OMS decreta emergência de saúde pública mundial pela epidemia do Ebola

A epidemia de ebola, que já deixou desde o início do ano mais de 1.000 mortos entre os mais de 1.700 supostos casos detectados, é a 'mais importante e mais severa' em quatro décadas, diz diretora-geral da organização, Margaret Chan

por AFP - Agence France-Presse 08/08/2014 09:16

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INAKI GOMEZ / SPANISH DEFENSE MINISTRY / AFP
A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos (foto: INAKI GOMEZ / SPANISH DEFENSE MINISTRY / AFP)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou nesta sexta-feira uma emergência de saúde pública de alcance mundial e convocou a comunidade internacional a se mobilizar contra a epidemia de ebola no oeste da África. O comitê de urgência da OMS, que se reuniu na quarta e quinta-feira em Genebra, "considera de forma unânime que são dadas as condições" para declarar "uma emergência de saúde pública de alcance mundial", declarou a diretora-geral da organização, Margaret Chan.

Diante de uma situação que se agrava, "uma resposta internacional coordenada é essencial para frear e fazer retroceder a propagação internacional do ebola", acrescentou o comitê. A epidemia de ebola, que já deixou desde o início do ano mais de 1.000 mortos entre os mais de 1.700 supostos casos detectados, é a "mais importante e mais severa" em quatro décadas, ressaltou Chan.

A OMS não decretou, no entanto, quarentena nos países afetados - Guiné, Libéria, Serra Leoa e, em menor medida, Nigéria - para não agravar sua situação econômica, mas pediu fortes medidas de controle em seus pontos de saída. Este dispositivo de emergência é o terceiro da OMS depois do decretado em 2009 pela epidemia de gripe aviária na Ásia, e em maio pelo desenvolvimento da poliomielite no Oriente Médio.

A diretora estimou que os países do oeste da África afetados pela epidemia não podem enfrentá-la sozinhos e convocou a comunidade internacional a fornecer o apoio necessário. Embora o comitê tenha excluído impor restrições às viagens ou ao comércio internacional, indicou que os "Estados devem se preparar para detectar e tratar os casos de doentes" e "facilitar a evacuação de seus cidadãos, em particular as equipes médicas, expostas ao ebola".

Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso - pouco provável - de que o vírus alcance o continente europeu, estão preparados para enfrentá-lo. Já o departamento de Estado americano recomendou na quinta-feira que os americanos adiem qualquer viagem não essencial à Libéria devido ao ebola.

Recomendações da OMS

O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência e "se dirigir pessoalmente ao país para fornecer informação sobre a situação". Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.

As pessoas que estão em contato com os doentes - com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção - não devem viajar, indicou Fukuda, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros. O comitê da OMS também recomenda que todos os viajantes procedentes dos países afetados façam um check-up, respondendo a um questionário e medindo a temperatura nos aeroportos, portos e nos principais postos fronteiriços.

Uganda isolou nesta sexta-feira no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados, mas finalmente eles deram negativo. Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.

A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol de 75 anos contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos. Na aeronave que transportou o espanhol também estava a freira guineana com passaporte espanhol Juliana Bohi, que ajudava o missionário. Os exames da freira, que já haviam dado negativo para ebola na Libéria, voltaram a ser feitos e confirmaram a ausência do vírus.

Segundo um boletim médico divulgado nesta sexta-feira pelo hospital La Paz-Carlos III, onde ambos estão internados, ela encontra-se assintomática e com bom estado geral, e repetirá o exame em quatro dias. A religiosa encontra-se isolada em um andar da clínica, separada do missionário espanhol Miguel Pajares, que tem o vírus e também está isolado.

Nos Estados Unidos, onde o alerta de saúde encontra-se em nível máximo, a agência de medicamentos (FDA) levantou parcialmente as restrições sobre um tratamento experimental contra o ebola da empresa canadense Tekmira. O vírus ebola é transmitido por contato direto com sangue, líquidos biológicos ou a pele de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.