Espaços roqueiros de BH criam campanhas para sobreviver

Mister Rock, Stonehenge e Matriz recorrem à criação de cerveja, vaquinha eletrônica e delivery de comida para pagar as contas

Augusto Pio 18/08/2020 04:00
ACERVO PESSOAL
Edmundo Correa e Andréa Diniz, do Matriz, lançaram delivery de comida natural (foto: ACERVO PESSOAL)
“Rock and roll can never die”, canta o canadense Neil Young no clássico Hey, hey, my, my. Diante da pandemia, proprietários de casas dedicadas ao gênero em BH lutam para não deixar o rock morrer, como diz o refrão. Lucélio Henrique Silva, dono do Mister Rock Bar, Rodrigo Cunha, proprietário do Stonehenge Rock Bar, e Edmundo Correa e Andrea Diniz, que comandam a Casa Cultural Matriz, buscam novas formas de sobreviver até poderem abrir as portas.

Com capacidade para 350 pessoas, Mister Rock está fechado há 100 dias. “Para tentar amenizar um pouco, criamos a campanha Salve Mister Rock”, conta Lucélio Henrique, que acaba de lançar a cerveja Mister Rock para ajudar a bancar as despesas. “Os primeiros meses foram pesados, pois tive de pagar o aluguel, mas consegui isenção nos dois últimos meses. Porém, IPTU, taxas de licenciamento, luz e água continuam chegando. A campanha foi organizada por pessoas que têm ligação com a casa, seja como cliente ou banda”, revela.

O Stonehenge pode receber 410 pessoas. Rodrigo Cunha diz que não vai fechar as portas. “Inauguramos o Stonehenge Rock Cover, formado por uma hamburgueria e uma pizzaria. Foi a saída que encontramos, não para manter o Stonehenge aberto, mas para não deixar as contas se acumularem”, explica.

O dinheiro vindo da hamburgueria e da pizzaria paga algumas contas. “Se ficássemos resistindo igual a muita gente, que promoveu lives e colocou o pessoal on-line, acredito que perderia dinheiro. Preferi pegar o capital que tínhamos e investir em algo viável”, diz.

A casa cancelou 30 shows de bandas de fora. “Traríamos o Vinny Appice, baterista do Black Sabbath, cuja apresentação seria em 9 de agosto”, informa. O empresário diz que teve prejuízo acima de R$ 100 mil. “Ainda bem que as bandas com shows agendados não cobraram multa contratual, porém as contas de luz, água, funcionários e aluguel não param de chegar”, comenta.

Edmundo Correa e Andréa Diniz, donos da Casa Cultural Matriz, também investiram em outras frentes. Uma delas é um delivery de comida natural. “Depois de conversar com o pessoal da Casa do Jornalista, alugamos um espaço lá e montamos o Casa Mãe, mas isso não cobre nem 15% dos custos do Matriz”, diz Edmundo.

A casa, que pode receber 900 pessoas, lançou também campanha de financiamento coletivo por meio da plataforma Evoé. “Tentaremos arrecadar fundos para segurar as despesas por mais cinco meses. Mais para a frente, veremos como agir”, conta ele. A campanha já arrecadou cerca de R$ 40 mil.

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