Pequenas iniciativas espalham a produção de sorvete por diferentes bairros de BH

Fora do circuito tradicional, ideias diversificam a oferta do gelado

por Eduardo Tristão Girão 04/03/2016 08:00

Laura Fabrini/Divulgação
A chef Talita Viza, proprietária da Alento Sorvetes, vende para restaurantes e outros estabelecimentos (foto: Laura Fabrini/Divulgação)
Você já conhece a fama de patrimônio histórico da São Domingos, esbarra de vez em quando numa unidade da Easy Ice e deve ter pensado em comparar o sabor pistache das sorveterias de estilo italiano abertas recentemente. O universo do sorvete em Belo Horizonte, é claro, não se resume a essas referências e reserva descobertas aos que se dispõem a sair do “caminho da roça”. Além de casas novas e veteranas em diferentes pontos da cidade, há food trucks e sorveteiros independentes.

Começou a rodar semana passada, por exemplo, a Kombi da Marola, um dos food trucks de sorvete da cidade. Ainda sem rotas definidas, em suas paradas oferece cerca de sete sabores, como cocada, abacaxi e chocolate. Entre os mais procurados, estão limão-siciliano e goiabada com mascarpone e alguns levam também iogurte na composição, caso do de frutas vermelhas. O copo sai por R$ 7 (com até dois sabores). “Queríamos abrir alguma coisa, mas os aluguéis são caros e estávamos sem coragem”, diz a proprietária, Júnea Casagrande.

Outra que não conta com loja (nem com food truck, aliás) é Letícia Carvalho, à frente da Letish, cujos sorvetes podem ser encontrados apenas em feiras e eventos. Ela trabalha tanto com sorbets (à base de água e sem leite), quanto com sorvetes (com leite e creme de leite fresco), sendo que os sabores mais vendidos são os de coco queimado, paçoca e queijo com goiabada. “São os que lembram a infância, tipo comida de vó”, teoriza ela. Uma bola custa R$ 5 e há também picolés a partir de R$ 4.

Ela se surpreende com as preferências das crianças que vem atendendo desde dezembro, quando iniciou o negócio: “No último evento, elas preferiam os de fruta, mais azedinhos e com sementinhas, em vez daqueles mais doces”. A propósito, seus produtos não levam gordura hidrogenada, conservantes, aromatizantes nem corantes. A liga neutra que utiliza – produto que facilita obter a consistência cremosa – é feita a partir de fibras vegetais, ou seja, mais natural que muitos dos similares.

Talita Viza, por sua vez, não vai à rua. Os sorvetes que produz sob a marca Alento são vendidos por terceiros em lojas e utilizados por chefs e bartenders de casas como Au Bon Vivant e Expresso 500. Ela também deixa de lado boa parte da química que costuma ser empregada nos gelados (como os aromatizantes) e faz questão de fazer suas próprias bases, como a pasta de pistache: os frutos são torrados e moídos por ela mesma, até obter sabor e consistência apropriados.

A sorveteira começou com o sabor manjericão e desenvolveu outros em função do que os clientes pediam, o que a incentivou a abrir empresa em agosto do ano passado. Hoje, faz de uísque com mel, chocolate belga, baunilha (ela usa a fava), limão-capeta, queijo canastra e chá com especiarias, entre outros. Acabou de lançar o sabor mojito (hortelã, limão, rum e água gasosa) e, para breve, promete os de açaí, hibisco e whey (proteína do soro do leite usada por atletas). Atualmente, são 12 variedades, vendidas a partir de R$ 9,90 (pote de 150ml).

POPULAR O alto preço que o sorvete alcança em Belo Horizonte foi um dos motivos que levaram Marco Antônio Junqueira a abrir a Pinguim Brasil algumas semanas atrás. “Sempre achei a qualidade do sorvete baixa, em geral. E quando é bom, o preço é muito elevado. A ideia na minha loja é fazer um sorvete mais cremoso, tipo italiano, a preço acessível”, resume. De fato, o preço é agressivamente baixo: R$ 39,90 (quilo). Entre os sabores que mantém no freezer, estão os interessantes pequi com coco e baunilha com uísque – o de bolo de cenoura foi criado esta semana.

