saiba mais
Para Luiz Augusto, não se força ninguém a ser campeão. “Um campeão se faz naturalmente. O que a prática oferece é um bom repertório motor, tratado de forma pedagógica: ações de baixo impacto, médio impacto e grande impacto, aliadas a uma filosofia para não estimular a violência e agressividade”, explica. Para ele, as crianças tendem a desenvolver agressividade e competição em determinadas fases, até mesmo para serem aceitos em grupos, nem que seja provocando o medo. “Não podemos oferecer atividades que favorecem a formação de bad boys, líderes de gangues ou de bullying. O menino que, neste ambiente competitivo do MMA, se sentir frustrado por não conseguir derrotar crianças maiores, pode descontar sua raiva nas menores”, alerta o professor.

O professor lembra que o judô também é um esporte de contato, individual. Se o aluno fizer algo errado, a responsabilidade é dele, não há onde se esconder. Mas, por ser um esporte especializado, tem regras muito bem definidas. “Já o MMA não tem regras bem definidas, e essa é uma diferença muito importante. O que vale é nocautear o outro”, destaca o judoca.
Teixeira critica o papel preponderante do dinheiro para alavancar o desejo dos jovens lutadores. Para ele, tudo resume-se a uma tendência de mercado, combinando o potencial e a tendência de agressividade de alguns atletas. “Geralmente são lutadores que não foram grandes campeões em suas lutas de origem. Nos primórdios do Ultimate Fighting, a família Gracie enxergou uma oportunidade para se sobressair, uma vez que a luta de chão ainda não era muito conhecida. Depois que o evento foi vendido para Dana White (empresário e ex-pugilista estadunidense, apontado como responsável pela transformação do vale-tudo em MMA), houve o 'boom'. Estava criada uma nova tendência, que deu oportunidade a esses lutadores”, relata Luiz Augusto.
Veja a galeria de fotos que mostra as disputas de MMA entre crianças norte-americanas e russas
Veja fotos das aulas infantis de MMA no Brasil
Segundo Teixeira, no judô existe uma máxima: o perdedor de hoje pode ser o vencedor de amanhã. Basta treinar. “Como a integridade física dos atletas está preservada, não haverá um trauma severo que o impeça de praticar no dia seguinte. Já no MMA, os tempos de recuperação são de meses, anos. A longo prazo, qual será a consequência disso?”, pergunta o professor.

Para Teixeira, a beleza do esporte está na filosofia, não no golpe. Competir não é mais importante que cooperar. “O momento do atleta é sua trajetória, seu treinamento, sua persistência, lealdade, dedicação, é o abandono de maus hábitos, é o respeito ao professor. Não é o pódio. A beleza do campeão está nessa história, não na performance. Além de professores, os alunos têm que ter mestres. O professor ensina, o mestre inspira. Eu acredito que o treinamento do MMA descaracterizou as artes marciais e jogou uma cortina de fumaça sobre essa inspiração baseada em valores de vida e formação do caráter”, conclui o presidente da Federação Mineira de Judô.
Assista agora a um vídeo sobre os irmãos Ruffo, uma dupla norte-americana treinada pelo pai que é apresentada como o futuro do MMA:
E o video que mostra a luta da garotinha Aalijah Pineda, de 8 anos, considerada a número 1 entre os ‘atletas’ de sua idade nos Estados Unidos: