Dia Mundial do Leite: bebida é rica em vitaminas e faz muito bem para a saúde

Sinônimo de vida, leite ganha destaque, com dia especial comemorado nesta quinta-feira. Produto é essencial para fortalecer o sistema imunológico e ajuda no metabolismo

por Joana Gontijo 01/06/2017 12:49
Reprodução/Internet/Expopec
(foto: Reprodução/Internet/Expopec)

Má alimentação e hábitos ruins. No Brasil, além de recorrentes esses problemas atravessam gerações. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, uma a cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos tem sobrepeso e extrapola no consumo de doces e refrigerantes. Quando o dado perpassa a ingestão de leite, fonte de nutrientes fundamentais para o organismo, o país apresenta índice abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 180 litros anuais por pessoa. Os brasileiros devem consumir, neste ano, 171 litros, volume estimado per capita.

O Dia Mundial do Leite, celebrado nesta quinta-feira, foi definido em 2001 como marco do trabalho de conscientização sobre a importância da bebida láctea e seus derivados para a saúde e a qualidade de vida. Alguns mitos sobre os laticínios, ignorantes a estudos científicos que mostram seus bens indiscutíveis, se tornaram entraves nessa estratégia de valorização do produto.

O leite é rico em vitaminas (D, B2, B12, A, E, B6), proteínas e minerais, como cálcio, fósforo, potássio, zinco e magnésio. “É barato e essencial pelo valor nutricional que oferece, apresentando benefícios ao longo do tempo. De fácil acesso e preparo, o leite é um alimento completo. Entre outras substâncias, produz proteína de qualidade, decisiva para o funcionamento satisfatório do organismo, o metabolismo, o crescimento e o fortalecimento do sistema imunológico”, explica Erika Raquel Ferreira, nutricionista e professora do curso técnico em nutrição do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em Minas.

As vantagens da bebida podem ser verificadas, em diferentes efeitos, conforme cada ciclo da vida. Na infância, o cálcio contribui para a boa composição da massa óssea e dos dentes, e por isso uma alimentação farta do nutriente é fundamental para que a criança desenvolva ossos fortes quando adulta e na velhice, afastando os riscos de sofrer com a osteoporose.

Na fase de crescimento, destaca a nutricionista, o leite fortalece as defesas naturais e libera aminoácidos essenciais à constituição dos tecidos. “O leite integral é o mais apropriado, desde que o jovem não tenha restrição alimentar de gorduras ou açúcar, pois o produto tem todas as dosagens de nutrientes essenciais para o dia”, demonstra. Para quem duvida da essencialidade da bebida entre adultos, Erika Ferreira reafirma que não se deve deixar de lado o produto e seus derivados. O leite tem vitamina E, um antioxidante que influencia diretamente no combate ao envelhecimento. “Já o potássio ajuda no controle da pressão sanguínea, um transtorno comum em adultos. Nesse período, o leite também é importante para manter o fortalecimento dos ossos, gerar energia para as células do corpo, e auxiliar em processos metabólicos, além de regular o sistema endócrino”, ensina.

As vitaminas do complexo B ajudam na proteção do sistema nervoso e participam do processo de regeneração celular. Os tipos semidesnatado e desnatado, acrescenta a especialista, são mais adequados para pessoas adultas, não sujeitas a dietas especiais, porque têm 50% menos gorduras ou são do tipo zero gordura, respectivamente, se comparados ao leite integral, mas a mesma quantidade de vitaminas, cálcio e sais minerais.

Na terceira idade, o corpo perde rapidamente os nutrientes. Assim, os produtos lácteos consistem em substancial forma de reposição, uma vez que são de fácil absorção e digestão. A vitamina D auxilia na fixação de cálcio nos ossos e, como o leite é um produto que tem a água em sua composição natural, ajuda na hidratação, algo muito deficiente em idosos, assinala a professora do Senac. Para esse público, o ideal é tomar o leite desnatado.

O consumo diário recomendado é de três porções de leite e seus subprodutos, de acordo com Erika Ferreira. “Pode ser um copo de leite de 200ml no café da manhã, um copo de 200ml de iogurte, ou uma fatia de queijo branco, por exemplo. É sabido que 100ml de leite contêm 120mg de cálcio, enquanto 100 gramas de brócolis contêm 51mg de cálcio. A diferença é a biodisponibilidade, ou seja, o grau de absorção do nutriente pelo corpo em cada caso”, ressalta. A cada ingestão de medida de leite com 32% de cálcio, 96% desse percentual são absorvidos. De outro lado, sete colheres de sopa de brócolis picado têm 35mg de cálcio, sendo 60% digeridos.

