Berenice Menegale e Eládio Pérez González são homenageados em BH

Pianista e barítono foram agraciados com a medalha da Ordem do Rio Branco em reconhecimento aos serviços prestados à música

por Augusto Guimarães Pio 20/03/2019 19:05

Leandro Couri/EM/D.A.Press
Berenice Menegale e Eládio Pérez González formaram seu duo nos anos 1970 (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

A pianista Berenice Menegale e o barítono Eladio Pérez González serão agraciados na noite desta quarta-feira (20) com a Medalha Ordem do Rio Branco pelos serviços prestados à música. A homenagem foi concebida pelo Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores (Ereminas), em parceria com a Federação de Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

 

A cerimônia está marcada para o auditório do 1º andar do edifício Albano Franco, no Bairro Funcionários. A pianista e o barítono formaram um duo em 1970, durante o 4º Festival de Inverno de Ouro Preto. Desde então, eles vêm se apresentando no Brasil, Europa e América Latina, buscando sempre difundir a música de compositores brasileiros e latino-americanos.


Eládio Pérez conta que foi a partir da criação do duo que os dois passaram a fazer uma série de apresentações pelo país e pelo exterior. “No início, visávamos apenas um determinado repertório de canto e piano, que começou com obras de compositores brasileiros. Mais tarde, este se estendeu também para os compositores de toda a América Latina. Tudo aconteceu naturalmente, pois uma apresentação nossa durante o 4º Festival de Inverno de Ouro Preto, visava, naquele momento, a trabalhar com apenas autores jovens nacionais. A partir dali tivemos a ideia de criar o duo e ampliar o repertório”, lembra o barítono.


“Assim, decidimos criar um outro tipo de programa que já visava a uma abordagem mais ampla do repertório. Na verdade, escolhemos diferentes obras para fazer um recital. Entendo que a nossa tendência é pensar sempre no interesse que cada grupo de obras acrescentará ao programa. Isto porque o público é exigente e tende a manter-se interessado no que acontece no palco. São muitas apresentações ao longo destes anos todos. Certa vez, nos apresentamos em Assunção, no Paraguai, com um programa totalmente dedicado à música de Mozart e depois um outro com música latino-americana. Foi memorável. Lembro também que, pela primeira vez, pude cantar três obras de meu irmão Nicolás Pérez Gonzalez, que havia falecido, em 1991”, conta Eládio.


Ele diz que o duo já está com várias apresentações marcadas para este ano. “A agenda está cheia”, orgulha-se. “Para se ter uma ideia, em 2018, ano de centenário da morte de Claude Debussy, fizemos três apresentações aqui em Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, onde moro, também fiz várias apresentações, acompanhado por piano e orquestra, também homenageando o grande compositor francês. O duo também se apresentou na América Latina e Europa no ano passado”, recorda o músico paraguaio.


Berenice Menegale diz que o duo sempre teve o propósito de divulgar a música brasileira. “Quando o fundamos, em 1970, gostamos da experiência e então decidimos continuar a nos apresentar juntos. Fomos fazendo uma apresentação aqui, outra ali, e houve muito interesse pelo repertório que tínhamos organizado. A partir daí foram aparecendo os convites. Fizemos diversas turnês pelo Brasil e tivemos a oportunidade de sair do país mais tarde, como o apoio de Arnaldo Caiche d'Oliveira, que era funcionário da embaixada do Brasil em Assunção, no Paraguai, e autor desta homenagem que recebemos ontem.”


“Nos cargos em que ele ocupava nas embaixadas, teve a oportunidade de nos programar para apresentarmos em vários lugares. Agora, o nosso trabalho diuturno com o duo é realmente divulgar a música brasileira. O Eládio tem um número enorme de obras que foram dedicadas a ele. Por outro lado, também pede aos compositores que componham e, assim que as músicas estão prontas, as interpreta comigo ao piano. Tenho tocado muita música para piano de autores brasileiros. Tocamos uma quantidade enorme de obras para canto e piano e também fazemos um trabalho de divulgação no Brasil e América Latina”, orgulha-se Berenice.


“Acompanhar Eládio é uma alegria enorme, pois aprendi a tocar com um cantor. Por outro lado, ele também se deu bem com a pianista e passou a trabalhar sempre comigo. E, como ele veio dar aulas na Fundação de Educação Artística, tudo ficou mais fácil, pois pudemos manter o contato e darmos sequência ao projeto do duo”, ressalta a pianista.


Em 2015, Eládio Pérez já havia sido homenageado pela Academia Brasileira de Música, com a Medalha Villa-Lobos, na categoria Intérprete. Berenice Menegale, idealizadora da Fundação de Educação Artística (FEA), recebeu a honraria na categoria Educador. Em dezembro passado, os dois também foram agraciados pela Presidência da República com a insígnia da Ordem do Rio Branco, no grau de Oficial, pelos serviços prestados em diversos países, em prol da divulgação da música brasileira, popular e erudita.
 

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