Desde que começou a dedilhar os primeiros acordes no piano, bem menina, a pianista venezuelana Gabriela Montero, de 47 anos, já ousava improvisando. "Improvisar está na essência de todo artista; faz parte do processo criativo. Desde Bach, Beethoven, Mozart. Certa vez uma professora chegou a me chamar a atenção para isso. Mas improvisar, além de interpretar, é uma parte fundamental de mim. É a maneira mais natural de me comunicar com o piano. Quando improviso, eu conto minhas histórias mais íntimas e meus sentimentos mais profundos", justifica.

 

Não será diferente com as apresentações que ela fará nesta quinta (5) e sexta (6) a partir das 20h30, na Sala Minas Gerais. Ao lado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Gabriela vai mostrar também seu lado compositora com a peça 'Concerto latino'. "Com certeza vou improvisar no final, mas é surpresa. Nem eu mesmo sei o que vai sair. Nada é planejado; é intuitivo", ressalta.
A primeira obra que compôs é Ex Patria, de 2011, e nasceu na necessidade de Gabriela revelar ao mundo o seu desconforto diante da atual situação política da Venezuela, seu país natal. "Essa peça é um poema sinfônico e também foi feita para piano e orquestra", explica. Já 'Concerto latino' - que será apresentado ao lado da Filarmônica - foi executado pela primeira vez em março de 2016, na Gewandhaus, em Leipzig, na Alemanha, pela Orquestra Sinfônica MDR regida por Kristjan Järvi, tendo a compositora como solista.

 

A pianista e compositora conta que a obra é uma homenagem ao espírito latino-americano e, em especial, às singularidades musicais caribenhas. "Tentei contemplar a diversidade da cultural da América Latina com seus vários ritmos, estilos. A minha obra tem momentos muito virtuosos e alegres, mas também passa por aspectos sombrios justamente porque, apesar da felicidade e da alegria imintentes dos povos latino-americanos, há uma obscuridade por baixo disso tudo", analisa.

Esta será a segunda vez que Gabriela se apresenta com a Orquestra Filarmônica de Minas. A primeira foi em 2016. Na ocasião, ela interpretou o Primeiro Concerto para Piano, do russo Shostakovich (1906-1975). "Foi um encontro maravilhosa na época e tenho certeza de que isso vai se repetir. Tenho um grande respeito pelo trabalho da Filarmônica e do maestro Fabio Mechetti", ressalta.

A Orquestra Filarmônica também vai interpretar duas obras de Alberto Nepomuceno (1864 - 1920): 'Sinfonia em sol menor' e 'Série brasileira'. Ambas integram as gravações que a Filarmônica fará em parceria com o Itamaraty para divulgação internacional de compositores eruditos brasileiros.

Conhecimento (insert)
Na série de palestras sobre obras, compositores e solistas, que a Filarmônica promove antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o público poderá assistir aos comentários da pianista Heloísa Feichas, professora da Escola de Música da UFMG. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.


Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Série Presto
5 de abril (quinta) – 20h30
Série Veloce
6 de abril (sexta) – 20h30
Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090,  Barro Preto)

Ingressos: R$ 44 (Coro) R$ 50 (Balcão Palco) R$ 50 (Mezanino), R$ 68 (Balcão Lateral), R$ 92 (Plateia Central) e R$ 116 (Balcão Principal).

Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.

Ingressos para o setor Coro serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br