Marielle inspira letra de novo CD de Edi Rock, dos Racionais MCs

Música faz parte do do álbum solo do cantor previsto para 2019 que terá Marília Mendonça como convidada

por Ângela Faria 22/10/2018 08:50

Leonardo Muniz/divulgação
(foto: Leonardo Muniz/divulgação)

Este ano, o Racionais MCs entrou de férias. Cada integrante foi cuidar de sua carreira individual. Edi Rock prepara o segundo disco solo, Mano Brown percorre o país com a turnê do álbum Boogie Naipe, KL Jay vai lançar Na batida vol.2 em novembro. Todos têm mandado singles para a internet.

Edi Rock acaba de divulgar o clipe Sonhos em construção, com a cantora Simone Brown, falando de suas origens na periferia paulistana. Outro parceiro dele é Alexandre Carlo, da banda de reggae Natiruts. Na romântica e suingada Special, a dupla fala das meninas pretas do Brasil. Ambas fazem parte do álbum solo previsto para 2019.

O novo projeto de Edi vai cantar a liberdade, a vida, “a poesia que não morreu”, conta ele. Direitos humanos, amor e um futuro melhor são temas das letras do disco, que ainda não tem título. Uma das faixas se inspira no legado da vereadora Marielle Franco (1979-2018), assassinada brutalmente no Rio de Janeiro. “Ela defendia a vida, a periferia, os negros”, diz Edi.

Execuções como a de Marielle são recorrentes no país, lembra. “Grupos de extermínio agem com aval e liberdade, e isso só tende a piorar.”

Uma das faixas será Corre, neguinho – samba-rap que terá a participação de Xande de Pilares, fortalecendo a aliança Rio-São Paulo. “Corre, neguinho/ Corre/ Você não morre/ Antes do amanhã/ Na boca do revólver/ Não tem talismã”, diz a letra.

 

 

 



SOFRÊNCIA Outra convidada é Marília Mendonça, a diva do feminejo. Os dois ainda não compuseram a canção, mas Edi adianta: a letra vai falar de perda, dor, despedida. Resumindo, de sofrência.

O próximo clipe de Edi Rock terá como convidado MC Pedrinho, expoente do funk ousadia. O garoto vai cantar rap, adianta o veterano do Racionais. Froid e Cynthia Luz, destaques da nova cena do hip-hop, também dividirão o microfone com ele.

Com 10 a 12 faixas, o álbum celebrará a diversidade. Edi conta que ouve rap, reggae, rock, samba. E está atento à batida do funk, sem preconceito. Ele não teme a rejeição dos fãs do Racionais a tanto ecletismo. “Minha raiz é o rap, mas respiro o Brasil, não posso ignorar o que a gente ouve. Eu faço música”, diz.

Em seu segundo álbum solo, Contra nós ninguém será (2013), Edi celebrou essa liberdade – reggae, samba, R&B, rock e até “sofrência cubana” (na voz de Marina de La Riva) se uniram a seu rap. O outro solo dele é Rapaz comum, EP que saiu em 1999.

GLOBO
O disco do rapper é parceria com a Som Livre. Ele diz ter liberdade total para gravar o que quiser. Indagado sobre a histórica resistência do Racionais à Globo, dona da gravadora, explica que uma coisa é a banda, outra os projetos individuais de seus integrantes.

O rapper lembra que participou de vários programas da emissora, sempre defendendo suas próprias ideias. “Racionais somos nós quatro juntos. Agora, cada um tem o seu corre individual. Mas onde a gente vai, leva a responsabilidade do Racionais.” Explica que escolhe parceiros que lhe permitam ampliar o alcance de seu trabalho.

Aos 47 anos, Edi Rock criou a própria produtora, a Roc 7, para cuidar de sua carreira solo. De acordo com ele, dá para compatibilizar os projetos individuais dos integrantes do Racionais com os compromissos da banda. “Racionais é a minha mãe, mas uma hora a gente tem de sair de casa, né? Todo mundo precisa de ter a sua casa própria”, compara.

Aliás, as férias do quarteto vão acabar em breve. Em 24 de novembro, Edi, Mano Brown, KL Jay e Ice Blue se apresentam no Credicard Hall, em São Paulo, com banda e convidados. Em 2019, a turnê dos 30 anos do Racionais vai percorrer o país. Disco não está previsto, mas singles de inéditas vêm por aí, promete Edi.


SONHOS EM CONSTRUÇÃO
• Edy Rock e Simone Brown
• Som Livre
• Disponível no YouTube

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