Mirtilo se mostra um aliado contra o Alzheimer

Doença deve afetar 115 milhões de pessoas até 2050

por Correio Braziliense 18/03/2016 13:00
Reprodução Internet
Rica em antioxidantes, a fruta é associada ainda à redução de risco cardíaco e disfunção erétil (foto: Reprodução Internet )
Apelidado de “superfruta” pelo potencial de baixar o risco de doença coronariana e câncer, o mirtilo também pode ser uma arma na guerra contra o Alzheimer. Um estudo apresentado no Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química (ACS, sigla em inglês) mostrou mais uma evidência de que esse alimento rico em antioxidantes é capaz de prevenir os efeitos dessa forma de demência que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), deve afetar 115 milhões de indivíduos em 2050.

“Nossas novas descobertas corroboram estudos prévios feitos em animais e testes preliminares com humanos, acrescentando mais suporte à noção de que o mirtilo pode ter um benefício real para o melhoramento da memória e da função cognitiva em alguns idosos”, diz Robert Krikorian, da Universidade de Cincinnati, líder de uma equipe que investigou, na instituição, o potencial da fruta no combate à doença neurodegenerativa.

Ele explicou que os cientistas fizeram dois testes. O primeiro envolveu 47 pessoas com mais de 68 anos, que apresentavam danos cognitivos leves, um fator de risco para o Alzheimer. Durante 16 semanas, elas receberam, diariamente, uma porção de pó extraído do mirtilo desidratado, equivalente a uma xícara de mirtilo, ou a mesma quantidade de placebo. “Houve uma melhora na performance cognitiva e na função cerebral daqueles que receberam o pó de mirtilo, comparado aos que tomaram placebo”, afirma Krikorian. “O grupo do mirtilo demonstrou melhora na memória, no acesso a palavras e conceitos”, diz. A equipe também conduziu exames de ressonância magnética funcional, que mostraram um aumento na atividade cerebral das pessoas que ingeriram as porções.

No segundo estudo, foram incluídas 94 pessoas entre 62 e 80 anos, divididas em quatro grupos. Os participantes não tinham problemas cognitivos objetivos e mensuráveis, mas, subjetivamente, sentiam que sua memória estava declinando. Cada equipe recebeu, respectivamente, pó de mirtilo, óleo de peixe, pó de mirtilo e óleo de peixe, ou placebo. “Os resultados não foram tão robustos como no primeiro estudo”, explica Krikorian. “A cognição foi um tanto melhor naqueles que tomaram o pó de mirtilo ou o óleo de peixe separadamente, mas houve pouca melhora com a memória”, admite. O resultado dos exames de ressonância magnética também não foram reveladores. Segundo o pesquisador, é possível que os efeitos tenham sido mais tímidos nesse caso porque os participantes não tinham problemas cognitivos severos.

A equipe planeja conduzir um estudo sobre o mirtilo com um grupo de pessoas mais jovens, entre 50 e 65 anos. A pesquisa deve incluir pessoas com fatores de risco para o Alzheimer, como obesos, hipertensos ou indivíduos com colesterol alto. O trabalho poderá ajudar os pesquisadores a determinar se a fruta pode prevenir o desencadeamento dos sintomas da doença neurodegenerativa.

Também conhecido como blueberry, o mirtilo é uma fruta pequena, com 1cm de diâmetro e peso entre 1g e 4g. Pouco conhecido no Brasil, onde foi introduzido na década de 1980, é tratado como superalimento por nutricionistas e tem sido estudado pelo potencial de combate a uma grande variedade de doenças. Além da melhora cognitiva descrita por Krikorian, estudos prévios demonstraram que o consumo regular está associado à redução de risco cardíaco, a propriedades antibacterianas e anticancerígenas. Recentemente, pesquisadores constataram que a fruta pode combater a disfunção erétil na meia-idade.