra que é necessário um investimento anual de apenas US$ 4,70 por recém-nascido para aumentar a taxa global de amamentação exclusiva entre crianças menores de seis meses para 50% até 2025, o que poderia gerar US$ 300 bilhões em ganhos econômicos. Um dos compromissos dos estados-membros das Nações Unidas, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é aumentar a taxa de aleitamento materno exclusivo em 50% até 2030.

Segundo a OMS, em cinco das maiores economias emergentes do mundo - China, Índia, Indonésia, México e Nigéria - a falta de investimento na amamentação resulta em aproximadamente 236 mil mortes de crianças por ano e US$ 119 bilhões em perdas econômicas. Para a organização, globalmente, o investimento na amamentação é muito baixo.

"A amamentação é um dos mais efetivos e rentáveis investimentos que as nações podem fazer na saúde de seus membros mais novos e na futura saúde de suas economias e sociedades", disse o diretor-executivo da Unicef, Anthony Lake, em comunicado. "Ao não investir na amamentação, estamos falhando com mães e bebês e pagamos um preço duplo: em vidas perdidas e em oportunidades perdidas".

A amamentação traz benefícios cognitivos e de saúde para bebês e suas mães. É especialmente necessário durante os primeiros seis meses de vida, ajudando a prevenir a diarreia e a pneumonia, duas principais causas de morte em lactentes. Já as mães que amamentam têm um risco reduzido de câncer de ovário e mama, duas principais causas de morte entre as mulheres.

Agosto Dourado


A partir deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lança a campanha Agosto Dourado, de estímulo ao aleitamento materno. Serão 31 dias, desde terça-feira (1º), de sensibilização de profissionais e da população em geral para a importância do ato de amamentar, buscando o apoio e o estímulo a esse gesto. Além disso, a SBP também quer apoio à mudança na legislação para que seja ampliado o período de licença-maternidade para seis meses, o que possibilitaria à mulher praticar o aleitamento exclusivo de seu filho.

Primeira vacina

Desde 1992, a OMS realiza a Semana Nacional de Amamentação em diversos países. A nutricionista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gisele Noronha, destaca que o leite materno é a primeira vacina do bebê. "Não existe no mundo alimento igual a ele. Ele é totalmente completo e dá tudo o que um bebê precisa, tanto em relação à sua composição nutricional, quanto pelo aspecto imunológico”, explica.