Jovem com câncer que arrecadou milhões responde a doadores que se sentiram 'enganados'

Stephen Sutton, de 19 anos, reuniu mais de R$11 milhões para instituição que cuida de jovens com câncer. A melhora do quadro na última semana permitiu que o rapaz fosse para casa, mas doador disse a ele, no twitter, que se sentiu enganado

por Letícia Orlandi 05/05/2014 14:10

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Reprodução / Twitter
'Desculpe desapontá-lo, mas eu ainda tenho câncer e ele ainda é incurável, se é que isso faz com que você se sinta menos enganado' (foto: Reprodução / Twitter)
Stephen Sutton, jovem britânico de 19 anos que arrecadou a impressionante marca de £3,1 milhões, ou seja, R$11,47 milhões, precisou responder neste domingo a um doador que disse “se sentir enganado”. No twitter, o usuário havia dito que muitas pessoas estavam se “sentindo enganadas” pelo fato de Stephen ter usado sua doença para arrecadar fundos, uma vez que ele havia melhorado e saído do hospital. “Desculpe desapontá-lo. Você sabe, eu ainda tenho câncer e ele ainda é incurável, se é que isso faz com que você se sinta menos enganado”, respondeu Sutton. 


Saiba mais sobre a história de Stephen Sutton

 

 

Na última sexta-feira, após passar por momentos em que chegou a fazer uma despedida nas redes sociais, Stephen recebeu alta do Hospital Rainha Elizabeth, em Birmingham. A alta hospitalar, no entanto, não significou a cura ou retirada de todos os tumores do organismo do jovem, que continuará o tratamento em casa. Iniciado no intestino, o câncer de Stephen é considerado pela equipe médica como 'tratável', para dar o máximo de qualidade de vida ao jovem, mas não 'curável'. No dia da alta, Stephen havia recebido a visita de David Cameron, primeiro ministro britânico, que também pediu doações à causa.

Os recursos arrecadados durante a campanha serão direcionados à instituição Teenage Cancer Trust, dedicada a melhorar a vida dos jovens com câncer. A meta inicial era de 'apenas' £1 milhão. A reação ao tweet do 'doador enganado' foi imediata, com centenas de pessoas respondendo ao autor da crítica, cuja conta foi excluída do microblog.

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Stephen recebeu alta hospitalar na última sexta-feira, após receber a visita do primeiro ministro britânico, David Cameron. Mas a doença dele ainda é considerada incurável e um plano está sendo montado para dar mais qualidade de vida ao jovem (foto: Reprodução / Facebook)
Mais tarde, Stephen disse que não esperava tanta repercussão. “Só dei uma resposta rápida, não pensei em nada. Não me sinto afetado por essa mensagem. No mundo todo há pessoas cínicas, é uma pena, mas não vamos ser agressivos por causa disso. Vamos nos concentrar nas pessoas boas”, completou.

Jovens engajados, não enganados
A história de Stephen, assim como a de Malala Yousafzai, a adolescente paquistanesa baleada por defender o direito à educação para as meninas em seu país, são exemplos apontados como prova de uma teoria das ciência sociais: os jovens de hoje estão cada vez mais engajados socialmente. As ferramentas usadas para fazer a diferença é que mudaram.

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Stephen fez uma lista de 'desejos antes de partir'. Entre eles, estava estabelecer o recorde de maior número de pessoas fazendo um coração com as mãos, alcançado neste domingo (foto: Reprodução / Facebook)
De acordo com a pesquisa "Apresentando a Geração Cidadã / Demos", do Serviço Nacional do Cidadão do Reino Unido, os jovens da geração atual não acreditam em políticos ou intermediários, e preferem convocar a colaboração por meio de seu computador ou smartphone. “Chamamos os meninos de 14 a 17 anos de geração C porque são mais conectados que todas as outras gerações, mas também porque são muito mais cidadãos”, destacam os autores do estudo.

A pesquisa apontou que 80% dos jovens entrevistados achavam que sua geração era mais engajada socialmente do que as anteriores. Essa visão era compartilhada por 56% dos professores. Os docentes acreditavam também que os jovens atuais eram 88% mais propensos a se voluntariar por uma causa do que a sua própria geração.

A pesquisa tem sido usada por instituições de caridade no mundo todo para definir estratégias de aproximação junto aos jovens. “A ideia de que as novas gerações são alienadas é injusta e está segurando a onda deles. Os jovens poderiam fazer muito mais”, disse Michael Lynas, diretor do NCS.