Chef francês renuncia estrelas no Guia Michelin por 'menos pressão' e 'mais liberdade'

Apesar disso, Sébastien Bras, do restaurante Le Suquet, garante que o cliente não deverá 'ver diferença'

por AFP 20/09/2017 12:48
Pascal Pavani/AFP
Sébastien Bras herdou o restaurante de seu pai, Michel Bras, há 10 anos. (foto: Pascal Pavani/AFP)
Para ter mais liberdade e menos pressão, o chef francês Sébastien Bras, dono de um restaurante três estrelas no sul da França, quer renunciar a esta distinção de prestígio concedida pelo guia Michelin.

O chef, cujo estabelecimento faz parte do clube muito fechado dos 27 restaurantes três estrelas na França, anunciou nesta quarta-feira, 20, que pediu para não ser incluído no guia vermelho em 2018 ''em total acordo com toda a família''. Seu restaurante Le Suquet, em Laguiole, tem três estrelas desde 1999.

Sébastien Bras, de 46 anos, que assumiu a cozinha após seu pai Michel Bras há dez anos, explica em um comunicado querer ''abrir um novo capítulo em sua vida profissional sem a recompensa do guia vermelho, mas com a mesma paixão por cozinhar. Foi um grande desafio, uma fonte de muita satisfação (...), mas também de grande pressão'', afirmou.

''Nós somos inspecionados duas ou três vezes por ano, e não sabemos quando. Cada prato que sai da cozinha pode ser inspecionado, o que significa que cada dia um dos nossos 500 pratos que sai da cozinha pode ser julgado'', declarou o chefe. ''Talvez eu perca em notoriedade, mas eu aceito isso'', assegura, prometendo que o cliente não deverá ''ver diferença''.

''Hoje, eu quero oferecer o melhor estando fora da competição. Vou me sentir mais livre, sem me perguntar se as minhas criações vão agradar os inspetores do Michelin'', acrescenta Bras.
 
O Guia Michelin recebeu o pedido de Sébastien Bras e afirmou que irá examiná-lo, segundo declarou Claire Dorland-Clauzel, membro do comitê executivo do grupo Michelin, indicando, no entanto, que esta retirada ''não será automática''. Ela ressaltou que ''o Guia Michelin não é feito para os restaurantes, mas para os clientes, e sua independência reside também na atribuição de distinções''.

Antes de Sébastien Bras, outros chefs renunciaram às estrelas. Em 2005, o chef francês Alain Senderens renunciou as suas três estrelas, mas porque havia ''mudado de conceito'', lembra Dorland-Clauzel. Em 2006, Antoine Westermann fez o mesmo, enquanto em 2008, Olivier Roellinger fechou seu restaurante três estrelas em Cancale.

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