“Pistache, por exemplo, não tenho porque não conseguiria vender um que fosse bom pelo preço que pratico”, exemplifica Junqueira. O que não significa pouco cuidado na seleção de ingredientes para as receitas, uma vez que o sabor tiramisù leva um pouco de vinho marsala, o de uva é composto por suco integral da fruta e o de baunilha leva uma parte da fava verdadeira da planta e outra de essência, o que ajuda, na visão dele, a equilibrar qualidade e preço.

Outra casa que mantém o preço sob controle é a Zenon, que completará 25 anos mês que vem. Uma sorveteria simples e tradicional, instalada na frente da casa do proprietário, Zenon Barbosa, no Horto. “Cliente da Zona Sul, na hora de pagar, fala que está errado por achar barato. A bola sai por R$ 2,20. Na região em que estamos, não cabe cobrar caro”, diz ele. Com ajuda das duas filhas, produz e atende a freguesia, que chega principalmente em busca do sabor framboesa. Vale provar os de amendoim e pequi, feitos sem aromatizantes ou saborizantes.

Marcos Vieira/EM/D.A Press
No quiosque Rozlatto, no Boulevard Shopping, os sorvetes são feitos na chapa resfriada a 30 graus negativos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
OUTRAS VERTENTES
Uma das novidades mais curiosas é o sorvete da Rozlatto, quiosque inaugurado no fim do ano passado no shopping Boulevard. Sobre chapa de metal mantida a 30 graus negativos, uma mistura de leite e fórmula em pó é manipulada com espátula até chegar a uma consistência cremosa, em menos de um minuto. “Esse conceito existe na Tailândia, mas lá o sorvete é feito com água e frutas, tipo raspadinha”, diz Kleuber Leann, um dos proprietários. São 11 sabores e o copo custa a partir de R$ 8. A Ice Creamy, na Savassi, tem processo parecido, embora o sorvete, já pronto, seja apenas misturado a complementos sobre uma pedra congelada.

Na linha italiana, as casas mais recentes são Giuseppe, no Cruzeiro, e Gusto Mio, na Cidade Nova, ambas com produção diária e inauguradas em janeiro. Na primeira, que tem copos a partir de R$ 10, um dos sabores que se destacam é o de abacaxi com gengibre e manjericão, entre 20 disponíveis. Já na segunda, os mais pedidos são pistache (outro feito com pasta própria) e o que leva o nome do lugar, à base de chocolate, nozes, doce de leite e pedaços de brownie (feito por amiga). Lá, o copo mais barato custa R$ 8.

ONDE IR

>> ALENTO

Os sorvetes estão à venda nas lojas Ponto Natural e Organik e, em Contagem, na Casa Pimentel e Emporium Boi & Roça. São usados também pelos restaurantes Olga Nur, Au Bon Vivant, Expresso 500 e Rústico. Informações: www.facebook.com/alentosorvetes

>> GIUSEPPE

Avenida Afonso Pena, 4.174, Cruzeiro. (31) 2127-4073. Aberto diariamente, das 11h às 22h

>> GUSTO MIO
Rua Doutor José da Silva Martins, 295, Cidade Nova. (31) 98581-4315 Aberto de terça a domingo, das 12h às 20h30

>> ICE CREAMY
Avenida Cristóvão Colombo, 50, Funcionários. (31) 3657-6046. Aberto de segunda a sábado, das 11h às 22h; domingo, das 13h às 21h.

>> LETISH
Participa da feira Mercado Charme Chic, no Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim), aos terceiros domingos de cada mês e estará na feira Mercado das Artes no Conservatório UFMG (Rua Guajajaras, 100, Centro) nos dias 10 e 11 do mês que vem. Informações: www.facebook.com/letishsorvetesartesanais

>> MAROLA
Os pontos de parada do food truck são divulgados nos perfis da marca no Facebook (/marolagelato) e Instagram (@marolagelato)

>> PINGUIM BRASIL  
Avenida Brasil, 1.122,
Funcionários. (31) 98965-9307. Aberto de segunda a sexta, das 8h às 21h; sábado e domingo, das 12h às 20h  

>> Rozlatto
Avenida dos Andradas, 3.000, 2º piso (em frente à TokStok), Boulevard Shopping,Santa Efigênia. Aberto diariamente, das 10h às 22h. Informações: www.rozlatto.com

>> Zenon
Rua São Marcos, 771, Horto.
(31) 3481-3740 e (31) 98895-2852. Aberto de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado e domingo, das 10h às 21h

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