ESPECIAIS

Com diversos pontos a seu favor, os laticínios integram ainda as dietas especias, considerando inclusive as de redução de peso, diz Erika. “O cálcio presente em sua composição acelera o processo de queima de gordura e aumenta a sensação de saciedade, sendo um grande aliado das dietas de emagrecimento. O potássio também contribui para a atividade muscular, auxiliando na prática de atividade física”. De acordo com a nutricionista, o produto é contraindicado apenas para quem tem alergia e, por isso, deve consumir outros itens com as mesmas propriedades para ter uma vida saudável. Nos casos de intolerância, a pessoa tem deficiência na produção da enzima lactase pelo organismo e não consegue digerir o carboidrato chamado de lactose. “Mas, atualmente, a indústria oferece uma gama de produtos para esse público e a alimentação pode ocorrer normalmente. A lactose é considerada por alguns uma vilã, mas é um tipo de açúcar que nutre o cérebro e é importante para a saúde. Por isso, as pessoas que não têm intolerância devem optar pelo leite em sua composição original, com lactose, que é um componente presente em todos os leites, inclusive o humano”, esclarece.

NA ESCOLA


Com investimentos em divulgação de informações e educação, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg) vem promovendo ações em escolas estaduais para demonstrar os benefícios do leite e derivados. Em 2017 e nos próximos anos, será realizado um concurso de desenho e redação dirigido a estudantes para fomentar o debate e a conscientização. A iniciativa vai premiar os melhores textos e desenhos em quatro categorias, do 1º ao 5º ano; do sexto ao nono ano do ensino fundamental; ensino médio; e no nível de educação de jovens e adultos. Os professores dos alunos vencedores também serão agraciados.

O auxílio de cada fase

Ilustração/Quinho
(foto: Ilustração/Quinho)
Quando criança, ela tomava muito leite, mas isso mudou por um tempo. “Durante a adolescência, passei um bom período sem beber, mas sempre consumi produtos lácteos, como iogurte e muito queijo”, conta a advogada e zootecnista Maria Thereza Rezende, de 49 anos. Nas duas oportunidades em que engravidou, foi novamente estimulada a procurar o leite, em quantidade estipulada pelo obstetra, de 1 litro por dia, com o objetivo de favorecer a estruturação óssea do bebê e frear a sua própria perda de massa magra durante a gestação.

A partir dos 35, lembra Maria Thereza, começou acompanhamento com ginecologista, que incluiu o leite até mesmo como fator de prevenção para os incômodos da menopausa. “Não existe alimento mais completo que o leite. Faz com que eu durma melhor, sem necessidade de remédios, dá saciedade, reduz o peso e, no meu caso, evita transtornos com a osteoporose, doença comum na minha família", diz a advogada, que consome três copos por dia.

A pediatra Juliana Franco, de 44, nunca foi fã do leite, mas adora os derivados, como queijo e iogurte. Todos os dias, ao voltar para casa, tinha o hábito de comer muito, e revela que sempre brigou com a balança. Agravava a insatisfação o nível de atividades diárias – muito trabalho, aulas, palestras, consultório, três filhos para cuidar. Com ajuda de uma nutricionista, a situação agora é outra. Juliana passou a tomar uma caneca grande de leite todos os dias antes de dormir, e garante que fica mais calma e relaxada.

"Com a dieta, passei a fazer uma salada com um grelhado por volta das 19h e, mais ou menos, às 22h30 o copo de leite é de lei. Fico saciada e bem menos ansiosa, também com o sono melhor, devido à produção da melatonina", diz Juliana. Ela perdeu 9 quilos com a reeducação alimentar, iniciada há três anos. “Nunca tomei antidepressivos ou similares. Resolvi todos os meus problemas com o leite”, comemora.

Suor e nutrientes


“Corro, pedalo, treino e bebo leite” será o tema que vai dar o tom da aula coletiva e funcional a ser ministrada hoje pelo educador físico Márcio Atalla, entre as 10h e as 12h, na Esplanada do Mineirão. A programação foi organizada pelo movimento #BebaMaisLeite, em comemoração ao dia especial. Além da prática de exercícios, Atalla responderá às dúvidas sobre nutrição e consumo de lácteos. Foram disponibilizados 1 mil ingressos, a R$ 10, com direito a um kit com camisa e brindes fornecido pela mineira Itambé Alimentos, um dos maiores laticínios do país. Toda a renda será revertida em doação de leite para creches da capital.

Existe uma onda de nutrição funcional que acaba condenando alguns alimentos, como o leite, segundo o educador físico. "Mas a comunidade científica é contrária a essa orientação”, comenta ele, ao, defender as vantagens dos produtos lácteos. “O leite pode fazer parte da alimentação, sem nenhum problema."

O movimento #BebaMaisLeite surgiu há um ano, iniciativa das veterinárias mineiras Ana Paula Menegatti e Flávia Fontes, que, a partir do momento em que tiveram filhos, se viram confrontadas pela desinformação do público consumidor sobre os laticínios.

Depois de realizar seminários voltados para a maternidade, elas passaram a se relacionar com as mães. “Ficou claro que o leite era pouco utilizado, quase que colocado na berlinda. Estudos provam que, até os seis meses, o bebê deve consumir apenas leite matern; entre seis meses e um ano podem ser introduzidas fórmulas e frutas; e o leite de vaca deve ser incluído a partir de um ano. A recomendação é da Sociedade Brasileira de Pediatria”, afirma Ana Paula. O movimento agrupa um público de 70 mil mães, nas formas de participação presencial e on-line.