Sinais do Alzheimer poderão ser detectados em testes de olfato e de visão

Embora ainda não exista cura para a doença, a expectativa é de que, assim que tratamentos estejam disponíveis, seja possível intervir antes de os primeiros sintomas se manifestarem

por Correio Braziliense 14/07/2014 13:00

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Com estimativas de associações médicas de que os casos de Alzheimer tripliquem até 2050, chegando a 13,8 milhões em todo o mundo, os cientistas buscam novos métodos de identificação precoce da doença. Embora ainda não exista cura, a expectativa é de que, assim que tratamentos estejam disponíveis, seja possível intervir antes de os primeiros sintomas se manifestarem. Diversos estudos apresentados neste domingo na Conferência Internacional das Associações de Alzheimer, em Copenhague, na Dinamarca, indicam que exames de vista e olfato poderão fornecer pistas sobre o desenvolvimento desse mal degenerativo.

Em duas das pesquisas, os cientistas indicaram que o comprometimento da habilidade de identificar odores está associado significativamente com a perda de função das células cerebrais e com a progressão do Alzheimer. Em outro par de estudos, o nível de proteínas beta-amiloides detectadas nos olhos se relacionou com a disseminação dessa substância no cérebro, permitindo aos pesquisadores identificar as pessoas com doença apenas com base nesse marcador. Acredita-se que uma das causas do Alzheimer seja o acúmulo, entre neurônios, de placas de gordura formadas pela proteína beta-amiloide. Elas formam blocos gordurosos que destroem as células muito antes de sintomas como esquecimento e confusão mental surgirem.

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'Há uma necessidade cada vez maior por testes de diagnóstico simples e pouco invasivos que identifiquem o risco da doença muito antes da degeneração' - Heather Snyder, diretora da Associação Internacional de Alzheimer (foto: Divulgação)
“Em face à epidemia mundial crescente de Alzheimer, há uma necessidade cada vez maior por testes de diagnóstico simples e pouco invasivos que identifiquem o risco da doença muito antes da degeneração”, disse Heather Snyder, diretora médico-científica da Associação Internacional de Alzheimer. “Isso é especialmente verdadeiro à medida que pesquisadores investigam tratamentos e formas de prevenção para o começo do curso do Alzheimer”, acrescentou. Ela lembrou que mais pesquisas são necessárias em busca de biomarcadores da doença porque a detecção precoce será essencial quando os primeiros tratamentos estiverem disponíveis.

Biomarcador
Um desses marcadores é o olfato. A equipe do pesquisador Matthew Growdon, da Faculdade de Medicina de Harvard, investigou a associação entre esse sentido, a performance em testes de memória, a perda de células cerebrais e o depósito de placas amiloides em 215 idosos clinicamente saudáveis que participam de um estudo sobre o envelhecimento do cérebro no Hospital Geral de Massachusetts. Depois de fazer uma bateria de testes cognitivos, de avaliar a estrutura do hipocampo (importante região cerebral associada à memória) e de medir a quantidade da proteína no cérebro, Growdon constatou que, quanto menor o hipocampo e o córtex entorrinal, pior é a função olfativa, maior é o depósito beta-amiloide e mais pífio é o desempenho em testes de memória e cognição.

Já um estudo conduzido por Shaun Frost, da Organização da Comunidade de Pesquisa Científica e Industrial da Austrália, encontrou nos olhos um marcador para o Alzheimer. Os participantes tomaram um contraste que se liga às placas beta-amiloide, deixando-as fluorescentes, o que permite sua visualização em um novo exame, chamado imagem amiloide retinal (RAI). Os voluntários passaram por um PET-Scan, que detectou a presença das placas de gordura também no cérebro. O teste preliminar, com 40 pessoas, indicou que o acúmulo dessas proteínas no olho está associado à quantidade anormal da beta-amiloide nas estruturas cerebrais. O estudo completo, incluindo 200 pessoas, deverá ser apresentado até o fim do ano.