Clipe do grupo de rap Negredo protesta contra chacinas em São Paulo

Mano Brown e Ice Blue, integrantes do Racionais MCs, juntam-se ao Negredo no clipe 'Extermínio', que denuncia o massacre de jovens na periferia paulistana

por Ângela Faria 25/10/2015 18:50

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Foco Coletivo/reprodução
Grupo de rap Negredo prepara o disco 'Cash game', que será lançado em 2016 (foto: Foco Coletivo/reprodução)
Vem de São Paulo uma "pedrada" musical para denunciar o extermínio de jovens negros das periferias e favelas em chacinas que têm se tornado habituais na maior cidade brasileira. Extermínio, do grupo paulista Negredo, ganhou clipe dirigido por Rafael Fish. Será uma das faixas do disco Cash game, que será lançado pelos rappers em 2016.

Letra contundente, batida soturna e falas de Mano Brown e Ice Blue, integrantes do Racionais MCs, formam o manifesto antiviolência do Negredo. "Quem matou?/ Quem morreu?/ Quem é?/ Foge do gambé", diz o refrão. A letra também fala da relação entre as chacinas e programas populares de televisão: "A cidade é alerta/ A TV aberta/ Vai Rezende/ Vai Datena/ Passa o pano/ Faz a cena".

Negredo sampleou falas de Mano Brown e Ice Blue em 2012, quando os rappers denunciaram o extermínio de jovens amigos em São Paulo, exigindo providências das autoridades e do então candidato petista a prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), que se elegeu para o cargo. As pessoas são executadas por "parecerem ser", indignou-se Brown, referindo-se a jovens vítimas associadas a desafetos da polícia ou a atividades criminosas.

O rapper do Racionais advertiu também que chacinas são equivocadamente propagandeadas como capazes de trazer segurança à população. "Isso é uma ilusão", afirma Brown. "Existe uma maquiagem que faz com que as pessoas se sintam seguras com essas mortes. Na verdade, estamos perdendo, filhos, sobrinhos, amigos", diz o rapper, enquanto Negredo lista dezenas de nomes de jovens exterminados em São Paulo.

Ice Blue defende o rap como trincheira da cidadania, por devolver o orgulho aos jovens negros de São Paulo. "A partir do momento que sairmos daqui, qualquer um pode tá morto amanhã. Ser manchete de jornal", alertou o rapper.

 

 

 

CHACINA
Só este ano, dezenas de pessoas perderam a vida na periferia paulistana. Em agosto, 19 cidadãos foram executados em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, em um intervalo de aproximadamente três horas. Em setembro, quatro jovens, de 16 a 18 anos, foram rendidos e executados – com o rosto no chão e as mãos atrás da cabeça – em Carapicuíba. Em agosto, contabilizavam-se 108 mortos em 18 chacinas no estado de São Paulo ao longo dos últimos 20 meses.

VIOLÊNCIA
O problema da violência tem amplitude nacional. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrou que, apenas no ano passado, 58.559 pessoas perderam a vida no país, vítimas de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínios e ações policiais. Uma morte a cada nove minutos, em média. É como se fossem executados, em 12 meses, todos os moradores da cidade sul-mineira de Três Pontas.

Em 2014, policiais civis e militares brasileiros mataram 3.022 cidadãos. São Paulo e Rio de Janeiro lideram esse ranking.

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