Youtuber mineiro faz paródia de clipe polêmico de Nego do Borel; assista

Gabriel Braga lança versão de 'Me solta' e diz que cantor 'não tinha que ter tocado na ferida'

por Débora Anunciação 11/07/2018 17:53
Ricardo Monteiro/Divulgação
(foto: Ricardo Monteiro/Divulgação )
“Ele não tinha que ter tocado nessa ferida, porque é uma ferida nossa.” Esse é o pensamento do youtuber mineiro Gabriel Braga sobre o clipe da música Me solta,  de Nego do Borel, lançado nesta segunda-feira (9/7) e que já conta com mais de 11 milhões de visualizações. Uma das polêmicas do vídeo gira em torno do beijo gay entre o cantor e o modelo Jonathan Dobal. Nas redes sociais, o carioca tem sido acusado de hipocrisia por já ter interagido positivamente com o deputado Jair Bolsonaro no Instagram. Em resposta à produção, o youtuber criou em apenas uma tarde uma paródia. Até a tarde desta quarta-feira (11), o vídeo somava mais de 17 mil visualizações nas plataformas digitais.


Em seu espaço no YouTube, ele é conhecido por tentar fugir da comédia barata e colocar o dedo na ferida, ao abordar temas como gordofobia, racismo e lgbtfobia. “Não uso paródias só como forma de entretenimento. Não é só para ser engraçado. Tenho um público infantil, então também serve para ensinar a eles sobre esses temas. É o que mais gosto de fazer”, afirma. A escolha das músicas e a construção das letras são guiadas pela repercussão pública dos assuntos abordados.

Nas produções do canal, o youtuber de 25 anos encarna diversos personagens. Um deles é Xanaína, que aborda os temas mais sérios. A personagem foi a escolhida para protagonizar a paródia Me solta.

“Tá tentando militar? Mas a bicha preta foi estereotipar.” Nos versos entonados, a afirmação de que o beijo gay é o menor dos problemas. “A questão principal é a objetificação da bicha preta. A bicha preta favelada é a que toma na cara primeiro a homofobia e o preconceito. Ela tá na frente, levando tiro primeiro, é morta todo dia na favela, as estatísticas mostram. Ele usou isso de uma forma estereotipada, como muitos programas de TV já fazem. Isso é o que me deixou mais irritado”, comenta. A falta de representatividade no vídeo também incomoda. “Não tem outras bichas pretas no clipe, só ele atuando pejorativamente como uma”, afirma.

PINK MONEY Existe uma linha tênue entre a promoção da diversidade e a autopromoção às custas de desse público. “Artistas mainstream se promovem falando 'ah a gente ama as gays', mas não fazem nada pela comunidade e depois de polêmicas como essa nem se posicionam, porque sabem que o tiro pode sair pela culatra”, critica Gabriel. O termo pink money descreve o poder de compra da comunidade LGBTQ+, um alerta para a falsa representatividade perpetuada com base no lucro.

Para o youtuber, isso não mudará tão cedo, já que a comunidade LGBTQ tem forte poder para alavancar, ou não, carreiras. “Não é à toa que a Pabllo Vittar estourou, porque para a gente ela tem representatividade. É importante ver uma drag queen chegar onde chegou”, diz.
 
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