Brasil terá representante no Festival de Cannes

País estará representado no festival pelo longa Casa de antiguidades

Estado de Minas 04/06/2020 07:42
Eduardo Carvalho/divulgação
Antonio Pitanga enfrenta o racismo em Casa de antiguidades, primeiro longa do diretor paulista João Paulo Miranda (foto: Eduardo Carvalho/divulgação)
O Brasil terá seu representante no Festival de Cannes, um dos mais importantes do cinema mundial. Estrelado por Antônio Pitanga, Casa de antiguidades faz parte da lista oficial do festival francês, ao lado de longas dirigidos por Wes Anderson, Steve McQueen e François Ozon

O aguardado The french dispatch, do americano Wes Anderson, The summer of 85, do francês François Ozon, e dois filmes do diretor britânico vencedor do Oscar Steve McQueen (Mangrove e Lover's rock) fazem parte da seleção oficial do Festival de Cannes, divulgada na quarta-feira.

A lista tem 56 filmes. Tradicionalmente realizado em maio, o evento foi cancelado devido à pandemia do novo coronavírus. Não haverá premiação, mas os selecionados vão se beneficiar do “selo de qualidade” conferido pelo evento.

O Brasil está presente com Casa de antiguidades, primeiro longa-metragem do diretor João Paulo Miranda. Protagonizado por Antônio Pitanga, o filme retrata a vida de um trabalhador negro e o racismo em uma comunidade fictícia, no Sul do país, reduto de colonos austríacos.

Desenvolvido em uma residência do Festival de Cannes, o roteiro aborda a polarização política no Brasil. O filme foi rodado em Treze Tílias, cidade catarinense onde Jair Bolsonaro venceu as eleições para a Presidência da República com larga margem de votos.

Pitanga faz o papel de Cristovam, trabalhador de uma fábrica de laticínios. Louros e de ascendência europeia, os colegas falam alemão e caçoam dele, que se refugia numa casa abandonada, onde, acredita, existem vínculos com sua ancestralidade.

Em 2016, o curta A moça que dançou com o diabo, também dirigido por Miranda, deu ao paulista o prêmio especial do júri no evento francês.

“A seleção mostra que o cinema ainda está vivo. E esteve  vivo durante o confinamento”, declarou o diretor-geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux. O anúncio, transmitido no Canal+, foi feito por Frémaux e Pierre Lescure, presidente do festival.

“Os cineastas não baixaram os braços, pois nos enviaram 2.067 produções, um recorde. Com eles trabalhando, o mínimo que poderíamos fazer era receber esses trabalhos, ver os filmes”, disse Frémaux. “Tivemos de encontrar outras formas. Para nós, nunca foi uma questão dizer adeus a todos, até o próximo ano”, completou.

O festival cumpriu a promessa de incluir mais filmes de estreantes e de diretoras. “A presença de mulheres cineastas é uma evolução que estamos observando nos últimos anos. Isso demonstra, em número e valor, a contribuição artística e humana delas ao cinema contemporâneo”, afirmou Frémaux.

Este ano, 26,7% da seleção é formada por estreantes (15 títulos) e 28,5% por produções comandadas por mulheres (16 longas). Em 2019, foram 14 filmes com direção feminina. A lista traz a japonesa Naomi Kawase e as francesas Maïwenn e Caroline Vignal, entre outras cineastas.

As obras não foram divididas por categorias. Algumas delas serão exibidas em outros eventos, como os festivais de Toronto, no Canadá, e de Veneza, na Itália, previstos para o segundo semestre.
American Empirical Pictures/divulgaçÃo
Bill Murray em The french dispatch, novo filme do americano Wes Anderson (foto: American Empirical Pictures/divulgaçÃo)

NA LISTA

>> French dispatch, de Wes Anderson
>> Lover’s rock, de Steve McQueen
>> Mangrove, de Steve McQueen
>> The summer of 85, de François Ozon
>> True mothers, de Naomi Kawase
>> Last words, de Jonathan Nossiter
>> Des hommes, de Lucas Belveaux
>> Druk, de Thomas Vinterg
>> Heaven, de Hong Sang-soo
>> Ammonite, de Francis Lee
>> Peninsula, de Sang-ho Yeon
>> ADN, de Maïwen
>> 9 days at Raqqa, de Xavier de Lauzanne
>> Cévennes, de Caroline Vignal
>> Février, de Kamen Kalev
>> Soul, de Pete Docter
>> Casa de antiguidades, 
de João Paulo Miranda
>> Truffle hunters, de Gregory Kershaw e Michael Dweck
>> Si le vent tombe, de Nora Martirosyan
>> On the way to the billion, 
de Dieudo Hamadi
>> Un triomphe, de Emmanuel Courcol

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